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Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 10 de novembro de 2022

ACEITAÇÃO E MUDANÇA

"Aceitar as coisas 'como elas são 'é um dos argumentos fundamentais de Eckhart Tolle na obra O Poder do Agora. Essa receita, que parece nos convidar ao imobilismo, é, por sinal, frequentemente citada como uma das causas do estado de pobreza do povo indiano, embora lá se apresente também um dos mais baixos índices de criminalidade. O teósofo C. Jinarajadasa aborda esse paradoxo em um de seus textos, ressaltando a profunda diferença entre o pensamento indiano e o ocidental, em face dos reveses da vida.

Marcado pela cultura hinduísta, o indiano típico não procura racionalizar a causa de seu desconforto, segundo Jinarajadasa. Diante de um resfriado, provavelmente não dirá, como um europeu ou americano, 'peguei esse resfriado porque tomei chuva ontem'. Para ele tudo é fruto: do karma, de uma sucessão de causas e efeitos cujo início pode até mesmo estar muito longe daquele momento específico. Em face disso, ele apenas aceitará em seu 'agora' o fato de estar resfriado, ou seja, aquilo que 'é'.

O relato de Jinaradasa nos leva a pensar que, se o indivíduo não atentou para a provável causa do resfriado, será levado a repetir o problema. Mas o que ocorre quando pensamos saber a causa de um problema e o repetimos sempre - como é bastante comum?

Primeiramente temos que analisar o sentido daquilo que 'é', segundo Tolle, e isso corresponde ao fato que se encontra diante de nós. O que é um fato? É tudo o que nos rodeia, independentemente de julgamentos, e também o que surge em nosso corpo neste momento: perturbação, doença, fadiga. São ocorrências do mundo fenomênico, tratadas como a Grande Ilusão (Maya) na filosofia hindu, em virtude de sua impermanência.

Podemos negar a impermanência de tudo o que vivemos agora, seja em matéria de saúde, bens materiais ou relações afetivas? Tudo isso vai mudar, vai passar, dentro em pouco ou no máximo em alguns anos; no entanto, em nosso mundo de inconsciência nós agimos como se fosse durar para sempre. Nossa ânsia de prolongar o prazer ou evitar a dor nos faz correr atrás de alguma mágica que possa apagar da nossa frente aquilo que 'é': a impermanência.

Apesar da impermanência de tudo, neste momento cada situação é um fato, e isso inclui os nossos limites pessoais. AÍ reside um dos maiores problemas de convivência: quando ignoramos nosso limite ou o limite alheio como um fato, dentro da natureza do agora, esperamos dos outros mais do que podem nos dar, e até mais do que temos o direito de pedir.

Ao nos sugerir a aceitação daquilo que 'é', Tolle não nega a validade de tentarmos mudar, buscando, por exemplo, o remédio para uma doença. Ele diz 'aceite', e depois, se for o caso, 'aja'. Qual é o efeito disso? Quando você aceita uma situação agradável ou desagradável apenas como um fato, não como algo a que se agarrar ou rejeitar de imediato, deixa de fazer o eterno jogo da polaridade prazer-dor, repetindo os problemas. Então surge à sua frente um outro fato: a escolha mais sábia e menos dolorosa possível, porque ela nasce agradável ou desagradável apenas como um fato, não como algo a que se agarrar ou rejeitar de imediato, deixa de fazer o eterno jogo da polaridade prazer-dor, repetindo os problemas. Então surge à sua frente um outro fato: a escolha mais sábia e menos dolorosa possível, porque ela nasce de seus canais espirituais, intuitivos, e não de sua mente, que é prisioneira da reatividade e do tempo.

Esse talvez seja o resultado da fé que produz milagres ou da resignação indiana - se é boa ou má, de fato não podemos avaliar. Em ambos os casos, porém, a implícita atitude de entrega deve abrir caminho para nosso Deus pessoal. Ele é livre do tempo e infinitamente mais capaz de fazer escolhas do que o intelecto, pois está em harmonia com a Vida Universal."

(Walter Barbosa - Aceitação e mudança - Revista Sophia Ano 19, nº 96 - p. 12/13)
Imagem: Pinterest.


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