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"Um dos segredos da felicidade consiste na capacidade de sentir gratidão. Gratidão não deve ser um sentimento pesado, mas uma alegria, algo que nos torna mais leves e melhores. É muito comum ouvir pessoas falando de 'dívidas de gratidão' como se tivessem que sair correndo para retribuir, pagar antes que os juros se acumulem. Nada disso: gratidão deve ser um cálido sentimento de que existe alguém que gostou de nós e foi capaz de nos ajudar. Sentir-se assim não nos endivida, nem nos aprisiona, mas nos torna mais ricos de amores, de sentimentos.
Na relação dos filhos com os pais este tema sempre surge. Os filhos devem aos pais sua própria vida, ou seja: tudo. Esta divida é impagável. Portanto, não pode nem adianta ser considerada. Há filhos que fogem da questão afirmando que não pediram para nascer. Tenho visto muitas pessoas que se impedem de serem felizes por sentirem que sua felicidade estabeleceria uma divida de gratidão para com seus pais.
Quando afirmamos para nós mesmos que somos gratos a nossos pais por nos terem dado a vida (e com ela toda felicidade que formos capaz de conquistar, mesmo que eles não nos tenham dado muito mais além disso), criamos uma forma de retribuir o que deles recebemos: tendo filhos, dando vida a novos seres humanos e cuidando deles. Se possível, melhor do que fomos cuidados. Essa é a mais ampla retribuição para nossos pais: criar os netos deles. É também o que devemos pedir a nossos filhos em troca do cuidado que tivermos com eles: que eles nos deem netos e cuidem bem destas crianças. É assim que a humanidade evolui, assim estamos cumprindo os mandamentos da natureza e assim possivelmente nos sentiremos felizes."