OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 8 de novembro de 2022

O DESMONTE DO EU

"Jiddu Krishnamurti diz que somos todos indivíduos programados, condicionados. Quando crianças, aos assumirmos a consciência, por volta dos sete anos de idade, apresentam-nos um Deus a quem devemos adorar e render culto. Por termos nascido no Brasil, dentro de uma cultura cristã, aprendemos a amar e a adorar Jesus Cristo. Se tivéssemos nascido em algum país islâmico, adoraríamos a Alá e cresceríamos nos ritos do Islamismo. Inculcam, em nossas mentes, valores como família (pai, mãe, avós, tios, primos), a quem devemos prestigiar e respeitar profundamente; pátria e nação, à qual devemos adorar e amar como nossa torrão natal - mal sabemos que, neste culto egoísta de origem, está a raiz de todas as guerras.

Nesse processo 'educacional' está embutido o esforço de nossa modelagem segundo o padrão aceitável pela sociedade. Se não respondermos positivamente a esses padrões, corremos o risco de ser marginalizados. Desta forma, nossa mente incorpora procedimentos e 'verdades', que formam o conjunto que passamos a encarar como nosso verdadeiro eu.

Esta não é a natureza original com que nascemos, mas uma segunda natureza adquirida e modelada pela sociedade. Aí vem a pergunta: e o que isso nos torna? Torna-nos alienados de nós mesmos, de nossa verdadeira essência. Perdemos a nossa liberdade de ser. Passamos a ser autômatos responsivos, em comportamento, a padrões implantados em nossa mente. Prosseguimos a 'farsa de ser', alimentando conflitos, medos e frustrações.

Diplomados na 'educação para a vitória' pois desde crianças ensinam-nos a colocar a vitória como objetivo, em todos os nossos empreendimentos, tornamo-nos competitivos, os membros ideais para o sistema onde fomos educados e onde vivemos. Ora, se vencemos, que é o objetivo da educação, tem que haver pelo menos um vencido, não é? Se tem que existir um vencido, que não seja eu, mas que seja o outro, pois a palavra que passamos mais a repelir em nossas concepções chama-se 'fracasso'. Alimentamos, o tempo todo, o desejo animal em nós, e surpreendemo-nos, como sociedade organizada, quando esse animal sai do controle e mostra a sua cara.

Segundo Rohit Mehta, a nossa mente livre transita naturalmente por três estados (que são qualidades da matéria): Tamas, Rajas e Sattva (nomes em sânscrito). Tamas é aquele estado passivo e receptivo da mente, onde ela se coloca em posição de receber; Rajas é aquele ativo, dinâmico, onde ela é enérgica e agente; e Sattva é aquele estado de harmonia mental, onde a mente se realiza, se acalma.

O trânsito da mente por esses estados é um fluxo normal de energia, que flui livremente ao sabor das impressões que os sentidos captam do ambiente. Por força, entretanto, desses padrões existentes, que a educação inculca na mente, surge, no curso desse fluxo, vórtices de energia que interferem na corrente normal. Esses vórtices são, segundo Mehta, os Centros de Reação da mente, que aparecem em função de uma figura que nasce nessa troca do eu com o ambiente. Essa figura chama-se interpretador. O interpretador desfigura a impressão natural, e passamos a perceber as coisas objetivas não como elas são, mas como o interpretador quer que seja. É assim que nasce e incorpora-se, ao eu, a natureza objetiva do ser. Essa é a natureza responsável por todos os conflitos e desencontros humanos, por todos os medos, pelas dores, angústias e sofrimentos.

Na realidade, em função dela, não 'somos'; passamos a ser o que querem que sejamos."

(Ernani Eustáquio de Oliveira - O desmonte do eu - Revista Sophia, Ano 19, nº 92 - p.15)
Imagem: Pinterest.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O PODER DE ESCOLHER

"Uma escolha sugere uma consciência, um alto grau de consciência. Sem ela, não há escolha. A escolha começa no instante em que nos desidentificamos da mente e de seus padrões condicionados, o instante em que nos tornamos presentes.  

Até alcançar este ponto, você está inconsciente, espiritualmente falando. Significa que você foi obrigado a pensar, sentir e agir de determinadas maneiras, de acordo com o condicionamento da sua mente.

Ninguém escolhe o problema, a briga, o sofrimento. Ninguém escolhe a doença. Eles acontecem porque não existe presença suficiente para dissolver o passado, ou luz suficiente para dispersar a escuridão. Você não está aqui por inteiro. Você ainda não acordou. Nesse meio tempo, a mente condicionada está governando a sua vida. 

Do mesmo modo, se você é uma das inúmeras pessoas que têm assuntos mal resolvidos com os pais, se ainda guarda, ressentimentos por alguma coisa que eles fizeram ou deixaram de fazer, então você ainda acredita que eles tiveram uma escolha e poderiam ter agido diferentemente. Sempre parece que as pessoas fizeram uma escolha, mas isso é ilusão. Enquanto a sua mente, com os seus padrões de condicionamento, dirigir a sua vida, enquanto você for a sua mente, que escolhas você tem? Nenhuma. Você não está nem ligando. O estado identificado com a mente é altamente defeituoso. É uma forma de insanidade. 

Quase todas as pessoas estão sofrendo dessa doença em vários graus. No momento em que você perceber isso, não haverá mais ressentimento. Como você pode se ressentir com a doença de alguém? A única resposta adequada é compaixão. 

Se você é governado pela mente, embora não tenha escolha, vai sofrer as consequências da sua inconsciência e criar mais sofrimento. Você vai carregar o fardo do medo, das disputas, dos problemas e do sofrimento. Até que o sofrimento force você, no final, a sair do seu estado de insconsciência."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2016 - p.132/133)