"(...) o objetivo de uma enfermidade é, em princípio, o aperfeiçoamento do
próprio homem. Como já dissemos, antes de nascer ele consegue ver claro sua meta
evolutiva e programa acontecimentos que proporcionarão os recursos para que
certas circunstâncias se deem nos planos físico e psíquico no decorrer daquela
encarnação. Como esse programa é traçado pelo eu superior, apoiado nas formas
que carmicamente estarão disponíveis, sempre se leva em conta o grau de vigor do
indivíduo. Por isso nunca acontece de uma prova, no caso de uma enfermidade, ser
maior do que sua capacidade de suportá-la. É o fato de não aceitá-la e de ele
reagir diante das evidências que coloca mais peso sobre a situação, tornando-a,
muitas vezes, insuportável. Isso é válido inclusive no que se refere à dor
física, como veremos mais adiante.
Ao passar por uma enfermidade, se souber
trabalhá-la e trabalhar-se a si mesmo através dela, o homem adquire forças que
substituirão aquelas que anteriormente tinha e que eram insuficientes para o
grau de desenvolvimento almejado pela sua supraconsciência. Às vezes esse
trabalho pode ser feito na mesma encarnação em que surgiu a enfermidade, e o
novo potencial pode emergir a curto prazo; outras vezes, o campo é preparado
através de experiências mais ou menos dolorosas e longas, e os resultados só vão
manifestar-se em uma ocasião futura.
O processo de nosso desenvolvimento e
evolução obedece a ritmos ordenados. Alguns deles são individuais, e outros
grupais, nacionais, planetários ou cósmicos. Por isso, a libertação de um
potencial após a purificação de resquícios do passado se dá quando chega, para o
indivíduo, o momento oportuno, mas pode acontecer também que um potencial já
livre de obstáculos permaneça reservado para algum ciclo de caráter mais amplo.
O indivíduo aguarda então oportunidades de servir em um âmbito maior e espera
que as circunstâncias para isso não estejam prontas apenas em si mesmo.
Eis por
que, muitas vezes, seria inútil querermos prolongar nossa encarnação além do
tempo necessário e previsto, inseridos que estamos, sempre, em ciclos que
envolvem movimentos maiores e menores, a depender da força de nosso potencial:
precisamos estar disponíveis no correto momento grupal, astrológico e planetário
em que esse pontencial for de maior benefício.
Durante as provas, o sofrimento
pode ser aumentado quando os pensamentos se prendem ao corpo físico e os
sentimentos aos desejos do corpo emocional. Havendo relutância em abandonar
esses desejos, ou demorar-se demais a mente sobre os assuntos tipicamente
físicos, o sofrimento recrudesce. Como veremos, o corpo físico tem uma
consciência própria e, na maior parte dos casos, não necessita que interfiramos
nela. A consciência do corpo físico, quando desenvolvida, sabe melhor do que a
mente humana o que fazer e como agir. Qualquer força de pensamento que
voluntariamente lhe dirijamos pode perturbar-lhe a ação, fazendo-a assim
recolher-se ou acomodar-se a receber ordens mentais, em vez de passar por um
processo de crescente desenvolvimento.
Uma pessoa cujo corpo físico esteja
condicionado por ideias mentais, mesmo que provenientes do seu ocupante,
certamente o terá doente. A mente conhece apenas o que diz respeito às suas
vivências anteriores; mas a consciência do físico, além de ter a experiência
passada, está desenvolvendo nesta época (entre outras coisas) a capacidade de
liberar a substância luz presente em cada célula. A intuição que essa
consciência deverá ir adquirindo precisará crescer para que ela mesma se eleve.
Ter fé na realização dessa possibilidade e permitir que ela desabroche é uma das
funções do espírito humano em sua vida sobre a Terra."
(Trigueirinho - Caminhos
para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 43/45)
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