OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 16 de julho de 2024

A MELANCOLIA

"25. Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos vossos corações e vos faz achar a vida tão amarga? É que vosso Espírito, aspirando à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, esgota-se em vãos esforços para dele sair. Porém, reconhecendo que são inúteis esses esforços, cai no desânimo e, como o corpo lhe sofre a influência, sois tomados pela lassidão, pelo abatimento e por uma espécie de apatia; por isso vos julgais infelizes. 

Crede-me, resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações a um mundo melhor são inata no espírito de todos os homens, mas não as busqueis neste mundo e, agora, quando Deus vos envia os Espíritos que lhe pertencem, para vos instruírem acerca da felicidade que Ele vos reserva, aguardai pacientemente o anjo da libertação para vos ajudar a desatar os laços que vos mantêm cativo o Espírito. Lembrai-vos de que, durante a vossa prova na Terra, tendes uma missão de que não suspeitais, quer vos dedicando à vossa família, quer cumprindo as diversas obrigações que Deus vos confiou. E se, no curso dessa provação, ao cumprirdes a vossa tarefa, virdes caírem sobre vós os cuidados, as inquietações e tribulações, sede fortes e corajosos para os suportar. Afrontai-vos resolutos; duram pouco e vos conduzirão para junto dos amigos por quem chorais, que se alegrarão com a vossa chegada entre eles e vos estenderão os braços, a fim de guiar-vos a uma região inacessível às aflições da Terra. - Francois de Genève. (Bordeaux.)"

Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Editora FEB, 2018, p. 92.
Imagem: Pinterest.



quinta-feira, 20 de junho de 2024

LIBERTAÇÃO

"O fim da longa estrada para a libertação é o coração do próprio homem. Se ele ao menos soubesse que ele e a senda são um! Quando do animal ele se torna uma alma, o mistério da consumação final está entretecido em tudo o que ele pensa, sente e faz, mesmo em seu primitivo estágio como selvagem. Pois ser uma alma significa que cada dia ele se aproxima mais da Libertação, como resultado do seu esforço.

O esforço para a Libertação é mostrado no instinto da criação que está em todos os homens. Mesmo o selvagem deseja simbolizar algo estranho ou assustador, algo novo. O homem civilizado é sempre um criador com seus sentimentos, pensamentos e ações. Pois, à medida que a alma evolui estágio a estágio, ela se torna um cadinho mais das energias da vida; torna-se o solo para nutrir as sementes da maravilha divina. Cada faculdade que ele aperfeiçoa é o ventre onde está crescendo uma criança cujos lábios transmitirão uma mensagem de salvação. Até que o ventre expila aquilo que nutriu, a alma fica inquieta e ansiosa. A dor termina quando a criança nasce, e a imaginação pode colocar-se à parte de sua criação. Onde o maior número está empenhado na criação, aí está a melhor civilização.

Quando a alma se liberta da servidão do desejo, a libertação está próxima. Essa libertação começa quando ela dedica seus dons à criação. Algo novo deve ser acrescentado dos recessos da alma à vida comum dos homens. Uma alma criará um hino, um discurso, um poema; outros criarão com pintura e escultura, com arquitetura e música, com dança e canção. A alma anseia e suspira por criar algo grande e nobre; coração e mente são levados a ações de oferecimento. O tamanho não importa; uma pequena ação amorosa, mesmo que seja um sorriso amistoso, contém a mesma grandeza que o dom da própria vida. A piedade que o amor envia conduz então à criação, e a alma não consegue repousar até que grandes planos de regeneração social sejam realizados, e consequentemente as misérias do homem sejam diminuídas. A alegria que a vida envia conduz à criação, e a alma deve simbolizar algo belo para inspirar os homens. A paz que a sabedoria envia leva à criação, e a alma deve abrir novas sendas para homens com novas filosofias e ciências. Ninguém consegue trilhar a senda para a Libertação até que saiba como criar. Pois Libertação significa que os muitos tornam-se o Um, e somente treinando cada faculdade do espírito, para criar em cada plano de vida, consegue o homem, a unidade, entender sua misteriosa identificação com o Todo. 

Como a alma irá criar? - Você pergunta. Mas o propósito da vida, quando a alma está liberta do desejo, é ensinar a arte da criação. Cada grito de dor, quando sob a escravidão do desejo, tem em si, em algum lugar, um elemento de sabedoria ou beleza para outrem. Quando a alma é livre, ela vê a mensagem para os outros em sua própria dor. Embora o homem jamais consiga salvar a si próprio, contudo ele sempre pode salvar outros. A mensagem oculta de cada dor é que o destino do homem é ser um salvador do mundo."

C. Jinarajadasa, Libertação, Editora Teosófica, Brasília, 2022, p. 55/58.
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quinta-feira, 28 de abril de 2022

A MENTE EM MEDITAÇÃO

"O que, então, devemos 'fazer' com a mente em meditação? Absolutamente nada. Deixá-la como está. Um mestre descreveu a meditação como 'a mente suspensa no espaço, em lugar nenhum'.

O ditado é famoso: 'Se a mente não é fabricada, aparece espontaneamente imbuída de uma felicidade sublime, assim como a água que se mostra naturalmente transparente e límpida quando não é agitada'. Com frequência comparo a mente em meditação com um jarro de água barrenta: quanto menos interferência ou agitação tiver, mais as partículas de terra se depositam no fundo, permitindo que a claridade natural da água transpareça. A própria natureza da mente é tal que, se você a deixa em seu estado inalterado e natural, ela encontrará sua verdadeira natureza, que é bem-aventurança e claridade. 

Tome cuidado, portanto, para não impor nem cobrar nada à mente. Ao meditar, não deve haver qualquer esforço na direção do controle, nem empenho em ser pacífico. Não seja solene demais nem se sinta como se estivesse tomando parte num ritual especial; deixe de lado até a ideia de que está meditando. Seu corpo e a sua respiração devem ser entregues a si mesmos. Pense em si próprio como o céu, sustentando todo o universo." 

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 104/105)
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terça-feira, 25 de janeiro de 2022

O PODER DA PLENA ATENÇÃO

"Como resultado de inovações tecnológicas, o homem moderno desfruta de muitos confortos. No entanto, faltam-lhe paz e harmonia. Há muito estresse e tensão, ganância e luxúria, ódio e crueldade, e tudo isso traz ansiedade, desarmonia e sofrimento. Cada vez mais pessoas são afetadas por neuroses, psicoses e outras doenças. 

A felicidade não está em coisas externas, mas no nosso próprio eu. Todos os problemas humanos têm origem na mente. A purificação da mente leva a uma mudança radical na qualidade de vida. Isso não pode ser obtido por nenhuma ginástica intelectual, estímulos emocionais, dramas religiosos ou drogas. É difícil educar a mente de maneira a perceber o novo. É preciso muita paciência; é preciso estar vigilante e alerta. 

É urgente aprendermos a gerenciar nossa mente de maneira apropriada. A mente fica desorientada porque é constantemente atraída por muitas forças. A pessoa deve analisar suas próprias condições de maneira objetiva e desapaixonada, com o auxílio da meditação, uma ferramenta que abre o caminho para a solução dos mais complexos problemas. 

Estamos sempre buscando fora, até mesmo a nossa alegria, e não procuramos internamente. Raramente examinamos nossos próprios pensamentos, palavras e ações. Permanecemos desconhecidos por nós mesmos. Mas, por meio da auto-observação, podemos obter insights sobre a nossa própria natureza. Isso exige um esforço contínuo.  

Com a mente purificada e equilibrada, podemos perscrutar as profundezas de nós mesmos. Se a mente estiver cheia de pensamentos maus, Patañjali propões preenchê-la com pensamentos opostos. Krishnamurti afirma que devemos desenvolver a percepção constante, uma condição mental 'que considera tudo com a mais completa atenção'. Ele diz que 'a chama da atenção', calcina todas as impurezas. Buda chama isso de 'o fogo da plena atenção'. 

O Dhammapada devota um capítulo à plena atenção, que significa estar desperto, em guarda, jamais ser pego de surpresa. Se a pessoa tiver plena atenção, consegue mudar cada circunstância, palavra, pensamento e ação. A plena atenção avisa se estamos para fazer uma escolha errada. Com a mente protegida pela plena atenção, os sentidos externos não perturbam nossa tranquilidade. 

Buda disse que a única maneira de vencer as impurezas da mente é continuar examinando seu conteúdo repetidamente, para que as tendências más sejam arrancadas e apenas as boas tendências floresçam. Por meio da percepção constante, sabemos que a mente prega peças devastadoras. A plena atenção, portanto, é essencial.

A purificação deve ocorrer em toda a mente, nos níveis conscientes e inconscientes. Nosso esforço deve alcançar as profundezas da mente inconsciente. Devemos adotar uma técnica de meditação que nos leve aos níveis profundos onde estão as camadas de impurezas. Alguns métodos de meditação funcionam apenas no nível superficial; embora possam trazer paz e calma, a real purificação da mente não ocorre.

Aqueles que conquistaram o domínio sobre a mente 'consciente' e 'inconsciente' conseguem alcançar o estado 'superconsciente', o estado mais puro, que é comunhão com o Atman (Espírito universal). Tudo o que precisamos é um desejo ardente e um esforço incansável para nos transformar."        

(V. V. Chalam - O poder da plena atenção  - Revista Sophia, Ano 15, nª 70 - p. 15)
Imagem: Pinterest 


terça-feira, 26 de outubro de 2021

A INVESTIGAÇÃO POR PRAZER - VII

"Qual é o remédio para esta miséria e para este consumo de esforços? Existe algum? Com certeza a vida possui uma lógica em si mesma e uma lei que faz a existência possível. De outro modo o caos e a loucura constituiriam o único estado a que se poderia chegar.

Quando um homem pela primeira vez bebe sua taça de prazer, sua alma fica cheia de indescritível gozo, que causa uma sensação primeira e nova. A gota de veneno que verte na segunda taça, se persiste naquela loucura, é dobrada e triplicada, até que, por fim, a taça inteira é veneno, o qual é o ignorante desejo de repetição e intensificação. Isto evidentemente significa morte, segundo da analogia se deduz. O menino se converte em homem; não pode reter sua infância e repetir e aumentar os prazeres da mesma, a menos de pagar o preço inevitável e de se converter num idiota. A planta crava suas raízes na terra e lança no ar suas verdes folhas; floresce depois e frutifica. A planta que unicamente lança raízes e folhas, detendo-se com persistência no seu desenvolvimento, é considerada pelo jardineiro como uma coisa inútil, e deve ser arrancada. 

O homem que escolhe o caminho do esforço e recusa ceder ao sonho da indolência, permitindo que esta endureça sua alma, encontra nos seus prazeres um novo e mais delicado gozo, cada vez que os experimenta; uma certa coisa sutil e indefinível que se levanta cada vez mais daquele estado em que a mera sensualidade domina; esta ciência sutil, é aquele elixir da vida que faz o homem imortal. Aquele que o experimenta e não quer beber a menos de que a taça o contenha, encontra a vida mais ampla e o mundo cresce ante os seus olhos ardentes. Reconhece a alma na mulher à qual ama e a paixão se converte em paz; ele vê no interior do seu pensamento as mais delicadas qualidades da verdade espiritual, a qual está fora da ação do nosso mecanismo mental e então, em vez de entrar no redemoinho confuso dos intelectualismos, permanece sobre o dorso vasto da águia da intuição e se deixa ficar no ar sutil, onde os grandes poetas sua intuição encontram. Ele vê no seu próprio poder de sensação, de prazer no ar fresco e na luz do sol, na comida e no vinho, no movimento e no repouso, as possibilidades do homem etéreo, daquilo que não morre nem com o corpo nem com o cérebro. Nos prazeres que a arte proporciona, na música, na luz, na beleza; nestas formas, vê ele a glória das Portas de Ouro e passa através das mesmas para encontrar a vida nova, que atrás delas existe e que embriaga e fortalece, do mesmo modo que o ar puro da montanha fortalece e embriaga, graças ao seu vigor. Mas se foi vertendo, gota a gota e cada vez mais, e elixir da vida em sua taça, é já suficientemente forte para respirar este ar intenso, para viver nele. Então, seja que morra, seja que viva na forma física, do mesmo modo avança e com novos e delicados gozos se encontra, experiências mais satisfatórias e perfeitas se lhe apresentam a cada golfada deste ar puríssimo que aspira."

(Mabel Collins - Pelas Portas de Ouro - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 28/29

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

LIBERDADE E MORAL (PARTE FINAL)

"Para refletirmos sobre a liberdade, Rohit Mehta, em seus comentários aos Yoga Sutras de Patañjali (Yoga, Arte de Integração, Ed. Teosófica), faz uma distinção entre o esforço humano e a expressão espontânea da experiência espiritual. Ele diz: 'Neste ponto o Yoga difere completamente da vida considerada no sentido do empenho moral ou religioso. Em uma vida religiosa, construída sob princípios morais, o esforço humano é o começo e a finalidade.' Por outro lado, ele afirma: 'O homem espiritual possui uma moralidade de natureza elevada e profunda. É natural e espontânea. Não é uma moralidade onde o pensamento busca ser traduzido em ação. Ao invés disso, é uma moralidade que se encontra na natureza de uma expressão da experiência profundamente sentida.'

A reflexão de Mehta mostra que a moral social, mesmo sendo necessária, é provisória e pode tornar-se mecânica e opressiva quando não é oxigenada como um caminho que leva a uma experiência real do ser espiritual, o verdadeiro Eu. Nesse caminho, as regras servem como o mapa da viagem e nos indicam a direção, mas não nos prendem em sua forma, e o seu conteúdo se atualiza e se aprofunda conforme crescemos em consciência ao nos aproximarmos do Ser. Segundo a visão do Yoga, as pessoas são mais ou menos morais conforme mais espessa ou mais fina for a camada egoica que as separam do seu Eu espiritual. O propósito do Yoga é eliminar essa camada egoica, e a ética funciona como uma ferramenta para isso. Depois da realização do ser, no entanto, a moral espiritual é a expressão livre, natural e autêntica daquele que não fará mal ao outro porque sente que o outro é ele mesmo. 

Enfim, a outra via do problema da moral é: conhece-te a ti mesmo. Pois o verdadeiro Eu é o Ser que habita todas as coisas; aquele que, por não querer ferir o seu eu, não será capaz de ferir ninguém, independentemente de regras externas. Da mesma forma isso se dá com o fazer o bem, e ilustra as palavras de Jesus, que se sentia uno com toda a criação: 'Todas as vezes que deixastes de fazer a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer."

(Cristiane Szynwelski - Liberdade e moral - Revista Sophia, Ano 18, nº 86 - p. 22)


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

AS QUALIDADES REQUERIDAS PARA SE CAMINHAR NA SENDA DO YOGA (2ª PARTE)

"(...) O Logos é como uma mãe cujo filho ainda não anda: esta lhe mostra de longe um brinquedo para chamar a sua atenção, e lhe diz: 'Vem, anda, experimenta andar'. Impulsionado pelo desejo de possuir o brinquedo, o menino começa a andar. Da mesma maneira trata o Logos seus filhos, para os quais tem brinquedos de todas as espécies. 

O prazer, o gozo de viver, os elogios, o poder, todas as coisas que não são completamente satisfatórias para a alma humana, a atraem, no entanto, momentaneamente, e preenchem assim sua finalidade no mundo, a tarefa de impulsionarnos ao esforço para compreendê-los e desenvolver-nos quando os tivermos alcançado. 

Destruir num jovem todos os seus desejos é causar-lhe um mal terrível, pois estes desejos são para ele uma proteção eficaz contra muitos dos pecados do mundo. 

Para o jovem ambicioso não são, contudo, viscosos todos os caminhos neste mundo, pois que sem este desejo não pode crescer, não pode chegar a alcançar nenhum poder sobre os demais sem aprender a respeitar-se a si mesmo. Impulsionado pelo desejo, permanece muito amiúde na senda da virtude, evitando desta maneira a senda do vicio, graças a este desejo mais elevado que tem de alcançar o poder, seja político ou social. Nestas circunstâncias pouco importa o objeto; só o esforço tem valor. 

O Logos, que compreende muito bem sua função, coloca todos os objetos desejáveis ante os olhos de Seus filhos, a fim de que aprendam a andar para tornar-se homens. Os desejos pelas coisas elevadas destroem os desejos inferiores; os desejos nobres são as espadas que matam os desejos mesquinhos. 

O desejo de unir-se a Deus, de encontrar o Eu, de realizar sua divindade, é um desejo nobre e necessário. Sem este desejo ardente como uma chama, não seria possível vencer as dificuldades, os perigos, os sofrimentos desta Senda tão difícil e tão curta que conduz rapidamente ao conhecimento do Eu. (...)" 

(Annie Besant - Yoga, ciência da vida espiritual - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30/31)
http://www.pensamento-cultrix.com.br


sábado, 6 de janeiro de 2018

COMPREENSÃO

"PERGUNTA: A experiência demonstra que a compreensão só surge depois de cessar a argumentação e o conflito, e se manifesta uma espécie de tranquilidade ou simpatia intelectual. Isso se dá até na compreensão de problemas matemáticos ou técnicos. Entretanto, tal tranquilidade só tem sido experimentada depois de feitos todos os esforços de análise, exame ou experimentação. Significa isso que o esforço constitui uma preliminar, se não suficiente, pelo menos necessária para se obter a tranquilidade?

KRISHNAMURTI: Espero que tenhais compreendido a pergunta. O interrogante pergunta, em resumo: O esforço, o investigar, analisar, examinar, não é necessário para que haja tranquilidade da mente? Para que a mente possa compreender, não é necessário esforço? Isto é, não se necessita uma técnica, para que se tenha a capacidade de criar? Se tenho um problema, não preciso penetrar nele, pensar nele a fundo, investigá-lo, analisá-lo, preocupar-me com ele, e largá-lo depois? E então, estando a mente quieta, encontra-se a solução. Tal é o processo pelo qual passamos. Temos um problema, pensamos nele, examinamo-lo e discorremos a seu respeito. Depois, a mente, tendo-se cansado, fica quieta. Acha-se então a solução do problema, sem se saber como. Todos nós estamos familiarizados com esse processo. E o interrogante pergunta: 'Não é necessário isso, primeiramente?'

Por que passo por esse processo? Não formulemos a pergunta erradamente; o que devemos perguntar não é se esse esforço é necessário ou não, mas, sim, por que passamos por esse processo. Evidentemente, passo por esse processo porque quero achar uma solução. O que me interessa é encontrar uma solução, não é verdade? O receio de não achar a solução me leva a fazer todas essas coisas, não é assim? E depois, tendo passado pelo processo, fico exausto e digo 'não encontro a solução'. Aí, a mente se aquieta e, às vezes ou sempre, apresenta-se a solução.

A questão, pois, não é se o processo preliminar é necessário, mas, sim, porque passo por esse processo. É óbvio que o faço porque estou à procura de uma solução. O que me interessa não é o problema, mas, sim, a maneira de me livrar dele. Não estou buscando a compreensão do problema, mas, sim, a sua solução. Certamente, há uma diferença nisso, não achais? Porque a solução está no próprio problema, e não fora dele. Passo pelo processo de investigar, analisar, dissecar, porque quero livrar-me do problema. Mas, se não fujo do problema, e procuro encará-lo, sem temor nem ansiedade, se apenas olho para o problema, que pode ser um problema matemático, político, religioso, ou outro qualquer, se o considero sem a mira numa solução, então começará o problema a descerrar-se. Eis o que acontece. Passamos pelo processo, e afinal o abandonamos, porque não encontramos saída alguma. Assim, pois, por que não começamos pelo começo, isto é, abstendo-nos de procurar uma solução para o problema, que é coisa dificílima?

Pois, quanto mais eu compreender o problema, tanto mais significação encontro nele. Para compreendê-lo, preciso considerá-lo tranquilamente, sem envolvê-lo com minhas idéias, meus sentimentos de agrado ou desagrado. O problema nos revelará então o seu significado.

Por que não é possível termos a tranquilidade da mente desde o começo? E só haverá tranquilidade quando eu não estiver à busca de uma solução, quando não tiver medo ao problema. Nossa dificuldade é esse medo que temos ao problema. Nessas condições, se perguntamos se é necessário ou não fazer-se esforço, receberemos uma resposta errada.

Consideremos a questão por maneira diferente. Todo problema requer atenção, e não distração motivada pelo temor. E não há atenção, quando estamos a procurar uma solução fora do problema, uma solução que nos convenha, que seja preferível, que nos dê satisfação ou um meio de fuga. Por outras palavras, se podemos considerar o problema sem esse propósito, é então possível compreendê-lo. A questão, portanto, não é se devo passar por esse processo de analisar, examinar, dissecar, e se é necessário isso para termos a tranquilidade. A tranquilidade se manifesta. quando não sentimos temor; mas, visto que temos medo ao problema, ao que ele nos revele, ficamos entregues aos desejos de nossos próprios impulsos, aos impulsos de nossos próprios desejos."

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - Editado pela Instituição Cultural Krishnamurti, p. 14/17)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

GRATIDÃO E RESPEITO (1ª PARTE)

"Para descobrir o erro não é preciso verdadeiro esforço, mas, para ver melhor, é preciso esforço contínuo. A maioria das grandes almas reforçam isso como um lembrete. Diz novamente Steiner: 'Devemos buscar em todas as coisas à nossa volta aquilo que consegue despertar nossa admiração e respeito Se eu conheço outras pessoas e critico suas fraquezas, retiro de mim o poder cognitivo superior, mas, se penetro profunda e amorosamente em suas boas qualidade, eu assimilo essa força.'

Chegamos onde estamos hoje pelas circunstâncias da vida e pelas forças ativas em nós. Este tem sido um estado semiconsciente. Se desejamos alcançar o estado superconsciente, precisamos engajar nosso eu a partir do interior, o que constitui maturidade em ação - ver e sentir a necessidade de se mover, e então buscar como fazê-lo. Infelizmente na maioria das vezes olhamos na direção de onde fomos empurrados. Este é o lado insconsciente da vida; o lado consciente está no interior. É preciso um esforço quase que constante; contudo, uma coisa é certa: a chave para a vida é compreender não apenas nós próprios e os outros, mas também o mundo em que vivemos. 

Um dos passos iniciais do yoga, dito de maneira simples, é 'cessa de fazer o mal; faz o bem'. São Paulo disse: 'Não faço as coisas boas que quero, mas faço as coisas ruins que não quero'. Isso diz respeito a todos nós, mas por quê? As reações, surgindo da mente subconsciente, formam uma grande parte de nossas vidas. É com a mente que julgamos o que está certo ou errado. Vemos o que desejamos fazer e não fazer; sendo assim, por que cometemos erros? Uma resposta, oculta na compreensão esotérica, pode ser colocada simplesmente assim: 'O corpo do desejo, ou corpo emocional, move os músculos.' Isso é verdadeiramente parte da resposta ao problema. Se não temos vontade de fazer algo e a mente quer fazê-lo, o que acontecerá? Nada. Se não estivermos alinhados com o que queremos, a coisa não acontecerá; ou, se a ação for guiada pelo medo, ela pode ser iniciada, mas não continuará.

Precisamos compreender a nós mesmos retornando ao conhecimento esotérico: 'Desejo é vontade voltada para fora. Essa é sua forma latente. Quando ativa, ela se volta para o interior.' Quando somos atraídos por algo ou por alguém, nos sentimos puxados. A vontade é quando os desejos foram compreendidos e subjugados a partir do interior. Ela então substitui o sentimento de 'não querer fazer' pela força interior do 'fazer', orientada pela moralidade, não porque é doloroso ou agradável. (...)"

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 40/41)


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

FRATERNIDADE (PARTE FINAL)

"(...) As explanações dadas aqui a respeito do que deve ser o discípulo, significam que ele deve ser como uma estrela que dá luz a todos sem tirá-la de ninguém; como a neve que recebe a geada e os ventos cortantes para proteger do frio as sementes que dormem na terra e permitir sua germinação quando chegar a estação do crescimento. Eis a instrução à qual os Mestres Divinos exigem obediência; eis o que eles pretendem dos homens que desejam tornar-se discípulos. Não a realização imediata, mas sim o empenho; não a perfeição imediata, mas sim o esforço; tampouco é exigida, certamente, a revelação do ideal, mas sim a luta por alcançá-lo superando fracassos e desacertos. E agora eu lhes pergunto: Acreditam que aqueles entre nós, que acatamos isto como um ideal e que reconhecemos ser uma exigência que nos é imposta por nossos Mestres, possamos prejudicar a sociedade ou que sejamos apenas os serventes da humanidade obedecendo àqueles cuja lei nos esforçamos em acatar?

Além disso, como já mencionei, vida após vida estas qualidades se desenvolvem, até chegar finalmente o momento em que as debilidades do homem tenham diminuído e as fraquezas da natureza humana tenham sido gradualmente superadas, quando haverá uma compaixão inabalável, uma pureza incorruptível, um imenso conhecimento e uma sensação de despertar espiritual; estas qualidades caracterizarão o discípulo que está se aproximando do limiar da libertação; despontará então o dia em que tiver chegado ao final do Caminho, quando o percurso estará terminado e a última possibilidade de transformar-se no Homem Perfeito surgirá diante de seus olhos. Nesse momento, a terra, tal como era concebida, passa a um segundo plano; mas ele – a Alma liberta (como é chamado), a Alma que conquistou sua liberdade, a Alma que conseguiu superar as limitações humanas – ele permanece no limiar do Nirvana, daquela consciência e bem-aventurança perfeitas que se encontram além dos horizontes do pensamento humano é das possibilidades de nossa consciência limitada. Foi dito que, enquanto ele permanece lá, há silêncio; silêncio na Natureza, pois um de seus filhos está transcendendo-a, silêncio que, por algum tempo, nada poderá perturbar, a Alma liberta conquistou sua liberdade. Finalmente, esse silêncio é quebrado por uma voz; uma voz que em uníssono representa o grito de angústia do mundo que foi deixado para trás. A súplica do mundo em sua escuridão, angústia, fome espiritual e degradação moral. Esse grito, que corta o silêncio que cercava a Alma liberta, é a súplica da raça humana à Alma que se ergueu para além de seus irmãos e encontrou a liberdade, enquanto eles permanecem acorrentados."

(Annie Besant - Os Mestres - p. 27/28)

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

ALEGRIA INCOMPARÁVEL

"A lógica das abstinências é a mesma. A não possessividade requer não indulgência, que surge de não roubar, que surge da não falsidade, que só pode existir com a não violência. As observâncias e abstinências estão inter-relacionadas, e relacionam-se também com todo o sistema de compreensão da mente de Patañjali. A disciplina é apenas um foco em um contexto amplo; nela 'não devem interferir fatores biológicos, físicos nem sociais' (sutra 31). Os resultados da disciplina terão a medida do nosso esforço, e devemos ficar atentos a desculpas como cansaço, falta de tempo, etc. Patañjali promete a recompensa para os que se esforçam:

  • 36. 'Para aquele que está estabelecido em satya, ou não falsidade, a própria ação é a recompensa.'
  • 37. 'Quando estamos estabelecidos em asteya, ou não roubar, sentimos como se tivéssemos toda a riqueza do mundo.'
  • 38. 'Quando estamos estabelecidos em brahmacarya, ou não indulgência, somos dotados de inexaurível energia.'
  • 39. 'Quando estamos estabelecidos em aparigraha, ou não possessividade, começamos a compreender o significado da existência.'
  • 42. 'Quando estamos estabelecidos em santosa, ou autossuficiência, surge uma alegria incomparável.'"

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 33)


segunda-feira, 24 de julho de 2017

TREINANDO A MENTE (PARTE FINAL)


"(...) 'Treinar' a mente não significa, de modo algum, subjugá-la pela força ou submeter-se a uma lavagem cerebral. Treinar a mente é, antes de tudo, ver de maneira direta e concreta como ela funciona, um conhecimento que você tira dos ensinamentos espirituais e da experiência pessoal na prática da meditação. Aí você pode usar a compreensão para domar a mente e trabalhar habilmente com ela, fazendo-a mais e mais dócil, de modo a poder tornar-se mestre de sua própria mente, empregando-a em seu potencial mais amplo e benéfico. O mestre budista do século oitavo, Shantideva, dizia: 

Se este elefante da mente é atado por todos os lados pelo cordão da presença mental, 
Todo medo desaparece a a felicidade completa emerge.
Todos os inimigos: tigres, leões, elefantes, ursos, serpentes [das nossas emoções]²
E todos os guardiões do inferno; os demônios e os horrores,
Todos se submetem à maestria da sua mente,
E pelo domar dessa mente, todos são subjugados,Porque é da mente que procedem os temores e penas infinitas.³

Como o escritor que só domina a espontânea liberdade de expressão depois de anos de estudo muitas vezes estafante, e tal como a simples graça de uma bailarina só é conquistada com enorme e paciente esforço, quando começamos a entender onde a meditação nos levará, saberemos aproximar-nos dela como sendo o grande empenho da nossa vida, aquele que demanda de nós a mais profunda perseverança, entusiasmo, inteligência e disciplina."

² Os animais ferozes e selvagens que eram ameaça no passado, hoje foram substituídos por outros perigos: nossas emoções selvagens e descontroladas.
³ Marion L. Matics, Entering the Path of Enlightenmente: The Bodhicaryavatara of the Buddhist Poet Shantideva (Londres: George, Allen anda Unwin, 1971), 162.

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 88

domingo, 16 de abril de 2017

RETO AGIR

"Se você já descobriu que um dos caminhos mais eficientes que nos re-ligam a Deus é ajudar, servir, amparar, proteger... aqueles que precisam, comece agora mesmo.

Mas pondere:

(1) não o faça pretendendo com isto receber algo de volta, e nem mesmo se envaideça como o autor da ação benemérita;

(2) não se deixe abater pelos muitos obstáculos do caminho, nem pelos resultados frustradores;

(3) ofereça a Deus todos os frutos que vier a colher.

Sirva, sabendo porém que a você só corresponde fazer o esforço.

Os resultados são de Deus.

Só assim se é feliz ao ajudar.

Só esta forma de servir conduz a Deus.

Tú és o Trabalhador.
Que seja eu Teu instrumento."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 101)


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

QUANDO DEUS CHEGA, CAEM OS VÉUS DA ILUSÃO

"A Terra é um lugar de muitas imperfeições. Quando existe prosperidade, então estoura uma guerra, fazendo com que a humanidade regrida muitos séculos. Mas não leve muito a sério os altos e baixos da vida. Não importa o que aconteça no mundo, diga para si mesmo: 'Tudo bem. Estou apenas sonhando no sonho de Deus - nada pode me afetar. Sou feliz. Nada me prende. Estou sempre pronto, Senhor, para sair do sonho ou nele permanecer, segundo a Tua vontade.' Assim, você será livre - é um pensamento maravilhoso.

Tudo o que você faz com o pensamento em Deus é muito diferente da mesma experiência sem Ele. Outro dia, levaram-me para ver um filme: quando me dei conta, estava em samadhi. Alguém perguntou: 'O senhor não está assistundo ao filme?' Respondi: 'Sim, tudo é filme - é um filme dentro de outro'. O cinema, as cenas, as pessoas sentadas - eu via tudo como imagem na imensa tela da consciência cósmica.

O que quer que esteja fazendo, quando Deus chega, você fica completamente inebriado. Caem os véus da ilusão e você recebe a resposta de tudo o que quiser saber. Neste estado de consciência pode enxergar longe, no passado e no futuro. Em geral, não faço questão de ver essas coisas, mas quando estou interessado consigo vê-las. E vejo as almas dos que chegam a mim. Ninguém me engana. Conheço todos por dentro e por fora, mas nunca falo sobre isso, pois não estou interessado no lado mau das pessoas, só o bem me interessa.

Não estimulo as multidões de curiosos, e sim as verdadeiras almas em seu romance individual com Deus. Que alegria, que felicidade! Ter o amor e a proteção do Divino é a suprema conquista, e você a realizará aqui se fizer um esforço."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 287)


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O PENSADOR E O PENSAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Será possível experimentar aquele estado em que só existe uma única entidade e não dois processos separados — o experimentador e a experiência? Se o experimentarmos, talvez possamos descobrir o que é ser criador e conhecer um estado em que nunca há deterioração, em quaisquer relações em que se encontre o homem. 

Sou ambicioso. Eu e a ambição não somos dois estados diferentes; só há uma única coisa, que é a ambição. Se estou cônscio de que sou ambicioso, que acontece? Faço um esforço para não ser ambicioso, atendendo a razões sociais ou religiosas; este esforço estará sempre dentro de um círculo limitado. Posso dilatar o círculo, mas ele será sempre limitado. Por conseguinte, nele está presente o fator da deterioração. Mas, se investigo um pouco mais profunda e atentamente, vejo que a entidade que faz esforço é a causa da ambição, ela própria é ambição. E percebo também que não há 'eu' e ambição, separados, e sim apenas ambição. Se reconheço que sou ambicioso, que não há o observador que é ambicioso, mas que eu mesmo sou a ambição, o problema se torna então muito diferente; nossa reação a ele é de todo diferente e nosso esforço não é mais destrutivo. 

Que fareis, ao reconhecer que todo o vosso ser é ambição e que toda ação que executais é ambição? Infelizmente, não estamos acostumados a pensar nessa direção. Há o 'eu', a entidade superior, o soldado que controla e domina. Para mim, esse processo é destrutivo. É uma ilusão e sabemos por que assim procedemos. Divido-me em 'superior' e 'inferior', com o fim de subsistir. Se eu sou a ambição, completamente, se não há um 'eu' atuando sobre a ambição; se eu sou todo ambição, que acontece, então? Por certo, há então um processo inteiramente diverso, nasce um problema diferente. Este problema, sim, é criador, porque nele não há sentimento do 'eu' que domina e que 'vem a ser', positiva ou negativamente. Devemos alcançar esse estado, se queremos ser criadores. Nesse estado, não há entidade que faz esforço. Esta questão não exige 'verbalização', ou que se procure descobrir o que é aquele estado; se vos aplicardes a ela dessa maneira, saireis perdendo e nada achareis. O importante é perceber que a entidade que faz esforço e o objeto para o qual o esforço é dirigido, são a mesma coisa. São necessárias uma compreensão e uma vigilância extraordinárias, para ver como a mente se divide em 'superior' e 'inferior' — sendo que a parte 'superior' é a segurança, a entidade permanente, que continua, todavia, a ser um processo de pensamento e por conseguinte uma coisa do tempo. Se pudermos compreender isso, como experiência direta, veremos então surgir um fator inteiramente diferente."

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 93/94)


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CORAGEM E VONTADE (2ª PARTE)

"(...) É costume falar-se de 'mau carma' quando ocorre um resultado desagradável ou penoso. Às vezes, perguntamos o que fizemos para merecer tal coisa, mas na verdade não há nem bom nem mau carma, no que diz respeito a este assunto, existe somente a lei inflexível que dirige os acontecimentos divinos. Uma das primeiras coisas que o aspirante aprende é a identificar-se com a lei universal, tanto no que concerne ao seu próprio destino quanto ao dos outros, adaptando assim sua vontade à Vontade Daquele que o criou. Isso não quer dizer fatalismo ou resignação cega, mas esforço incessante para compreender e cooperar com as forças evolutivas da Natureza. 'Ajude a Natureza e trabalhe com ela.' (V.S.) Nada pode acontecer fora da Grande Lei. Mas isso não quer dizer que abandonemos tudo para sofrer, como é, às vezes, a atitude no Oriente. O simples fato de aí estarmos e podermos ajudar indica que queremos ajudar. É parte do 'carma' de outrem. Mas também significa suportar nosso destino com coragem e sem queixas.

Entrar no caminho oculto, mesmo em seus limites externos, é provocar grandes resultados cármicos. Isto é devido a que todas as energias do homem são dirigidas para um canal, e o resultado é potente e imediato. Para usar um símile rudimentar - é como um campo coberto com drenos. Se for aberto um canal e para ele drenados os canalículos, o fluxo resultante poderá mover um moinho. A vida do discípulo, encurtando por seu esforço seu tempo de crescimento, é geralmente cheia de problemas, acontecimentos inesperados que ele tem de encarar e dominar, aparentemente sozinho. Isso requer enorme coragem. Consequentemente, todos os aspirantes devem reunir suas reservas mais profundas de coragem."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 156


terça-feira, 4 de outubro de 2016

A EXAGERAÇÃO

"É especialmente necessário que o aspirante evite toda inquietação e agitação. Muitos são os cooperadores energéticos e ardorosos que malgastam a maioria de seus esforços, sem obter deles resultados efetivos por cederem a tais vícios, pois se circundam de uma aura de trêmulas vibrações, que distorce todo pensamento ou sentimento que a atravessa e praticamente neutraliza toda influência harmoniosa procedente do interior. Sede absolutamente exatos; mas atingi a exatidão pela calma perfeita e nunca por inquietudes e agitações. 

Outro ponto que é mister incutir em nossos estudantes é que em ocultismo sempre expressamos exatamente o que dizemos, nem mais nem menos. Quando estabelecemos a regra de que não se deve dizer nada ofensivo a outrem, entende-se no sentido absoluto; não tão só que temos de passar a reduzir o número de censuras e maledicências que soltamos cada dia, senão que deve cessar definitivamente toda crítica e murmuração. Estamos muito acostumados a ouvir conselhos e máximas morais sem crer que se há de praticá-los rigorosamente, como se um assentimento superficial ou um débil esforço para tentar cumpri-los fosse tudo quanto a religião exigisse de seus fiéis. Cabe-nos eliminar por completo esta atitude mental e compreender que em ocultismo se exige a estrita e literal obediência às instruções dadas pelo Mestre ou o seu discípulo."

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 98/99

sábado, 9 de julho de 2016

EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

"O diretor (de uma escola) é um bom exemplo da atitude que você deve desenvolver. A qualquer momento ele sabe que as cadeiras, as mesas e os bancos não são seus, não obstante, sabe também que é dever seu cuidar que nenhum item da mobília ou equipamento se perca ou se deteriore. Sabe também que tudo deve estar intacto quando ele sair. Mantém-se, portanto, em vigilância, embora desapegado. Os sentidos, a inteligência, o coração e a mente são como um mobiliário posto sob sua responsabilidade. Com desvelo, não se descuide. Se algum 'móvel' foi danificado por descuido, assinale no inventário e explique as circunstâncias, e busque a Graça de Deus.

Descubra, por si mesmo, seu estágio de evolução espiritual e para qual série da escola você está preparado. Depois determine-se a prosseguir para a série imediatamente mais elevada. Dê o melhor de seu esforço, e obterá a Graça de Deus. Não barganhe e nem se desespere. Um passo de cada vez é o bastante, desde que seja dado em direção à meta e não se desviando. Fique alerta quanto ao orgulho baseado em riqueza, erudição e status, que puxaria você para o egoísmo. Não fareje os erros dos outros, mas procure conhecer os seus. Sinta-se feliz com a prosperidade dos demais. Compartilhe com os outros sua alegria."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 151 e 154)


domingo, 26 de junho de 2016

DIFICULDADES DA IOGA

"Três forças que militam contra a iluminação são:

1. Inércia - fadiga mental e física.

2. Humor - instabilidade mental e emocional.

3. A ação satânica da mente - quando a mente nos diz que todos os nossos esforços são inúteis e que  nunca conseguiremos fazer progresso ou ter êxito na ioga; que o melhor mesmo é desistirmos nesta vida, gozarmos a vida e recomeçarmos outra vez numa data futura.

Assim jogamos fora nossas brilhantes linhas de comunicação com os estados de alegria e paz permanentes e usamos outra vez as amarras do pensamento objetivo, justamente a felicidade momentânea da vida pessoal no universo material.

Os Mestres nos asseguraram, dizendo: 'Cada um de Nós teve que lutar contra a completa inércia da matéria física. Alguns homens morreram e outros ficaram loucos nesta tentativa.' Podemos confiar piamente nos Mestres, pois Eles guiam os aspirantes fiéis ao longo de todos os perigos até que alcancem a segurança. Lembrem-se de que os Mestres têm registros e memórias de muitos milhares de casos de insanidade em vários graus que afetaram aqueles que procuraram forçar seu caminho aos mundos Causal e mais elevados em plena consciência de vigília. Na verdade, é provável que alguns dos Mestres passaram por esta experiência em vidas anteriores."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 156
www.ediorateosofica.com.br


sexta-feira, 13 de maio de 2016

ATIVIDADES VIRTUOSAS


"Comprometer-se com atividades virtuosas é um pouco como criar uma criança pequena. Há uma grande quantidade de fatores envolvidos. E, principalmente no começo, precisamos ser prudentes e habilidosos em nossas tentativas de transformar nossos hábitos e temperamentos. 

Também temos de ser realistas a respeito daquilo que esperamos conseguir. Levou muito tempo para ficarmos do jeito que somos, e não se mudam hábitos da noite para o dia. É bom olhar para cima à medida que se progride, mas é um engano julgar nosso comportamento utilizando o ideal como padrão. 

Por isso, é muito mais eficaz, em vez de alternar breves rompantes de esforço heroico com períodos de relaxamento, trabalhar com constância, como um rio fluindo em direção a um objetivo de transformação." 

(Dali-Lama - O Caminho da Tranquilidade - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 - p. 36)