OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

MAIS AÇÕES, MENOS PALAVRAS

798 Campo Florido Fotos - Fotos de Stock Gratuitas e Fotos Royalty ..."'Ações, não palavras' é uma frase usada pelos Adeptos que enfatiza a importância de vivermos de acordo com o que acreditamos e compreendemos. Há uma tendência geral de ficarmos satisfeitos com a compreensão teórica de verdades espirituais, ao mesmo tempo em que deixamos de nos comportar conforme essa compreensão. É fácil fazer um estudo intelectual da vida espiritual, mas o esforço para se viver essa vida exige determinação, perseverança, coragem e sacrifício. O modo mais fácil é substituir as ações por palavras; porém, sem as ações o caminho espiritual não pode ser trilhado.

Como afirma o prefácio do livro Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica), 'olhar para o alimento e dizer que é bom não satisfará o faminto; ele deve estender a mão e comer. Assim, ouvir as palavras do mestre não basta; você deve fazer o que ele diz, atendendo a cada palavra, assimilando cada sugestão.' É essencial fazer exatamente o que é dito, e não adaptar as exigências para satisfazer sua própria conveniência, as exigências do sociedade ou a opinião de vizinhos.

As qualificações para trilhar o caminho espiritual são enunciadas desde os tempos antigos. Não pode haver dúvida a respeito das exigências fundamentais. Contudo, as pessoas perguntam como obter a libertação; atingir a iluminação e juntar-se à grande fraternidade de Seres Perfeitos, em vez de perguntarem a si mesmas: o que eu fiz para satisfazer as exigências do caminho? Será que minha vida é vivida de modo a gradualmente construir as qualidades necessárias? Os conselhos estão sendo seriamente seguidos? Todo esforço possível está sendo feito?

No Nobre Caminho Óctuplo delineado por Buda, um dos pontos é o Reto Esforço. Porém, geralmente o esforço para mudar as próprias atitudes, reações e pensamentos é o último em prioridade; as pessoas dizem que ele é difícil, enquanto gastam uma enorme energia em busca de um sucesso que durará pouco ou de posses que não beneficiarão ninguém. No entanto, por meio de uma observação imparcial, podemos compreender que o esforço é natural - portanto, não é difícil. É a falta de seriedade e de convicção que faz o esforço para produzir mudanças internas parecer difícil.

A natureza do esforço necessário para trilhar o caminho espiritual não implica abrir mão de nossas ocupações regulares. Para começar, é enquanto essas ocupações são realizadas que devemos observar o que acontece no interior da mente. Portanto, externamente a vida não muda; a pessoa não precisa se afastar da família e dos amigos, desistir da profissão ou se tornar uma reclusa. Há estágios nesse caminho em que eventualmente algumas dessas coisas podem acontecer, mas a pessoa não precisa temer que sua vida vire de cabeça para baixo. A vida deve continuar, mas com os olhos atentos para observar os pensamentos e as ações que surgem nas diferentes circunstâncias. 

A prática do discernimento na vida diária é uma das ações mais importantes do estudante esotérico. Sem ela, os livros, as ideias e as mais belas palavras não significam uma real preparação. Fala-se a respeito de uma nova era, um novo milênio e outras coisas novas, mas a novidade só surgirá realmente quando, por meio do discernimento, aprendermos a filtrar nossos pensamentos e motivações e a libertar nossa mente de seu antigo e inútil conteúdo."

(Radha Burnier - Mais ações, menos palavras - Revista Sophia, Ano 14, nº 62 - p. 13)


quinta-feira, 27 de junho de 2019

OPÇÃO

"Na vida chamada 'normal', isto é, na vida mundana aderimos a muitas coisas, muitos hábitos, muitos valores que nos agradam, mas, como tudo acaba, com eles também acaba nossa alegria.

Começo bom.

Amargo fim.

Na vida espiritual é exatamente o oposto. A gente começa fazendo esforço e mesmo, em algumas horas, sacrifícios, mas, aos poucos, vamos nos transformando e encontrando a 'paz que não cessa nunca'.

O começo é árduo.

Mas o fim é feliz.

Ensina-me, Senhor, a fazer a opção correta."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 73/74)


quarta-feira, 21 de março de 2018

A VERDADE ETERNA, A META DA IOGA (PARTE FINAL)

"(...) Aqueles que são conhecidos como adeptos renunciam este desaparecimento na forma última para tornarem-se a Hierarquia Oculta deste planeta, desde o Senhor do mundo, passando pelos Mahatmas de todos os Graus, até os Asekhas. Eles fazem esta grande Renúncia em prol de todas as outras Mônadas-Egos em evolução e de outros seres. Isto capacita a Hierarquia em Sua preocupação compassiva e envolvê-los e a 'preservá-los' através da 'noite escura', o Gethsemane do Esquema Planetário que começou nesta Quarta Ronda. 

Ninguém abaixo do nível destes Seres pode estimar a natureza do sacrifício ou a amplitude e a extensão do serviço Deles. Ainda que estes grandes e gloriosos Seres tenham, por assim dizer, atrasado a Autoidentificação com a Verdade última, no entanto, Eles são iluminados por sua Luz e assim capazes de percepção perfeita e vislumbre infalível em todos os princípios e processos da Natureza, desde o físico até os níveis espirituais mais altos.

Admitimos, porém, que este conceito é altamente abstrato, além do alcance e mesmo do interesse da maioria das pessoas. Porém, deveria ser mantido na consciência do discípulo devotado como sua meta durante o desempenho da ioga ao longo de toda a sua vida. A consideração desta meta para a percepção da unidade de toda a vida interior como a meta, e sua aplicação a todas as ações e todos os relacionamentos como o ideal, deveria-se lembrar da meta última, que é a Verdade eterna e sem fim. 

Em circunstâncias normais, a ideia de cada pessoa sobre sua meta espiritual e, em grande parte o resultado do seu Raio.¹⁶ Os homens são obrigados pelas restrições da automanifestação a expressar seus Raios, daí os sete ideais principais dos sete temperamentos humanos: poder, sabedoria, compreensão, beleza, conhecimento e a capacidade para saber, devoção ou consciência de causa e ordem. É correto que cada pessoa em sua aspiração humana e autoexpressão deverá ser levada em direção ao Raio, mas além de todos os Raios está a Unidade ou existência unitária em que todos os objetivos são sintetizados e transcendidos. É esta Existência Una ou Verdade celestial que será finalmente procurada e encontrada.

Ao meditar, a pessoa é aconselhada a seguir sua inclinação natural e procurar um resultado natural, em particular a realização da unidade, lembrando-se porém que uma realização ainda maior aguarda, chama e pode ser alcançada na meditação. Ainda que isto possa estar além da conceituação e da expressão no momento, não será sempre assim. Para ajudar na formulação desta ideia, a pessoa pode proveitosamente pensar sobre a existência da Verdade como estando por trás e além de todas as verdades: o Princípio abstrato sem forma que não pode ter nome e, no entanto, é a síntese de todas as ideias verdadeiras em todos os tempos."

¹⁶ Os Sete Raios ou temperamentos humanos.

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 30/31)


domingo, 21 de janeiro de 2018

O CAMINHO DA VONTADE (1ª PARTE)

"O Caminho da Vontade é de longe o mais árduo de todos. Aquele que o palmilhará deve invocar em seu auxílio todas as forças de seu ser e concentrá-las em um único ponto, uma única direção. Esta direção é, para ele, a onipotência, tal é a meta. O homem da vontade deve usar os poderes de sua natureza como um general usa seu exército; deve descartar qualquer fraqueza e trocá-la por força; deve reforçar todos os pontos nas paredes que guardam a cidadela de sua divindade; deve cuidadosamente preparar sua armadura e suas armas, pois não deve falhar na batalha. Assim, o essencial é que passe suas forças em revista. Sentado em seu carro - um grande cavalo de guerra de brancura imaculada, simbolizando a verdade, rodeado de seus capitães, ele faz uma esplêndida imagem, completamente arnesado, seu estandarte flutuando na brisa, de uma elevação passa as tropas em revista; ele examina sua disposição e todos os apetrechos necessários para a guerra que decidirá o destino do reino que ele está para governar.

Primeiramente ele averigúa seus recursos físicos e analisa suas forças e fraquezas. Cada célula de seu corpo é para ele um soldado que deve cumprir o dever da obediência; cada órgão é um regimento, e cada membro uma brigada; as fibras de seus nervos são mensageiros que ele, cabeça e coração, emprega para dirigir as manobras e operações das forças sob seu comando. Seu corpo deve ser saudável, forte, viril, sensível, educado e refinado, e todos os instintos que assinalam sua origem animal devem ser transmutados em poderes, usados conscientemente pela mente e pela vontade. O corpo deve ser impedido de ter quaisquer iniciativas, exceto aquelas cabíveis a um exército bem treinado no que se refere aos detalhes e às emergências que podem surgir durante o cumprimento das ordens do comandante-chefe. À parte disto, o corpo deve ser meramente um instrumento com suas forças completamente controladas, e deve render estrita obediência à vontade que lhe dá vida.

O mesmo no que tange aos sentimentos e pensamentos; estas divisões da armada devem ser igualmente controladas e treinadas, e deve direcioná-las para o único objetivo, que é o cumprimento de seu destino. Ele deve aprender a reconhecer um obstáculo como uma oportunidade, a ver no fracasso de hoje o sucesso de amanhã, a acolher resistências como amigos que testam e intensificam seus poderes; auxiliado pelos obstáculos, falhas e resistências, ele deve marchar em direção à meta em que seus olhos se fixaram. Se se desvia, é apenas para corrigir um erro, para compartilhar sua força com os demais, para estudar as razões de sua queda ou de seu sucesso.

Assim como o soldado deve encontrar o perigo, o sofrimento e a morte, assim o homem da vontade, no decurso de sua vida, encontrará seu caminho cheio de desastres. Ele deve aprender a conhecer tanto o horror como a glória da guerra; seu horror é a crueldade física e a morte que lhe é inseparável; sua glória é a regeneração espiritual oriunda de seu heroísmo, autossacrifício e coragem. (...)" 

(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

CLAREZA DE VISÃO (PARTE FINAL)

"(...) A noção do eu pessoal se desenrolando implica o fato de que estamos normalmente num estado de autoproteção que não nos permite 'desistir do eu pelo não eu', para usar as palavras de A Voz do Silêncio. Para não ter que abrir mão do eu, o ser humano se comporta como uma cobra, que ataca quando provocada e que se sente mais confortável quando está dormitando, enroscada em si mesma. Porém, quando a serpente se desenrola e sua superfície fica plenamente exposta ao ambiente, ela também pode corporificar a sabedoria. Ken Wilber observa que, quando nos percebemos aqui e agora, basicamente sentimos 'uma diminuta tensão ou contração interior, uma sensação de agarrar, desejar, cobiçar, evitar, resistir - é uma sensação de esforço, de busca'. Em sua forma mais elevada, essa sensação assume a forma da 'grande busca pelo espírito'. O paradoxo é que o espírito não está em lugar algum. A sabedoria perene fala do 'espírito como matéria'; portanto, tudo que percebemos no mundo é uma solidificação do espírito. Não reconhecemos isso pelo que é, nem reconhecemos plenamente a nós mesmos pelo que somos - espírito ou ego.

Parece que é necessário um nível de sacrifício pessoal para que o eu se desenrole, mas não é saudável levar isso a extremos. É bom ter em mente o ensinamento budista do Caminho do Meio. Madhava Ashish sabiamente afirmou que 'somos mais completos e perfeitos quando estamos despertos tanto para a fonte não diferenciada do nosso ser quanto para sua manifestação diferenciada'.

Não devemos, por exemplo, doar tanto de nós mesmos e de nossos pertences que não possamos mais agir de maneira eficaz. Blavatsky deu uma indicação disso quando escreveu que 'o autossacrifício tem que ser feito com discriminação; tal autorrenúncia, se for feita sem justiça, ou às cegas, sem consideração para com os resultados subsequentes, pode frequentemente se tornar não apenas inútil como nociva. Uma das regras fundamentais da Teosofia é a justiça para consigo mesmo - visto como uma unidade de coletividade humana, não como uma autojustiça pessoal, nem mais e nem menos do que para com os outros.' (A Chave para a Teosofia)"

(Linda Oliveira - Os artistas do destino - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 15/16)


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

UM IDEAL SUBLIME

"Este ideal presta-se ao escárnio, ao riso, ou à zombaria? Se ele for apenas um sonho, então é o sonho mais nobre que a humanidade já teve; o mais completo dos autossacrifícios e o mais inspirador dos ideais. Para alguns ele constitui um fato, um fato mais real do que a própria vida. Mas, para aqueles que não o consideram como um fato, ele pode ser um ideal; um ideal de autossacrifício, de conhecimento e de amor. Que tais Homens existem, alguns de nós já o sabemos. Contudo, ainda que vocês não acreditem neles, não há nada no ideal que não seja nobre e que não possa elevá-los ao pensar nele, aproximando-os cada vez mais da luz. 

O cristão possui o mesmo ideal em relação a seu Cristo, o budista, o mesmo ideal em relação a seu Buda. Todas as crenças possuem o mesmo ideal em relação ao Homem a quem consideram Divino. E nós somos testemunho de todas as religiões, afirmando que suas crenças são verdadeiras e não falsas, que seus Mestres são uma realidade e não um sonho, pois o Mestre constitui a concretização da esperança que há no discípulo, a concretização do ideal que exaltamos. E, para alguns de nós que sabemos de sua existência, estes Mestres Divinos são uma inspiração diária. Só podemos entrar em contato com eles na medida em que lutamos por purificar-nos. Só podemos aprender mais na medida em que exercitamos aquilo que eles já ensinaram. Assim, se a princípio falei a respeito da teoria, depois, sobre o passado histórico, mais tarde sobre o testemunho que lhes apresentamos no presente e, finalmente, sobre os passos que todos poderão dar, se assim o desejarem, foi com o único objetivo de resgatar o ideal do ridículo a que foi exposto, da lama que lhe foi atirada e da disputa provocada em torno dele. 

Censurem-nos, se assim o desejarem, mas não toquem nesse nobre ideal da perfeição humana. Riam de nós, se o desejarem, mas não riam do Homem Perfeito, do Homem que se tornou Deus, em quem, afinal, a maioria de vocês acredita. Vocês, que são cristãos, não sejam desleais com sua própria religião, considerando seu Cristo, como muitos de vocês o fazem, como um mero objeto de fé ao invés de uma realidade a ser vivida. E lembrem-se, qualquer que seja o nome, o ideal é o mesmo, qualquer que seja o título, o pensamento que lhe subjaz é idêntico. 

Aquilo que vocês pensam é aquilo que desenvolvem; gradualmente suas vidas se transformam segundo seus ideais, pois o pensamento possui um poder de transformação tal, que se os seus ideais forem materiais suas vidas serão materiais, e se os seus ideais forem insignificantes, suas vidas também serão insignificantes. Por isso, adotem aquele ideal e pensem a respeito, e sua pureza penetrará em suas vidas; vocês tornar-se-ão homens e mulheres mais nobres, pois ele se converte num objeto de seu pensamento e o pensamento os transforma exatamente à sua imagem. Não há dúvida de que os homens convertem-se naquilo que adoram e naquilo que pensam. Este ideal do Homem Perfeito encerra em si a esperança do futuro da raça humana. Por esse motivo, eu sugiro-o hoje a vocês e lhes aponto o Caminho pelo qual ele poderá transformar-se de um ideal numa realidade viva, de uma esperança, num Mestre vivo. Assim, o sublime ideal de aspiração passará a ser o Amigo e o Mestre a quem poderão entregar suas vidas." 

(Annie Besant - Os Mestres - p. 29/30


quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A CONQUISTA DA LIBERDADE (PARTE FINAL)

"(...) A vida é regida por certas leis. Quando sabemos o que fazer em uma circunstância, estamos livres da influência dela sobre nós. O poder da mente é maior que o poder dos desejos, das emoções e até mesmo das ideias. Entretanto, nós deixamos esse poder de lado, porque é difícil usá-lo; assim, nos tornamos cativos dos desejos, das emoções e ideias.

Ao entender que o poder da mente é maior que o de seu veículo, sairemos da batalha vitoriosos. As ideias são limitações da mente, tão limitadoras da liberdade quanto as emoções e os desejos. Por isso, devemos sempre lembrar que tudo o que tem forma é uma limitação que deve ser vencida, se quisermos ser livres. 

Podemos observar isso na natureza o tempo todo. Uma forma de vida perece para que outra possa viver. O sacrifício da flor pelo bem de sua semente é uma ato belo. A rosa teve o seu apogeu; suas pétalas ainda exalam perfume - uma retribuição à toda a natureza, em uma alegre oferenda de sua essência. No interior da semente reside a réplica de sua 'mãe', ou seja, o potencial da planta futura.

O mesmo se dá com a destruição do desejo. Cada desejo destruído deveria deixar como 'filho' um desejo maior e mais bonito, até que por fim compreendamos que o desejo de união com toda a natureza é o único que, longe de limitar os nossos poderes, torna-os universais. Em outras palavras, apenas no entendimento universal e no amor universal pode haver liberdade, porque a vida e o seu propósito são, por fim, compreendidos. Somente então a vida do mundo vibra através de nós, e nós nos unimos com a essência de todas as coisas.

O que podemos fazer para atingir esse estágio? Em primeiro lugar, parar de tentar atingir qualquer coisa. Tentar atingir implica um desejo de obter. A vida espiritual é doação, não obtenção. No tempo devido, temos que abrir mão até mesmo da nossa vontade individual para nos tornarmos unos com o desejo coletivo da natureza - no sentido em que ajudamos a natureza e trabalhos com suas leis."

(A Conquista da Liberdade - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 24)


sábado, 7 de outubro de 2017

O SACRIFÍCIO

"A Teosofia considera o sacrifício individual pelo bem de muitos como muito superior à abnegação por uma ideia sectária, como por exemplo a de 'salvar os pagãos da condenação'.

Em nossa opinião o Padre Damião (aquele jovem de trinta anos que sacrificou sua vida inteira para aliviar os sofrimentos dos leprosos de Molokai e que viveu durante dezoito anos sozinho com eles, sendo atacado pelo mal e morrendo) não se sacrificou inutilmente. Aliviou e proporcionou uma relativa felicidade a milhares de pobres desgraçados. Consolou-os mental e fisicamente, derramou um raio de luz na tenebrosa noite terrível de uma existência, cuja amargura não é comparável a nenhuma outra nos anais do sofrimento humano. Era um verdadeiro teósofo e sua memória viverá eternamente em nós. Consideramos esse pobre sacerdote belga incomensuravelmente mais elevado que, por exemplo, aqueles sinceros, porém insensatos e inúteis missionários que sacrificaram suas vidas nas ilhas dos mares do Sul ou na China. Que bem lograram fazer? Nas primeiras lidavam com seres ainda inaptos para a recepção de qualquer verdade e no segundo caso, tratava-se de uma nação cujos princípios de filosofia religiosa são tão elevados como quaisquer outros, se quisessem, aqueles que os possuem, seguir o modelo de Confúcio e outros sábios de sua raça. Morreram vítimas de canibais e de selvagens, ou do fanatismo e ódio populares; enquanto que se tivessem ido aos tugúrios de Whitechapel ou outra daquelas localidades que param e apodrecem sob o brilhante sol de nossa civilização, cheias de selvagens cristãos e de lepra mental, teriam podido executar um verdadeiro bem e ter conservado sua vida para uma causa melhor e mais digna.

Se dispuséssemos de meios para tanto, erigiríamos uma estátua do padre Damião, santo verdadeiro e prático, perpetuaríamos sua memória para sempre como exemplo vivo de heroísmo teosófico, de compaixão e autossacrifício budista e cristão...

Porém uma distinção deve ser estabelecida. Nenhum homem tem direito de deixar-se morrer de fome para que outro possa alimentar-se, a não ser que a vida deste último seja, de maneira evidente, de maior utilidade aos outros do que a sua. Porém é seu dever sacrificar seu próprio bem-estar e trabalhar pelos demais se estes são incapazes de fazê-lo. É seu dever dar tudo quanto tenha, completamente, se não tem serventia a ninguém além de si mesmo, no caso de guardá-lo egoisticamente. A Teosofia ensina a abnegação, porém não o autossacrifício impulsivo e inútil, nem justifica o fanatismo."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 84/86)


sexta-feira, 12 de maio de 2017

A MIRAGEM DO GRAAL

"A procura do Santo Graal é uma das mais famosas histórias do Ocidente. Conhecida como 'a jornada da busca', essa peregrinação é um importante símbolo místico, que representa o esforço da mente humana em sua busca por Deus. Mas um símbolo é apenas um indicador, um sinal que pode levar ao sagrado ou santificado; como tal, ainda está aberto a interpretações individuais.

A lenda do Graal foi, muito provavelmente, inspirada pelas mitologias celta e clássica. O Graal ou cálice é apenas um entre muitos exemplos de recipientes, como chifres e caldeirões mágicos, capazes de restaurar a vida. No mito celta, a taça ou caldeirão devolvia a vida, provia saúde, sustento e coragem. Essas qualidades estavam ligadas à natureza e ao ciclo das estações do ano, com suas características de regeneração e fertilidade; faziam parte de um modo simples de vida.

Durante o século XIII, quando a religião cristã substituiu grande parte dos ensinamentos pagãos, um significado espiritual novo e mais austero foi dado ao tema do Graal. Ele passou a representar a cura, a totalidade e acima de tudo a pureza através do sacrifício. Se a busca pelo Graal simboliza nossa própria busca por iluminação, isso faz sentido. Certamente a iluminação trará a cura e o completo senso de unidade com a fonte da vida, onde não há mais separação.

A interpretação cristã da busca fez também surgir um novo herói, o cavaleiro Parcifal. Ele personaliza o fato de que somente um homem de coração puro e inocente poderia encontrar o Graal. Por causa do sacrifício de Cristo por toda a humanidade, o cálice que continha o Seu sangue tornou-se o mais poderoso símbolo de pureza e de transformação para os cristãos. Jesus estabeleceu o exemplo do homem perfeito; desse modo, o Graal passou a representar o objetivo último daqueles que estão na senda espiritual.

O significado do Graal, portanto, mudou da fertilidade e da fartura dos pagãos para a renúncia e o serviço que a vida de Cristo representou. Para os cristãos, ele passou a representar o desenvolvimento espiritual por meio de longas e árduas provações, sacrifícios e sofrimento."

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 11/12)


quarta-feira, 12 de abril de 2017

RUMO À TRANSFORMAÇÃO (1ª PARTE)

"As transformações no nosso conceito do divino são como uma viagem de um horizonte a outro, uma jornada que sempre nos leva além. Dionísio, o Aeropagita, afirmou: 'É mais apropriado louvá-lo retirando do que atribuindo, pois imputamos-lhe atributos quando partimos dos universais e descemos através do intermediário até os particulares. Mas aqui retiramos-lhe todas as coisas subindo dos particulares para os universais, para que possamos conhecer abertamente o incognoscível, que está oculto no interior e sob todas as coisas que podem ser conhecidas. E observamos essas trevas além da manifestação, ocultas sob toda luz natural' (A Filosofia Perene, A. Huxley).

Helena Blavatsky chama aquilo que está além da luz e das trevas de As Grandes Trevas. Lemos em Luz no Caminho: 'Aferra-te àquilo que não tem substância nem existência./Ouve apenas a voz que não tem som./Considera apenas aquilo que é invisível/tanto para o sentimento interno quanto para o externo.'

Essa é a mais elevada forma de devoção. O caminho das negações livra-nos de todas as limitações e leva à transformação. Ele implica também a negação de nós mesmos, como nos conhecemos atualmente. Só desistindo do menor é que o maior pode emergir. Desistamos de nós mesmos como somos agora. Isso significa sacrifício - uma palavra da qual muitas pessoas não gostam, porque a associam a sofrimento. Mas somente nesse sacrifício há felicidade.

Aqueles que trilham o caminho da sabedoria descobrem isso. Eles desistem dos conceitos menores e superficiais. Somente então surgem os conceitos maiores, mais profundos, que, no final das contas, levam ao sem forma. (...)"

(Mary Anderson - Para alcançar um novo dia - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 30)
www.revistasophia.com.br


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

TENTAÇÃO

"Se você se encontra tentado para um vício, ou seja, para iniciar-se em bebidas alcoólicas, jogo de azar, cigarro, tóxico, perversão erótica, roubo e coisas assim, saiba que está numa terrível encruzilhada.

De um lado, o caminho largo da autogratificação, do gozo, da irresponsabilidade, da facilidade inicial... Do outro, o caminho estreito, do autocontrole, da disciplina, da purificação, da elevação, da sublimação...

O caminho largo, efetivamente, é muito mais sedutor. Mas não ceda. Ele conduz às 'trevas exteriores, ao choro e ranger de dentes', isto é, à doença, à miséria, à escravidão, à loucura, ao inferno.

O caminho estreito é desafiador, difícil, exigindo esforço e abnegação, sacrifício e retidão. Mas conduz à liberdade, à saúde, à força, à paz, à salvação.

É você quem deve decidir. É você também aquele que vai ser esmagado ou glorificado. Assuma a responsabilidade, e faltando coragem, recorra a Deus. Opte: dor ou felicidade.

Assume, Senhor, minhas opções e fortalece-me para que eu vença e avance pelo estreito caminho da redenção."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, rio de Janeiro, 1995 - p. 125/126)


terça-feira, 5 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (2ª PARTE)

"(...) A primeira forma de vencer o vício é não permitir que nasça. A segunda é impedir que cresça. A terceira é a erradicação progressiva e inteligente.

Evitar que a semente daninha caia em seu quintal é a mais eficiente maneira de não precisar arrancar a frondosa árvore depois. Um vício se forma aos poucos, seguindo estágios.

O primeiro cigarro que se fuma, com certo desprazer, é o início de um processo que poderá vir a tomar conta da vítima. O meninote acendeu seu primeiro cigarro, por força da sugestão dos de sua idade e também porque o cigarro representava para ele a masculinidade que, ainda imaturo, deseja ter. O início de um vício é quase sempre destituído de prazer e, especialmente no caso do cigarro e do álcool, chega até a ser desagradável. Constitui mesmo um sacrifício necessário àquele que deseja 'se mesmificar', ficando igual aos outros.

A segunda fase surge quando, imperceptivelmente, o desagrado vai cedendo e já não há sacrifício. Aquilo que era mal recebido pelo organismo, por ser antinatural, começa a ser aceito. Podemos dizer que o fumo ou o álcool, nessa fase, nem dá prazer nem desprazer. São neutros. Ainda aqui é simples cortar o processamento.

Está-se entrando na terceira fase quando já se fuma ou bebe com certo gosto. Agora mais forte vão se tornando as correntes, e o indivíduo começa a capitular de sua condição de agente livre, de ser humano dono de si mesmo.

A quarta fase é aquela na qual o organismo, já condicionado, só se sente normal quando á atendido em suas necessidades do agente condicionante. Daí por diante, também o psiquismo só se acalma depois que o viciado cumpre o 'ritual'. Está a árvore daninha dominando a área. O viciado, embora se sentindo covarde e desgraçado, embora sabendo que está minando o corpo e a alma, não tem como resistir às imposições da necessidade de aplacar seu psiquismo e seu corpo sedentos do objeto do vício: seja o copo, o cigarro, o sexo ou o barbitúrico. É a fase da dependência orgânica e psíquica. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 218/219)
www.record.com.br


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A EXPERIÊNCIA DE DEUS (2ª PARTE)

"(...) A união com Deus deve ser experienciada, não apenas imaginada. Quando o homem desperta do sonho da existência fenomenal, consegue entrar nesse estado supremo. Então, muito embora habite o corpo físico, ele passa a viver como alguém à parte. É isso que todos os grandes instrutores da humanidade quiseram dizer quando nos pediram para viver no mundo, mas não ser do mundo.

A marca de um homem assim - que vive no mundo, mas não é do mundo - é o amor, a simpatia, o serviço altruísta e o sacrifício. Sua vida se torna um rio de amor, sempre pleno, sempre fluindo. Ele verte o amor de seu coração sobre todos e dissemina a luz do amor aonde quer que vá. Assim como o sol que brilha sobre bons e maus, assim como o rio que não nega sua água a ninguém, também ele compartilha, generosamente, o amor de seu coração com todos. Para ele, doar amor é viver; negar amor é murchar e morrer.

O amor não é amor se não flui igualmente para todos - ricos e pobres, cultos e incultos, jovens e velhos, amigos e inimigos, ladrões, criminosos, jogadores, bêbados, pecadores. No verdadeiro amor não existe senso de separação.

Nas mentes de Mahatma Gandhi e de muitos outros grandes seres, não havia sentimento de separação entre seus próprios corpos e os de outras pessoas. Os corpos são apenas as muitas residências do espírito uno. É isso que dá aos seres iluminados um senso de identificação com o sofrimento dos pobres e dos desvalidos, dos nossos irmãos animais e plantas, todos tendo neles o alento da vida. (...)"

(J.P. Vaswani - A experiência de Deus - Revista Sophia, Ano 13, nª 56 - Ed. Teosófica - p. 43)

sábado, 17 de outubro de 2015

NÃO SE APAIXONE PELO MUNDO

"Durma dentro do mosquiteiro, e os insetos não o incomodarão. Assim, também, não deixe que os insetos de kama, krodha¹ etc. o ameacem. Guarde-se dentro da cortina do sadhana (disciplina) enquanto permanecer neste mundo. Esteja dentro do mundo, mas não permita que o mundo esteja dentro de você. Este é um sinal de discernimento (viveka).

Viva, mas viva uma vez só, e tão eficientemente que nasça a não ser uma vez.² Não se apaixone pelo mundo, tanto que a fascinação por ele exercida o arraste cada vez mais a este ilusório amálgama de prazer e pesar. Sem que você recue um pouco, escapando ao envolvimento com o mundo, devido a saber que tudo é uma peça cujo diretor é Deus, está em perigo de vir a ser muito intimamente envolvido. Use o mundo como um campo de treinamento para o sacrifício, para o serviço, para a expansão do coração e para a purificação das emoções. É este o único valor que o mundo tem."

¹ Os seis inimigos do homem são: kama (luxúria); krodha (ira, ódio); lobha (avareza, ambição); moha (apego); mada (arrogância); e matsarya (inveja ou ciúme).
² Entendo esta lição como um alerta a todos que, tendo certeza de que voltarão a encarnar, isto é, a ter outras existências/aprendizado, negligenciam o esforço evolutivo na presente vida. Mesque que acreditemos na reencarnação, é sábio vivermos como se tomássemos a atual encarnação como a única, para não mais precisarmos ser alunos na escola da vida. 

(Sathy Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 50)


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

DESFRUTE O QUE LHE É DESIGNADO

"Os virtuosos que comem os restos do sacrifício estão livres de todos os pecados, mas os ímpios que preparam o alimento para seu próprio benefício - verdadeiramente comem pecado. 

Comer os restos do sacrifício, isso é que de fato está indicado na expressão tena tyaktena bhunjitha, desfrutar aquilo que nos cabe, aquilo que foi separado para nós. Por que cobiçamos a riqueza de outro? É porque não descobrimos nossos próprios tesouros. Essa descoberta é possível somente quando vemos o Repouso Infinito no Movimento Infinito. Quando o Movimento é separado do Repouso, torna-se um mal monstruoso, resultando na frustração do vir-a-ser.

Aceitar o que é dado não é um evangelho de passividade. É realmente a base da verdadeira felicidade e ponto de partida para a correta ação. Na Aceitação descobrimos o repouso Infinito. Quando o Movimento Infinito, que é o processo do vir-a-ser, está enraizado no Repouso Infinito, então todo o movimento está pleno de significado e felicidade. No Repouso Infinito descobrimos a Qualidade de nosso próprio Ser, a Qualidade de Atman que é idêntica à Qualidade de Brahman.

A aceitação daquilo que nos é designado também não é um evangelho da procrastinação. Muitas vezes uma pessoa adota uma atitude em que diz que deve aceitar o seu destino na esperança de que o futuro lhe traga felizes novidades. Isso não é aceitação de modo algum, é submissão, e, também, com ressentimento interior. Aceitar o que é dado, aquilo que está separado para nós, é comprometer-se com a correta Percepção. Muitas vezes o homem recusa receber aquilo que lhe é dado porque não vê o que é. Quando percebemos acertadamente, então vemos na coisa dada a qualidade da Verdade, Beleza e Felicidade, a qualidade do Próprio Brahman. Aceitar o que é dado é transformar a coisa em uma janela da qual olhamos para a beleza da própria vida. A experiência da felicidade vem com a própria percepção. E, portanto, a ação que emana dessa percepção está enraizada na felicidade. Esse é o motivo pelo qual o verso de abertura do Upanixade Ishavasya diz: 'Desfrute o que lhe é designado' - ele não diz - 'Suporte o que lhe é dado.' Aceitar o que é dado é perceber a Qualidade de nosso próprio Ser. O processo de vir-a-ser que emerge dessa percepção é naturalmente livre dos elementos da tristeza e frustração."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 20
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sábado, 13 de junho de 2015

CONTROLE TEUS SENTIMENTOS

"Você deve sacrificar, não o carneiro balindo ou um cavalo, ou uma vaca, mas sua própria animalidade - a luxúria e a ambição, o ódio e a malignidade bestiais. Sacrifique tudo isto, e o céu de paz imperturbável será seu. Matar um carneiro (sheep) é um truque barato (cheap) que não aproveitará a ninguém. O que lhe é solicitado é que mate o carneiro que tem dentro de você - o animal covarde que se diverte dentro da massa e que acompanha a fúria cega e violenta do rebanho. 

Os desejos que se grudam à mente são os responsáveis pelas manchas na interna consciência do homem. Controle seus sentimentos (a sensualidade). Não se submeta a suas insistentes demandas em prol de serem gratificados. Quando um cadáver é colocado sobre uma pira, e depois esta é acesa, tanto o cadáver quanto a pira serão reduzidos a cinza. Assim também, quando nos negamos à sensualidade, a mente também é aniquilada. Quando a mente desaparece, morre a ilusão, e assim a libertação acontece."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p.155)


sábado, 28 de março de 2015

DESTINO E LIVRE-ARBÍTRIO

"Os Senhores do Carma dão, por assim dizer, os utensílios, a oficina, para o operário trabalhar.

A qualidade dos utensílios, a natureza da oficina, a maior ou menor facilidade, portanto, que ele terá para fazer o trabalho, não dependem diretamente dele (indiretamente sim, porque são consequências de vidas passadas) - é o Destino - como vulgarmente se fala. 

Mas, dele dependerá a produção.

Poderá dedicar-se, esmerar-se e apresentar, no final, uma obra proveitosa e bela; mas poderá não fazer coisa alguma ou expor um trabalho inestético ou inútil.

Aí está o livre-arbítrio.

No momento da concepção, os Senhores do Carma dispõem do Ego, que leva em si, latentes, qualidades e defeitos resultantes de vidas passadas.

O corpo físico é então construído com os materiais fornecidos pelos progenitores; tudo é arranjado, pelos Senhores do Carma, de maneira a afastar-se qualquer anomalia.

E o ajuste se faz de tal forma, que o indivíduo terá forças para suportar todas as adversidades que lhe possam sobrevir, por motivo do Carma.

No entanto, durante uma vida terrena, podem-se dar desajustamentos no Carma, provocados pelo próprio indivíduo, ou por outros.

Um homem que, por grande esforço de vontade, se dedica a uma vida de sacrifícios e abnegação, cria forte reserva de bom carma.

Inversamente, outro que descamba para o mal, por si ou por influência alheia, está preparando para si terrível vida futura."

(Alberto Lyra  – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 66/67)
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quinta-feira, 29 de maio de 2014

A OBRIGAÇÃO PRIMÁRIA DO HOMEM

"É obrigação de cada ser humano olhar cuidadosamente para dentro de si e ver a si mesmo como de fato é, sem poupar sacrifícios no sentido de aprimorar seu corpo, sua mente e sua alma. Ele deveria perceber os danos acarretados pela injustiça, pela perversidade, pela vaidade e por coisas do tipo, e fazer o melhor para combatê-las.

O estado do homem é de provação. Durante esse período ele é testado por forças do mal e também pelas do bem. Ele é constantemente uma presa fácil para tentações, e precisa provar sua coragem resistindo a cada uma delas. Ele não é um guerreiro que combate inimigos imaginários; é incapaz de levantar seu dedo contra inúmeros inimigos que habitam seu próprio ser e, o que é pior, os confunde com amigos.

Não cabe ao homem desenvolver todas as suas faculdades até a perfeição. Sua obrigação é aprimorar todas as suas capacidades que o levam pelo caminho de Deus rumo à perfeição, suprimindo completamente aquelas cujas tendências sejam contrárias.

Sendo uma criatura imperfeita, é inerente ao ser humano buscar continuamente a perfeição. Todavia, em sua tentativa, ele se perde em devaneios e, assim como uma criança que tenta se levantar, cai repetidas vezes e finalmente aprende a caminhar. O homem, mesmo com toda a sua Inteligência, é apenas um infante comparado ao Deus infinito e eterno.

Nosso objetivo sempre se afasta de nós. Quanto maior o progresso, maior o reconhecimento do nosso próprio desmerecimento. A satisfação está no esforço, não na conquista. Esforço completo significa vitória completa."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.36)


quarta-feira, 28 de maio de 2014

VERDADE E AMOR

"Verdade e amor são lados de uma mesma moeda e, embora sejam as únicas coisas pelas quais valha a pena viver, ambos são muito difíceis de colocar em prática. Uma pessoa não pode ser verdadeira se não amar todas as criaturas feitas por Deus. Verdade e amor são, portanto, o sacrifício completo. Sem verdade não há amor. Sem verdade pode até haver afeição, como, por exemplo, por um país ou pela dor alheia; pode também existir paixão, como a de um homem por uma mulher. (...) O amor transcende toda a animalidade e nunca é parcial.

 Cientistas afirmam que sem a presença de uma força coesiva entre os átomos que formam o nosso globo, este se partiria em pedaços e nós deixaríamos de existir; e assim como existe uma força coesiva nessa substância oculta, o mesmo prevalece em todos os seres animados. O nome dessa força coalescente entre os seres animados é amor. Notamos sua existência entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs, entre amigos, mas precisamos aprender a usá-la entre todas as criaturas vivas. Em seu uso consiste nosso conhecimento de Deus."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p. 47)

segunda-feira, 3 de março de 2014

SACRIFÍCIO

"O UNO sacrificou-se
e se fez múltiplo

O SER sacrificou-se
e virou simples aparência

A ESSÊNCIA sacrificou-se
e produziu a existência.

O INFINITO sacrificou-se
e ficou preso
nas malhas do tempo,
no cativeiro das causas,
nos limites do espaço.

O VERBO se fez carne
e eis eu

É hora de sacrificar
o que tenho, faço, penso, sinto, aspiro e suponho que sou.

Só o sacrifício do eu
Integrando-me ao UNO,
Libertará da carne o VERBO,
E me reconduzirá
a SER."

(Hermógenes - Viver em Deus - Editora Nova Era, Rio de Janeiro, 2007 - p. 174/175)