"Quando você falar mal de alguém pelo simples gosto do mexerico ou pela força do hábito, lembre-se: o Pai Celestial irá julgá-lo da mesma maneira. Atraímos aquilo que damos. Se propalarmos as fraquezas dos outros, a Lei Divina, de uma maneira misteriosa, tornará públicas as nossas.
O mexerico nunca cura sua vitima; apenas a torna colérica, desesperada ou envergonhada. Fortalece sua determinação de continuar a ser má. Reza um provérbio: 'O homem que perdeu uma orelha entra na cidade pelas vielas a fim de mostrar a que resta e esconder a que falta. Mas aquele que perdeu as duas entra pela rua principal. pois nada tem a ocultar'.
A pessoa cujas falhas morais ficam indevidamente expostas torna-se descuidada e impudente como o homem que perdeu as duas orelhas e por isso, não faz nenhum esforço para evoluir. Assim, não devemos julgar de um modo que prejudique a pessoa julgada.
'Não julgues os outros; julga a ti mesmo.' Se gosta de denunciar em altos brados os erros alheios, satisfaça esse prazer falando aos quatro ventos dos seus - esteja certo de que não vai gostar nem um pouco disso! Se não pode tolerar um minuto sequer a publicidade de seus próprios defeitos, então não se rejubile espalhando os dos outros.
O mal que você divulga sobre seus semelhantes ganha corpo por que as pessoas estão sempre prontas a punir a vítima sem conhecer as circunstancias que a levaram a falhar moralmente. Sem dúvida, em casos raros, o medo da exposição desperta em algumas pessoas o desejo de serem boas; mas esse desejo desaparece quando suas faltas são tornadas públicas. Além disso, pela publicidade, o erro da pessoa fica parecendo mais grave, enquanto gente com fraquezas bem maiores permanece ignorada.
Se existe sujeira mental em sua própria residência interior, trate de limpá-la e não perca tempo comentando o lixo mental da casa dos outros. Os críticos autoproclamados em geral não se dão ao trabalho de averiguar suas próprias fraquezas. Acham que estão muito bem porque conseguem ver as mazelas alheias. Não se esconda por trás dessa errônea cortina de fumaça mental. A menos que seja um modelo de perfeição, não tem o direito de ensinar aos outros como se livrar das falhas que você mesmo apresenta.
Somente uma pessoa gentil, sensata e equilibrada poderá criticar as faltas alheias. Segundo a lei de causa e efeito, se você julgar os outros com brandura, receberá o mesmo tratamento do princípio da Verdade, que às ocultas governa o mundo. Se julgar os outros com aspereza, atrairá dos outros críticas contundentes, que o tornarão infeliz.
Não é sábio pôr a nu as fraquezas alheias, causando embaraços e provocando ressentimentos. Julgar com crueldade as más ações dos outros nos faz esquecer que o pecador é apenas um filho de Deus vitimado pelo erro. Odeie o pecado, mas nunca o pecador, pois ele é seu irmão divino cujo entendimento foi eclipsado pela ignorância. A finalidade do julgamento deve ser apenas terapêutica, sem o arroubo impiedoso da cólera. Temos de tratar a pessoa vitimada pelo erro do modo como gostaríamos de ser tratados caso estivéssemos em seu lugar. No mesmo espírito com que julgarmos seremos julgados pela lei divina."
(Paramhansa Yogananda - A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2011 - p. 25/26)
Imagem: Pinterest.
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