OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 17 de setembro de 2024

NA DIREÇÃO DAS ESTRELAS

"Somos uma Estrela e ao mesmo tempo 'temos' uma estrela que nos acompanha em nossa peregrinação. Um dia retornaremos a ela e seremos um.

Outras estrelas já são seres iluminados. Aqueles que alcançaram a Perfeição determinada para este ciclo de manifestação.

Somos estrelas em miniatura, vibrando na Mente de Deus, trazendo, cada um de nós, a porção de brilho que nos coube trazer para compor a grande luz que constitui a abóbada celeste.

E luz é para estar acesa.

Veja que belas estas palavras da escritora Marianne Wiliamson:

'Você é filho de Deus. Viver de modo pequeno não serve ao mundo. Não há nada de iluminado em se esconder para que as pessoas se sintam inseguras ao seu redor. Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças. Nascemos para tornar manifesta a glória de Deus que está dentro de nós. Quando deixamos a nossa luz brilhar, inconscientemente damos permissão aos outros para fazerem o mesmo. No momento em que nos libertamos do nosso próprio medo, a nossa presença liberta automaticamente outras pessoas.'

Somos seres em peregrinação, certos de que chegaremos ao nosso destino. Fazemos parte de uma grande caravana, uns ajudando os outros a fim de tornar o fardo mais leve.

Que possamos prosseguir nossa caminhada na direção do propósito para o qual nascemos!

Vamos!"

Fernando Mansur, Escrita Divina, Edição do Autor, 2017, p. 149.
Imagem: Pinterest.




quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

AS DISTRAÇÕES DA SOCIEDADE MODERNA QUE NOS AFASTAM DA VERDADEIRA FELICIDADE

"O termo tibetano para designar corpo é , que significa 'algo que você deixa para trás', como bagagem. Cada vez que dizemos 'lü', isto nos lembra que somos apenas viajantes, temporariamente abrigados nesta vida e neste corpo. Assim, no Tibete as pessoas não se distraíam muito gastando o tempo que tinham em tentar tornar mais confortáveis suas circunstâncias externas. Elas estavam satisfeitas se tivessem o bastante para comer, roupas sobre o corpo e um teto sobre suas cabeças. Continuar pensando obsessivamente em melhorar as próprias condições, como fazemos no Ocidente, pode tornar-se um fim em si mesmo e uma distração sem sentido. (...)

Às vezes penso que a maior aquisição da cultura moderna é sua brilhante promoção do samsara e suas estéreis distrações. A sociedade moderna me parece uma celebração de todas as coisas que nos afastam da verdade, fazendo difícil viver para ela e desencorajando as pessoas até mesmo de acreditar que ela existe. E pensar que tudo isso brota de uma civilização que alega adorar a vida, mas de fato a priva de qualquer significado real; que fala sem parar sobre fazer as pessoas 'felizes', mas de fato impede seu caminho para a fonte da verdadeira felicidade.

Esse samsara moderno alimenta-se de ansiedade e depressão que ele próprio fomenta, e para as quais nos treina e cuidadosamente nutre com um mecanismo de consumo que precisa manter-nos ávidos para continuar funcionando. O samsara é altamente organizado, versátil e sofisticado. Investe sobre nós de todos os lados com sua propaganda, criando à nossa volta uma cultura de dependência quase inexpugnável. Quanto mais tentamos escapar, mais nos sentimos enredar nas armadilhas que ele tão engenhosamente nos prepara. Como dizia no século XVIII o mestre tibetano Jikmé Lingpa: 'Hipnotizados pela mera variedades de percepções, os seres vagam infinitamente perdidos no círculo vicioso do samsara'.

Obcecados, então, por falsas esperanças, sonhos e ambições que nos prometem a felicidade mas conduzem somente à miséria, somos como forasteiros rastejando num deserto sem fim, morrendo de sede. E tudo que essa samsara nos oferece para beber é um copo d'água salgada, com o propósito de deixar-nos ainda mais sedentos."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 40/41)


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

PEREGRINOS NO CAMINHO

Resultado de imagem para peregrino no caminho"'Dá  luz e conforto ao cansado peregrino, e procura aquele que sabe ainda menos do que tu.' Com estas palavras A Voz do Silêncio instrui o aprendiz na senda espiritual a agir positivamente em auxílio de seus irmãos e irmãs. Todos somos peregrinos, movendo-nos consciente ou inconscientemente rumo à meta da vida unificada. Mas aos poucos, aqueles que estão despertos para o seu próprio desenvolvimento e o da humanidade, nesta peregrinação, têm tanto o privilégio quanto a responsabilidade da obediência a uma regra mais exigente. 

'Dá luz...'  Para consegui-lo, devemos ter luz para dar. A Tradição-Sabedoria afirma que a luz está no interior, seu brilho aguardando apenas a remoção dos obscurecedores véus da ignorância e do egoísmo. Como eles são dissolvidos lentamente pelo conhecimento e o aumento do altruísmo, a luz começa a se mostrar na ação compassiva, num vivo interesse nas crenças, necessidades e interesses dos outros, no compartilhamento de nossos modestos insights quanto a verdade. 

'Se tu sabes, é teu dever ajudar outros a saberem.' Mas ouve-se a reclamação: não sei o suficiente. Aqui está um daqueles termos incompletos ignorado pelo especialista em lógica por ser destituído de significado genuíno. Suficiente para quê? A instrução diz: 'Procura aquele que sabe ainda menos do que tu', e, para isso, não há quem não saiba o suficiente. 

A vontade de ajudar, de aprender para ajudar, o amor que libera a vontade, tudo isso nos permite dar nossa pequena luz àqueles que têm ainda menos. Estamos cercados de pessoas que não compreendem o propósito da vida, a grande lei que leva à retidão, a oportunidade perene e a certeza da realização última, o significado da imortalidade e o fenômeno recorrente do nascimento e da morte. Mas nós devemos estudar para compreender essas coisas, se quisermos ajudar os outros a também compreender.

'...e conforto...'  Uma lanterna em frente aos olhos traz uma luz dolorosa. Em vez de mostrar o caminho, ela impossibilita vê-lo. A mesma luz, projetada e direcionada para a senda à frente, parece muito menos clara, mas permite um avanço firme. O mesmo se dá com a luz da Tradição-Sabedoria. Lançada imprudentemente no rosto do peregrino que ainda está tateando no caminho rumo à verdade, torna-se um motivo de tropeços e um obstáculo ao progresso.

Acompanhando a insistência sobre o dever de compartilhar o conhecimento, o estudante teosófico encontra forte oposição ao proselitismo ou qualquer tentativa para controlar os pensamentos dos outros pela alegação de autoridade. A luz deve ser oferecida, não imposta, e deve ser modificada a tal ponto que auxilie o viajente ao longo de seu próprio caminho. Oferecer-lhe a luz que seus olhos podem ver exige que o pretenso ajudante penetre compreensivamente a experiência do outro, busque compreender suas necessidades e o tipo de inspiração à qual ele consegue responder. Paulo, em sua sabedoiria, tornou-se todas as coisas para todos os homens, para que eles pudessem encontrar, em seus próprios caminhos, em seus próprios eus, a luz que ilumina cada homem."

(Ianthe Hoskins - Peregrino no caminho - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 9)


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O DISCIPULADO E A LEI

"Antes de encontrar o Primeiro Portal, o peregrino, com alma sedenta e mente desconcertada, exasperadamente procura algo que valha a pena ser amado, que valha a pena servir.

Defronta-se com a Imutável Esfinge do Mistério. Compreende que não encontrará nenhuma ajuda fora de si mesmo. Consegue entender a Lei de desvinculação e, contudo, a sua personalidade mortal ainda anela simpatia e compreensão. 

A crueldade da vida, a incerteza da hora da morte, continuam projetando sombras sobre sua Senda. Para dissolvê-las, terá que deixar de olhar para trás.

A parte mais penosa do seu caminho é ver que, justamente aqueles aos quais procurou servir, não compreendem seu trabalho. Rebelam-se contra ele, condenando e destruindo tudo aquilo que procura fazer com tanto esforço.

Aquele que passou o Primeiro Portal deve aprender a estender a taça da compaixão a todos que dela necessitam, recusando um só gole para si, permanecendo sedento até que algum companheiro, percebendo a sua sede, também lhe dê de beber.

A mesma Lei que impede o instrutor espiritual de se defender, obriga o discípulo a resguardar tudo aquilo que seu Mestre representa e a defendê-Lo contra qualquer agressão. O discípulo que não reagir em defesa de seu Mestre, não deverá ficar surpreso ao encontrar fechado o Portal do Conhecimento.

O discípulo se eleva e decai junto com seu Mestre e, uma vez tendo-O reconhecido, não pode repudiá-Lo.

O homem que quer perceber o Divino, primeiramente precisa apagar de si a própria imagem.

Entre dez mil homens, nenhum reconheceria um Mestre que estivesse em sua companhia.

Os homens costumam dizer: 'Se os Iniciados existem, por que não vivem entre nós?' Não se apercebem de que a vida que levam impossibilitaria a um Iniciado permanecer entre eles.

Quando o homem purificar seus vários conceitos, criados pela personalidade inferior, convencer-se-á, por si mesmo, da existência da Loja dos Mestres.

Antes de falar sobre as obrigações para com a sociedade, a religião, a ciência e o trabalho, é preciso não esquecer o simples dever fraterno – do som da voz, do toque da mão – para com seu irmão ou sua irmã."

(K. Barkel - Cruz, Estrela e Coroa, Ensinamento de Whitehawk - Universalismo - p. 6/7)


sexta-feira, 23 de junho de 2017

PURIFICAÇÃO (3ª PARTE)

"(...) Depois desse momentâneo relancear de olhos, nunca mais aquele peregrino será o mesmo, porque embora apenas por um instante, compreendeu quais eram a meta e a finalidade. Viu o ápice rumo ao qual está galgando, e viu também o caminho íngreme, mas muito mais curto, que sobe diretamente do flanco da montanha até o lugar onde o templo resplandece. Compreende, naquele momento, que a estrada tem um nome - 'serviço' - e que os que enveredam pelo caminho mais curto devem entrar através de uma porta, onde as palavras 'Serviço do Homem' estão brilhando com letras douradas. A Alma compreende que, antes de poder alcançar pelo menos o Pátio Externo do Templo, deve passar através daquela porta e compreender que a vida é feita para o serviço e não para a autoprocura, que a única maneira de subir mais rapidamente é fazê-lo por amor dos retardatários, a fim de que o auxílio mais eficaz, vindo do Templo, possa ser enviado ao encontra dos que vêm subindo, o que de outra forma não seria possível. 

Essa visão não passou de um vislumbre fugaz, foi apenas um rápido olhar ziguezagueante, porque os olhos foram colhidos por um único dos raios de luz dimanados do alto da montanha. Há tantas coisas atraentes dispersas ao longo daquela estrada em espiral, que o relancear dos olhos da Alma facilmente se deixa atrair para elas. Mas, uma vez recebida aquele cintilação, existe a possibilidade de a alma obtê-la de novo, com maior facilidade. Quando a meta procurada, o dever e o poder do serviço lograram essa momentânea e imaginativa compreensão da Alma permanece ali o desejo de trilhar uma senda mais curta e encontrar o caminho que leve diretamente, pelo flanco da montanha, ao Pátio Externo do Templo.

Após aquela primeira visão, a Alma é visitada amiúde pelos raios de luz, cujo brilho vai se tornando cada vez mais intenso. Vemos que essas Almas, que apenas por um momento reconheceram que há um escopo, um propósito na vida, começaram a subir com maior resolução do que suas semelhantes. Embora ainda estejam dando voltas em torno da montanha, observamos que começam a agir com maior firmeza no que se refere às virtudes, e que se dedicam com maior persistência ao que reconhecemos como religião, essa religião que se esforça por ensinar-lhes como podem subir, e como o Templo pode finalmente ser alcançado. (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo 1995 - p. 11/13)


quarta-feira, 21 de junho de 2017

PURIFICAÇÃO (1ª PARTE)

"Se nos fosse possível colocar-nos, em pensamento, num centro do espaço, do qual pudéssemos ver o curso da evolução, e estudar a história da nossa cadeia de mundos, tal como podem ser vistos pela imaginação mais do que pelo aspecto que apresentam, poderíamos interpretar o todo num quadro. Vejo uma grande montanha situada no espaço, com um caminho que vai girando em torno dela até atingir seu ápice. As voltas que esse caminho dá são sete, e em cada volta há sete estações onde os peregrinos ficam durante algum tempo. Dentro dessas estações eles têm de subir, volta por volta. Quando traçamos o caminho que sobe por aquela trilha em espiral, vemos que ele termina no topo da montanha, e leva a um majestoso Templo, como que feito de mármore, de uma brancura radiante, e que ali se ergue, cintilando contra o azul etéreo.

Esse Templo é a meta da peregrinação, e os que estão no seu interior terminaram o seu percurso - no que se refere à montanha - e ali permanecem apenas para auxiliar os que ainda estão subindo. Se observarmos o Templo mais atentamente, constataremos, ao tentar ver a sua construção, que ele tem, ao centro, um Santo dos Santos. Em torno desse centro estão os quatro Pátios, circundando o Santo dos Santos como círculos concêntricos. Todos estão dentro do Templo.

Uma parede separa cada Pátio do que lhe é contíguo, e para passar de um Pátio para o outro o caminhante deve atravessar uma porta, apenas uma em cada parede circundante. Assim, todos os que alcançarem o centro terão de passar por aquelas quatro portas, uma por uma. Fora do Templo ainda há outro recinto fechado - o Pátio externo - e esse Pátio acolhe muitos peregrinos, mais do que os que estão dentro do Templo propriamente dito. 

Olhando para o Templo e para os Pátios, e para o caminho que sobe em espiral pela montanha, vemos esse quadro da evolução humana e a trilha ao longo da qual a raça está caminhando, bem como o Templo, que é a sua meta. Ao longo daquele caminho que dá voltas à montanha, vasta massa de seres humanos vai de fato subindo, mas subindo vagarosamente, passo por passo. Às vezes, tem-se a impressão de que cada passo para a frente corresponde a um passo para trás, e embora a tendência de toda aquela massa seja para subir, a ascensão é tão lenta que os passos mal se fazem perceptíveis. Essa evolução eônica da raça, subindo sempre, parece tão lenta, extenuante e dolorosa que nos perguntamos como podem os peregrino ter ânimo para subir durante tanto tempo. Dando voltas à montanha, milhões de anos se passam, e na marcha de milhões de anos o peregrino segue. Enquanto ele caminha por ali durante esses milhões de anos, uma infindável sucessão de vidas parece passar, todas despendidas na subida. Cansamo-nos só de observar as imensas multidões subindo tão lentamente, caminhando, volta por volta, na escalada daquela estrada em espiral. Observando-as, indagamo-nos: 'Por que sobem com tanto vagar? Por que esses milhões de homens empreendem uma viagem tão longa? Por que se esforçam para alcançar aquele Templo situado lá no ápice?' (...)"

(Annie Besant - Do Recinto Externo ao Santuário Interno - Ed. Pensamento, São Paulo 1995 - p. 7/9)


sexta-feira, 12 de maio de 2017

A MIRAGEM DO GRAAL

"A procura do Santo Graal é uma das mais famosas histórias do Ocidente. Conhecida como 'a jornada da busca', essa peregrinação é um importante símbolo místico, que representa o esforço da mente humana em sua busca por Deus. Mas um símbolo é apenas um indicador, um sinal que pode levar ao sagrado ou santificado; como tal, ainda está aberto a interpretações individuais.

A lenda do Graal foi, muito provavelmente, inspirada pelas mitologias celta e clássica. O Graal ou cálice é apenas um entre muitos exemplos de recipientes, como chifres e caldeirões mágicos, capazes de restaurar a vida. No mito celta, a taça ou caldeirão devolvia a vida, provia saúde, sustento e coragem. Essas qualidades estavam ligadas à natureza e ao ciclo das estações do ano, com suas características de regeneração e fertilidade; faziam parte de um modo simples de vida.

Durante o século XIII, quando a religião cristã substituiu grande parte dos ensinamentos pagãos, um significado espiritual novo e mais austero foi dado ao tema do Graal. Ele passou a representar a cura, a totalidade e acima de tudo a pureza através do sacrifício. Se a busca pelo Graal simboliza nossa própria busca por iluminação, isso faz sentido. Certamente a iluminação trará a cura e o completo senso de unidade com a fonte da vida, onde não há mais separação.

A interpretação cristã da busca fez também surgir um novo herói, o cavaleiro Parcifal. Ele personaliza o fato de que somente um homem de coração puro e inocente poderia encontrar o Graal. Por causa do sacrifício de Cristo por toda a humanidade, o cálice que continha o Seu sangue tornou-se o mais poderoso símbolo de pureza e de transformação para os cristãos. Jesus estabeleceu o exemplo do homem perfeito; desse modo, o Graal passou a representar o objetivo último daqueles que estão na senda espiritual.

O significado do Graal, portanto, mudou da fertilidade e da fartura dos pagãos para a renúncia e o serviço que a vida de Cristo representou. Para os cristãos, ele passou a representar o desenvolvimento espiritual por meio de longas e árduas provações, sacrifícios e sofrimento."

(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 11/12)


quinta-feira, 27 de abril de 2017

A EVOLUÇÃO DA ALMA (PARTE FINAL)

"(...) Conta-se que, na antiguidade, uma batalha foi perdida porque os soldados ficaram desencorajados quando um cavalo escorregou e matou o general do exército. Mas por que o cavalo escorregou? Porque a ferradura soltou-se, e isso, por sua vez, aconteceu porque o ferreiro não a havida pregado de maneira apropriada. Assim diz o ditado: 'a batalha foi perdida por falta de um cravo na ferradura. Daí a importância dos menores deveres de cada pessoa.

A vida é também uma escola. Existem algumas experiências arquetípicas como a maternidade e a paternidade, as dificuldades financeiras etc, que cada ego deve experienciar, numa encarnação ou outra. Talvez o máximo que possamos aprender na 'escola da vida' seja o espírito da doação, a arte de cuidar. Somos repetidamente colocados em situações dolorosas ou desfavoráveis até aprender a lição necessária.

O aprendizado é um processo sem fim para todos os estudantes. Alguns fracassam e desistem. Outros fracassam, mas continuam tentando. Infelizmente existem os que não aproveitam essa oportunidade de ouro. Para a maioria de nós, o aprendizado é muito lento. vivemos sob a falsa impressão de que uma vida não é suficiente para completar esse curso e continuar prolongando nosso processo de autolibertação.

Se não for agora, então quando será? Se o período médio de vida de uma pessoa é 70 anos, ela passa quase 68 anos fazendo coisas como brincar, estudar, dormir, comer, tomar banho, fazer compras, trabalhar, divertir-se etc. Mal tem dois anos para o seu progresso moral e espiritual. Mas passa até mesmo esses dois anos fazendo coisas triviais. O homem nasceu não apenas para comer, beber, crescer e morrer, mas também para se elevar espiritualmente e iluminar seu futuro. 'Agora ou nunca' deve ser o nosso lema na vida. 

Se a vida pode ser comparada a uma estrada, o homem é um eterno peregrino, acumulando experiência em cada encarnação. Logo que percebemos o propósito da vida - a evolução e a emancipação da alma - começamos a tomar essa evolução em nossas próprias mãos. Não estamos sós - temos que chegar ao destino na companhia das outras almas peregrinas, e não isolados."

(D. B. Sabnis - A evolução da alma - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 13)


terça-feira, 7 de junho de 2016

O DESPERTAR DA ALMA

"Durante sua peregrinação pela matéria, o homem se identifica totalmente com seus corpos - obedecendo inteiramente a seus ditames, com esquecimento de sua verdadeira e divina natureza; ele não sofre, porém se satisfaz à maneira dos animais. O sofrimento principia somente quando a Alma, em seu cárcere terreno, começa a se recordar do Lar divino do qual vive exilada; quando, através do amor, da beleza ou da verdade, se desperta a consciência quanto a sua verdadeira natureza. 

Estamos, como Prometeu, acorrentados à rocha da matéria. Mas até que tenhamos consciência do que verdadeiramente somos, não percebemos estar prisioneiros e exilados. Assim viveria quem, exilado de sua pátria ainda nos dias de sua juventude, houvesse permanecido muitos anos entre estrangeiros, recordando com amargura em meio às misérias e privações de seu exílio que houve tempo em que se percebia em ambiente diferente. Mas um dia, talvez, ouça um canto conhecido naquela juventude, e em súbita agonia recorde tudo o que perdeu, reconhecendo em meio à dor que é um exilado, longe de tudo a que tinha apreço. Essas memórias ressuscitam o anelo da terra natal; e esse anseio adquire maior intensidade que nunca. Somente então começam o sofrimento e a luta - sofrimento, por saber o que perdeu; luta, numa tentativa de recuperar aquilo que já possuíra. 

De maneira análoga, o despertar da Alma no curso da evolução humana traz não apenas júbilo, mas também sofrimento nesse processo. Enquanto o homem vivia a vida animal de seus corpos, ele conhecia um tipo de contentamento; mas com a recordação de sua verdadeira natureza, com a visão do mundo a que realmente pertence, nasce a milenar luta em que trata de se libertar do enredamento aos mundos da matéria, criado por ele próprio ao identificar-se com seus corpos. 

Até esse momento, ele não era consciente de seus corpos como uma limitação. Então, esses se tornaram para ele como a abrasadora túnica de Nesso³, aderindo-se a ele quanto mais ele tenta livrar-se de seu contato. De agora em diante, reconhece-se como duas entidades numa só. É consciente de um Ser interno, superior e divino, que o incita a voltar a seu Lar divino; e de uma natureza animal inferior, que é sua consciência atada aos corpos e por eles dominada."

³ Na Mitologia Grega, Nesso era um centauro que, para vingar-se de Hércules, tenta roubar-lhe a esposa, Dejanira; mas ao ser atingido pela flecha envenenada do próprio Hércules, antes de morrer deixa com Dejanira sua túnica manchada do sangue envenenado, dizendo-lhe que teria dons mágicos para que ela reconquistasse Hércules, se este viesse em qualquer tempo a abandoná-la. Mais tarde, Hércules apaixonou-se pela sedutora Iole, e se dispunha a desposá-la quando recebeu de Dejanira, como presente de núpcias, a túnica ensanguentada. Ao vesti-la, o veneno infiltrou-se-lhe no corpo; louco de dores, ele quis arrancá-la, mas o tecido achava-se de tal forma aderido às suas carnes que estas lhe saíam aos pedaços. Vendo-se perdido, o herói ateou uma fogueira e lançou-se às chamas. (N.E.)

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 12/13)


terça-feira, 18 de agosto de 2015

A IGNORÂNCIA É A CAUSA

"A última coisa que o homem descobre é a si mesmo. É uma verdade singular, e contudo universal, a de que, no homem, a sede por conhecimento houvesse de começar pelo mais distante e terminar pelo mais próximo. O homem primitivo estudou o firmamento, mas somente o homem moderno começa a explorar os mistérios de sua própria alma. 

Os seres humanos, na sua maioria, são mistérios para si próprios; e muitos ainda não se apercebem da existência do enigma. Se perguntássemos ao homem comum o que ele é em realidade, como ser vivente; que lhe sucede quando sente, pensa e age; qual é a causa da luta entre o bem e o mal de que é consciente em seu interior, ele não só seria incapaz de responder, como o próprio questionamento lhe pareceria estranho e novo. No entanto, não é ainda mais estranho que os indivíduos caminhem pela vida arcando com todas as suas vicissitudes, passando pelos sofrimentos comuns a todos os homens, regozijando-se nos fugazes prazeres da vida, suportando sua incessante carga, e nunca perguntarem por quê?

Se deparássemos com um homem viajando com muito incômodo e fadiga, e ao lhe perguntarmos para onde estaria indo nos respondesse que nunca lhe havia ocorrido pensar em tal coisa, certamente o qualificaríamos de insano. Não obstante, é exatamente o caso da maioria dos indivíduos na vida trivial - seguem caminho, desde o nascimento até a morte, trabalhando arduamente durante todo o exaustivo trajeto da vida, e nunca perguntam por quê; ou, se o fazem formulam a questão em termos superficiais, sem realmente tratar de encontrar a resposta. 

Mas em sua longa peregrinação, a cada Alma chega o tempo em que a vida se torna impossível a não ser que lhe conheça o motivo. É quando, desiludida do mundo circundante no qual o supremo contentamento jamais pode ser encontrado, a alma abandona por um momento sua perseguição frenética por ilusões e, em total exaustão, aquieta-se silenciosa e solitária. É nesse momento que nasce em seu interior a consciência de um novo mundo; é assim que, tendo desviado seu foco de fascinação do mundo circundante, a alma descobre a permanente realidade do mundo interior, o mundo do ser. Então, e só então, são respondidas as questões acerca da vida; porém, como disse Emerson, a Alma nunca responde verbalmente, mas pelo próprio objeto procurado."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 15/16)


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A IGNORÂNCIA É A CAUSA

"A última coisa que o homem descobre é a si mesmo. É uma verdade singular, e contudo universal, a de que, no homem, a sede por conhecimento houvesse de começar pelo mais distante e terminar pelo mais próximo. O homem primitivo estudou o firmamento, mas somente o homem moderno começa a explorar os mistérios de sua própria Alma.

O seres humanos, em sua maioria, são mistérios para si próprios; e muitos ainda não se apercebem da existência do enigma. Se perguntássemos ao homem comum o que ele é em realidade, como ser vivente; que lhe sucede quando sente, pensa e age; qual é a causa da luta entre o bem e o mal de que é consciente em seu interior, ele não só seria incapaz de responder, como o próprio questionamento lhe pareceria estranho e novo. No entanto, não é ainda mais estranho que os indivíduos caminhem pela vida arcando com todas suas vicissitudes, passando pelos sofrimentos comuns a todos os homens, regozijando-se nos fugazes prazeres da vida, suportando sua incessante carga, e nunca perguntarem por quê?

Se deparássemos com um homem viajando com muito incômodo e fadiga, e ao lhe perguntarmos para onde estaria indo nos respondesse que nunca lhe havia ocorrido pensar em tal coisa, certamente o qualificaríamos de insano. Não obstante, é exatamente o caso da maioria dos indivíduos na vida trivial – seguem caminho, desde o nascimento até a morte, trabalhando arduamente durante todo o exaustivo trajeto da vida, e nunca perguntam por quê; ou, se o fazem, formulam a questão em termos superficiais, sem realmente tratar de encontrar a resposta.

Mas em sua longa peregrinação a cada Alma chega o tempo em que a vida se torna impossível a não ser que lhe conheça o motivo. É quando, desiludida do mundo circundante no qual o supremo contentamento jamais pode ser encontrado, a Alma abandona por um momento sua peregrinação frenética por ilusões e, em total exaustão, aquieta-se silenciosa e solitária. É nesse momento que nasce em seu interior a consciência de um novo mundo; é assim que, tendo desviado seu foco da fascinação do mundo circundante, a Alma descobre a permanente realidade do mundo interior, o mundo do Ser. Então, e só então, são respondidas as questões acerca da vida; porém, como disse Emerson, a Alma nunca responde verbalmente, mas pelo próprio objeto procurado."

(J. J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 15/16)


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

VIVER E APRENDER (PARTE FINAL)

"(...) Há muito tempo, uma investigação foi realizada para descobrir a causa de uma derrota em batalha. A investigação revelou que a batalha foi perdida porque os soldados ficaram desencorajados quando o cavalo escorregou, matando o general do exército. Mas por que o cavalo escorregou? Porque a ferradura se soltou em função de o ferreiro não a ter fixado adequadamente. Assim, diz o ditado que 'a batalha foi perdida por falta de um cravo'. Daí a importância do desempenho cuidadoso do próprio dever na vida. 

A vida é também uma escola. Existem algumas experiências, como a maternidade ou a pobreza, que cada ego tem que experienciar numa vida ou outra. Talvez a maior coisa que possamos aprender na escola da vida seja a importância de dar em vez de receber, sem esperar nada em troca. A arte de cuidar, um sorriso, uma palavra amiga, um gesto carinhoso podem realizar milagres. 

Aprender é um processo que não tem fim. Na escola da vida temos todos os tipos de estudantes. Alguns fracassam e desistem; outros fracassam mas continuam tentando. Um pode completar o curso que lhe foi designado em 700 nascimentos, outro em setenta anos ou em sete meses, outro em sete minutos ou sete segundos. Mas, para a maioria de nós, o processo de aprender na escola da via é muito lento. Nós vivemos sob a impressão errônea de que uma vida não é suficiente para completar esse curso, e continuamos prolongando nosso processo de autolibertação. Se não agora, então quando?

Se a média de vida de uma pessoa é de 70 anos, ela passa quase 68 anos fazendo coisas como jogar, estudar, dormir, comer, tomar banho, fazer compras, trabalhar, divertir-se, etc. Mal sobram dois anos para o progresso moral e espiritual. Mas ela passa até mesmo esse período ocupada com coisas triviais. O homem não nasce apenas para comer, beber, crescer e morrer, mas também para se elevar espiritualmente e clarear seu futuro. 'Agora ou nunca' deve ser o lema.

A vida é comparada a uma peregrinação, e o homem é chamado de peregrino eterno, acumulando experiências em cada existência. Logo que percebemos o propósito da vida - evolução e emancipação da alma - começamos a tomar essa evolução em nossas próprias mãos. Não estamos sós nessa peregrinação. Temos de chegar ao destino na companhia de outras almas peregrinas, não nos isolando. A interdependência é um aspecto importante do progresso espiritual. Ninguém pode nos tirar do atoleiro, mas o autoesforço, juntamente com a orientação dos guias espirituais, definitivamente ajudarão."

(D. B. Sabnis - Revista Sophia nº 45 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 25)


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

CAMINHA PEREGRINO


“Espinhos e pedras feriram meus pés nus. Mas segui andando, na esperança de algum oásis.

E foi com muitas chagas que alcancei a relva macia: Paz e Amor.

Fecharam-se as feridas.

Meu coração – deslumbramento! – vive poesia, vagueia entre bosques ternos, banha-se em regatos de alegria.

Contigo será o mesmo.

Não te rendas à fadiga nem ao desalento. Não pares. Nem mesmo para te condoeres de teus pés sangrando. Caminha, agora ao relento. Também tu virás a encontrar o teto. Tu também serás remanso. Recebe o aceno das férteis paragens da Paz. O oceano é feito – agora – de dor. Tuas chagas, depois, também fecharão.

Não te detenhas e muito menos retrocedas.

Caminha, peregrino.

Não estás só nem perdido. ”

(Hermógenes – Mergulho na Paz - p. 37/38)