"Quais são as zonas da memória que o controlam? Em que andar do 'grande edifício' do seu passado o seu elevador ficou emperrado ou sem luz? Precisamos ir até esses andares. Entretanto, temos de saber que não há regressão pura ao passado, só há o resgate do passado através do 'eu' do presente, que representa a consciência que tem de si e do mundo.
Mesmo que esteja num estado pré-consciente, você leva parte da cultura do presente e da habilidade do seu 'eu' no encontro com as zonas da sua história, do seu passado remoto.
Quanto tomamos o 'elevador' e retornamos ao passado, não fazemos regressão pura como alguns pensam. Retornamos com consciência do presente e, desse modo, o reinterpretamos. Se essa reinterpretação for bem feita, reeditamos esse passado.
Não é possível anular o 'eu' e a consciência, a não ser pela hipnose, que é uma técnica pouco eficiente para estruturar o 'eu'. Quando o 'eu' é consciente e lúcido, embora tenha várias dificuldades, pode abrir as janelas da memória que contenham zonas de tensão e reescrevê-las. Assim, deixamos de ser vítimas de nossa história.
Uma boa técnica para reescrever a memória não é só querer penetrar na colcha de retalhos da nossa história, mas atuar nas janelas que se abrem espontaneamente no dia-a-dia. Da próxima vez que você ficar tenso, irritado, intransigente, frustrado, faça um 'stop introspectivo': pare e pense. Não se decepcione com você. Saiba que você abriu algumas janelas doentias e agora terá uma excelente oportunidade para reeditá-las. Assim, pouco a pouco, você estará livre para pensar e sentir.
Não há liberdade, mesmo nas sociedades democráticas, se o homem não é livre por dentro de si mesmo. O grande paradoxo das sociedades politicamente democráticas é que o homem é livre para expressar seus pensamentos, mas frequentemente vive num cárcere intelectual. Livre por fora, mas prisioneiro por dentro..."
Augusto Cury, O Mestre do Amor, Academia Inteligência, São Paulo, 2002, p. 39/40.
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