OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 4 de julho de 2024

MANTER CONDUTA HABILIDOSA QUANDO ESTIVER COM OS OUTROS

"[74] Quando estamos com nossos amigos ou conhecidos, devemos estimulá-los a praticar o Darma de maneira habilidosa e sutil. Devemos também nos considerar como um aluno dos outros e aceitar com alegria e respeito qualquer conselho não solicitado que venhamos a receber deles. Se outra pessoa nos der uma lição de Darma, devemos pôr de lado nosso orgulho e receber esse ensinamento de bom grado. 
(...). 

[75] Sempre que alguém estiver fazendo uma atividade virtuosa, devemos nos regozijar e elogiá-lo ou falar sobre suas boas qualidades. [76] E, se ouvirmos alguém sendo elogiado, devemos nos juntar ao coro geral e exaltar ainda mais suas virtudes e qualidades. O que fazer quando nós formos elogiados? Nunca ficar inflados de orgulho, mas simplesmente reconhecer se, de fato, temos ou não tais qualidades.

Em resumo, precisamos permitir que todas as nossas ações de corpo, fala e mente se voltam para a felicidade dos outros. [77] Raramente encontramos tal conduta benéfica neste mundo. Devemos desejar que tudo o que fazemos - viajar, trabalhar, comer, beber água ou qualquer outro atividade - se direcione para o benefício de todos os seres. E especialmente ao falar, devemos considerar tão somente a felicidade dos outros. 

[78] Qual é o benefício de agirmos dessa maneira? Neste mundo, podemos constatar que, se formos prestativos e agradarmos aos outros, nossos atos bondosos serão retribuídos; não há dúvida de que seremos tratados com bondade pelos outros. Seremos queridos, carinhosamente apreciados e encontraremos grande felicidade, tanto nesta vida como em vidas futuras. Por outro lado, se formos invejosos das boas qualidades alheias, ingratos e excessivamente críticos. nossa própria mente ficará infeliz e perturbada e plantaremos sementes para muito sofrimento no futuro. 

Em vez de procurar falhas no comportamento dos outros e enaltecer nossas próprias qualidades, devemos fazer exatamente o oposto. A disciplina do Darma consiste em examinar regularmente nosso próprio comportamento, encarar nossas deficiências e reconhecer as boas qualidades dos outros. As práticas do Darma são tão vastas que é difícil compreender e seguir todas elas. No entanto, é suficiente simplesmente nos exercitar em duas disciplinas: abandonar nossas falhas e nos regozijar com as boas qualidades dos outros. Como disse o grande Professor indiano Atisha:

Não procurem falhas nos outros, procurem-nas e si mesmos e purgem-nas como se fossem sangue ruim. 
Não contemplem suas próprias boas qualidades, contemplem as boas qualidades dos outros e respeitem a todos como um servo o faria."

Geshe Kelsang Gyatso, Contemplações Significativas, Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009, p. 210/211.
Imagem: Pinterest. 

 

quinta-feira, 17 de junho de 2021

CONTEMPLAR AS FALHAS DA INDOLÊNCIA NESTA VIDA

"Shantideva, agora dirige-se à mente governada pela indolência e a castiga severamente como segue:

[4-5] Assim como os cervos e pássaros capturados na armadilha de um caçador serão finalmente mortos; sob a influência da delusão, os seres estão emaranhados na rede do samsara. Não vês que, no passado, todos os seres sencientes foram devorados pelo Senhor da Morte e que tu também terás o mesmo fim? Indiferente à idade, ao estado de saúde ou a qualquer outra consideração, o Senhor da Morte massacra sistematicamente todos aqueles ao teu redor. Se entendes isso, por que não praticas o Darma, em vez de perseguir desejos mundanos e entregar-se ao sono? (...)

Conforme diz Shantideva, como podemos continuar envolvidos em atividades sem sentido, quando a morte está se aproximando furtivamente de nós? [6] Embora o Senhor da Morte esteja tentando nos matar e impedir nossa viagem pelo caminho que leva à cidade da libertação, não sentimos medo e continuamos viciados nos apegos mesquinhos e nos prazeres de dormir e de comer. [7] Em breve, a hora da morte chegará e, então, será tarde demais para abandonarmos a preguiça. Devemos acordar desse estupor indolente e praticar o Darma agora mesmo!

[8] Nossa vida está repleta de tarefas que impomos a nós mesmos; algumas nem foram começadas, outras acabam de ser iniciadas e outras foram parcialmente concluídas. No entanto, qualquer que seja o estado dos nosso assuntos mundamos, a morte descerá sobre nós subitamente. Completamente despreparados, ficaremos aterrorizados e será tarde demais para nos arrepender. Pensem no que acontecerá quando a morte finalmente chegar. Estaremos repletos de ansiedade. [9] Haverá muito choro quando nossos familiares, ao redor do nosso leito de morte, perderem qualquer esperança de nos ver recuperados. [10] Visões apavorantes, um reflexo da nossa não virtude do passado, vão aparecer diante de nós, e ficaremos envoltos em um sentimento de profunda melancolia. (...) A morte chegará um dia sem sombra de dúvida e, se nada fizermos para livrar nossa mente da delusão, ela será tão temível qanto o que foi descrito. Portanto, precisamos superar a indolência e começar nossa prática de Darma imediatamente."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 275/276)


terça-feira, 8 de junho de 2021

SIMPLESMENTE PASSAR PELOS SOFRIMENTOS DOS REINOS INFERIORES NÃO CONDUZIRÁ À SALVAÇÃO

"[22] Quando as sementes do nosso carma não virtuoso amadurecem, somos arremessados a um dos três reinos inferiores de renascimento. Permaneceremos ali até que o fruto daquele carma tenha sido exaurido. Quando essa carma se esgotar, ficaremos livres do sofrimento? A resposta é não. Ainda que tenhamos exaurido o fruto de certas sementes de não virtude, nos reinos inferiores cometemos muitas outras não virtudes por causa da nossa ignorância. Um ser que nasça num dos reinos inferiores é incapaz de praticar virtude; sua vida é gasta acumulando ações não virtuosas. Todas essas ações plantam sementes em sua consciência e estas vão amadurecer como uma experiência de sofrimento futuro.  

Enquanto estivermos no samsara e levarmos uma vida condicionada pela ignorância, não poderemos  dizer que pusemos fim ao nosso sofrimento. Os seres afortunados que conquistaram a libertação do sofrimento não o fizeram deixando que seu carma negativo se esgotasse por si só ou ficando à espera de que suas desgraças cessassem; eles seguiram um caminho de meditação e extirparam a causa específica do sofrimento. Quando cumprem suas sentenças os detentos são libertados da prisão; mas, no samsara, ninguém é sentenciado por um período determinado, depois do qual será automaticamente libertado. A única maneira de escapar do samsara é reconhecer que a ignorância é a raiz do nosso sofrimento e, então, meditar sobre o caminho de sabedoria que extirpa essa raiz.

Não existe felicidade verdadeira no samsara. Podemos pensar que reis e presidentes são, de algum modo, mais felizes que o restante de nós, mas eles também experienciam muitos sofrimentos em suas vidas. Do mendigo mais miserável ao líder mundial mais poderoso, todos sofrem, seja mentalmente, por não conseguirem obter aquilo que desejam e por encontrarem aquilo que não desejam; seja fisicamente, por terem de enfrentar as dores do nascimento, doença, envelhecimento e morte. Os gritos de um recém-nascido e as lamentações de um moribundo no seu leito de morte não deixam dúvida sobre a presença constante da dor e da insatisfação. Convenhamos que o choro de um bebê ao nascer não é de felicidade!

Se quisermos exaurir nosso sofrimento, precisamos estudar qual é a causa do samsara e qual é o remédio para eliminá-lo. É só no Darma que esses assuntos são plenamente analisados. O que significa Darma? Significa 'proteger'. O que é protegido depende do escopo da nossa prática. No escopo inicial, a prática de Darma protege-nos de cair nos três reinos inferiores. No escopo intermediário,m protege-nos de renascer em qualquer reino do samsara. Por fim, no escopo mais elevado - o de um praticante mahayana - somos protegidos de todas as falhas e desvantagens do auto-apreço e levados à plena iluminação. Todas as práticas de Darma, sem exceção, estão incluídas nesses três escopos. Portanto, para pôr um fim ao nosso sofrimento, temos de praticar o Darma conscientemente."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 156/157)


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

PRATIQUES O DARMA AGORA (PARTE FINAL)

"(...) Algumas pessoas pensam que vão praticar o Darma quanto tiverem concluído seus afazeres mundanos. Isso é um erro, pois nosso trabalho neste mundo nunca acaba. Trabalho é como uma pequena ondulação de água movendo-se continuamente na superfície do oceano. É muito difícil ficar livre das nossas ocupações a fim de poder praticar o Darma. O trabalho interminável com o qual preenchemos a vida só se conclui no hora da nossa morte.

Ainda que sejamos jovens e saudáveis, bem alimentados, elegantes e livres de circunstâncias desfavoráveis, a vida pode repentinamente nos enganar. Nosso corpo é um objeto que nos foi emprestado por pouco tempo. Se quisermos gerar a preciosa bodichita, teremos de fazê-lo no decorrer desta vida. Dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, nosa vida vai passando. Até enquanto dormimos, a vida está esvaindo. Não podemos ter certeza de que a morte não descerá subitamente sobre nós. Apesar de tudo isso, cada um de nós pensa: 'Não vou morrer hoje... nem amanhã'. Mesmo quando estamos doentes e acamados, continuamos a pensar dessa maneira. E até no dia em que nossa morte chegar, em vez de estarmos pensando na morte iminente, é provável que estejamos fazendo planos inúteis para um futuro que não viveremos para ver. Mas todos nós vamos morrer; é por isso que a vida é tão enganosa. 

Se nosso corpo nos pertencesse definitivamente, poderíamos levá-lo conosco ao morrer, mas na hora da morte vamos ter de deixá-lo para trás, assim como todas as nossas outras posses, que são meros empréstimos. Por que nos aferrar a esse corpo, nascido da união do óvulo da nossa mãe e do espermatozóide do nosso pai, como se fosse nosso, verdadeiramente nosso? Em vez disso, devemos pensar nesta vida como um engano transitório, compreendendo que a maré da vida reflui segundo a segundo. Devemos refletir profundamente sobre a certeza e a imprevisibilidade da chegada da nossa morte e lembrar que nosso corpo é simplesmente um objeto tomado de empréstimo. Se pudermos obter uma compreensão profunda desses pontos, por certo nossa mente se transformará. Deixaremos de desperdiçar nossos tempo e daremos uma nova direção e propósito à nossa vida. Do contrário, ficaremos simplesmente marcando passo à espera da morte.(...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 153/154)


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

PRATIQUES O DARMA AGORA (1ª PARTE)

"Buda disse que, enquanto os seres sencientes estiverem sob a influência da ignorância, terão de experienciar as quatro características do samsara: 1) o nascimento conduz inevitavelmente à morte; 2) aquilo que é reunido, por fim, deve se dispersar; 3) aqueles que ocupam posições elevadas, por fim, caem em estados inferiores; 4) todos os encontros, por fim, resultam em separação. Devemos examinar essas quatro características com muito cuidado. Quem quer que possua um status elevado, uma boa reputação ou riqueza verá isso, por fim, diminuir, decair e, em última instância desaparecer. Existe algum real prazer a ser extraído dessas aquisições e alguma delas pode nos ajudar na hora da morte? Quem pode nos ajudar nessa hora - nosso cônjuge, amigos, familiares, nossas posses ou o governo do nosso país? Pensar que viveremos neste mundo para sempre é enganar-se grosseiramente. Este mundo não possui moradores permanentes. Dos bilhões de indivíduos que hoje estão vivos, quem ainda estará aqui em cem anos? Somos simplesmente viajantes passando por este mundo e, como viajantes, devemos pensar em nos abastecer corretamente para a nossa jornada. O que precisamos levar conosco? Nenhum dos prazeres temporários antes mencionados terá qualquer valor na hora da morte; somente a prática do Darma - o treino, o controle e a purificação da nossa mente - pode nos proteger do sofrimento.

Algumas pessoas rezam para que sejam capazes de praticar o Darma na sua próxima vida, pois acham que não têm a oportunidade de praticar agora. Isso é tolice. Tivemos um renascimento humano perfeito, encontramos os ensinamentos mahayana e temos a rara oportunidade de praticar o Darma. Se não aproveitarmos essa oportunidade agora, quando reencontraremos outro renascimento humano perfeito no futuro? É raro que um Buda apareça neste mundo, raro ter um precioso renascimento humano plenamente dotado e raro gerar fé num ser iluminado. Portanto, visto que já obtivemos todas essas circunstâncias preciosas, devemos praticar o Darma agora.

Não devemos desperdiçar este precioso renascimento humano, conquistado a custa de muito esforço, em nome do conforto da vida atual. Em vez disso, precisamos usar essa rara oportunidade para gerar a preciosa mente do bodichita. Atualmente temos visão clara, audição acurada, mente lúcida e boa saúde. Se não praticarmos o Darma agora, quando tivermos oitenta ou noventa anos, se é que viveremos até lá, será tarde demais para fazê-lo. Ainda que tenhamos a intenção de praticar o Darma, nossos sentidos estarão em declínio, a nossa mente instável e o nosso corpo doente. Como diz um provérbio tibetano: 'Se não praticares o Darma enquanto és jovem, quando a velhice chegar, te arrependerás'.(...)" 

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 151/152)


sábado, 3 de março de 2018

SUPERAR A PREGUIÇA DE SENTIR ATRAÇÃO POR AQUILO QUE É SEM SENTIDO OU NÃO VIRTUOSO

"Sempre que somos atraídos por divertimentos triviais e tagarelice ou ficamos completamente distraídos por espetáculos ou negócios, é sinal de que nossa mente foi vencida pela preguiça: a preguiça de sentir atração por desejos mundanos e ações não virtuosas. É insensato abandonar a alegria suprema que nasce da prática de Darma e, em vez disso, ficar feliz em criar causas de sofrimento. Por que sentir atração por prazeres triviais - como cantar, dançar etc. -, é causa de sofrimento? O motivo é que tais trivialidades entulham com inúmeros obstáculos o caminho que leva à felicidade sublime. Se desejamos felicidade duradoura, devemos praticar o Darma; e se queremos algo para abandonar, devemos desistir daquelas atividades mundanas que não levam a nada, exceto a intolerável sofrimento.

Esse conselho não significa que na vida espiritual não há lugar para momentos de descontração, como ouvir música, nem quer dizer que atividades como tratar de negócios são incompatíveis com o Darma. Como foi enfatizado ao longo do Guia de Shantideva e neste comentário, é a nossa motivação que determina a virtude ou a não virtude de uma ação. Com a motivação adequada - como, por exemplo, o desejo de beneficiar os outros -, existem muitas atividades chamadas de mundanas que podemos fazer, sem ter medo de estar perdendo nosso tempo ou criando causas de sofrimento futuro. O que está sendo enfatizado nesta seção, sobre o segundo tipo de preguiça, é que muitos dos nossos entretenimentos e ocupações da vida diária são diversões inúteis ou sem sentido. Nossa motivação para nos entregar a elas, geralmente, não é nada mais que um egoísmo mesquinho, sem contar que muitas de nossas atividades costumeiras são prejudiciais aos outros. É o nosso apego por esse tipo de conduta que constitui a preguiça, porque todo esforço canalizado nessa direção nos desvia dos propósitos mais elevados na nossa preciosa vida humana."

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009 -. p. 278/279)