"Porém, não acredite que essa pressão, essa frustração completa, não existia antes que você tomasse consciência dela. Ela existia, mas criou outras saídas, talvez na doença física ou em outros sintomas. À medida que você se dá conta do núcleo central, a pressão e a dor podem se tornar mais agudas, mas é assim que tem que ser o processo de cura. Você então dirige a sua consciência para a causa central, onde o problema realmente reside. Você focaliza a sua atençao sobre a raiz. Você troca a sua ênfase da evasão para a realidade. A verdadeira dor tem que ser experimentada em todos os seus tons e variedades. Você tem que se dar conta de que as suas necessidades são exatamente ambos, dar e receber. Você precisa sentir e observar a frustração de não encontrar uma válvula de escape, a pressão acumulada, o sentimento momentâneio da desesperança quanto a encontrar alívio; a tentação de fugir uma vez mais. À medida que você batalha através dessa fase e fica mais forte, você não foge mais de si mesmo e do risco aparente de viver. Oportunidades surgirão no seu caminho. Você as verá e fará uso delas. Elas lhe ensinarão a progredir no seu crescimento e na sua força até que as suas necessidades possam encontrar satisfação parcial, e então aumentá-la pouco a pouco enquanto você cresce e muda os seus padrões.
Você precisa entender que nesse período você se encontra num estado transitório. Você se conscientizou da sua necessidade de receber, que é saudável em si mesma, mas essa necessidade tornou-se exageradamente forte e, portanto, imatura, por causa da sua repressão sobre ela e da consequente frustração da satisfação sadia de receber. Se você não recebe o bastante, sua demanda fica desproporcionada, especialmente quando você está inconsciente dessa exigência estrita.
Devido ao seu progresso e ao crescimento que ocorreu dentro de você, a necessidade madura de dar também cresceu. Você pode não ter encontrado um escape para ela por causa dos padrões destrutivos que ainda estavam atuando; talvez apenas em parte, talves de forma modificada. Você pode até ter iniciado tentativas de um acordo entre o velho e o novo caminho, este último sendo o desejado. Porém, não esqueça que resultados efetivos só podem ocorrer quando os novos padrões se tornam uma reação integrante e quase automática em você. Seus velhos padrões têm existido por anos, por décadas, e com frequência por mais tempo. Agora, enquanto você aprende e começa a mudar interiormente, a mudança externa não chega imediatamente. Nesse período, a pressão interna pode se tornar mais forte ainda. Contudo, se você se apercebe de tudo isso e tem a coragem de enfrentá-lo, necessariamente virá a ser uma pessoa mais forte, mais feliz, mais bem equipada para viver no verdadeiro sentido da palavra. Tenha cuidade para não voltar à evasão. Não acredite que esse período temporário no qual você encontra toda a pressão interna acumulada, com o desamparo, a inadequação e a confusão que a acompanham, seja o resultado final. Ele é o túnel através do qual você tem de passar.
Depois que o fizer, o seu senso de força, de adequação e o seu tirocínio vão crescer constantemente - com ocasionais recaídas, é claro. Mas se você fizer com que cada recaída se transforme em outro ponto de apoio, em mais uma lição, os novos padrões, com o tempo, irão firmar-se no seu Ser Interior, fazendo com que você veja as possibilidades que deixou de perceber por tanto tempo. Você então vai ter a coragem de se aproveitar dessas possibilidades, em vez de rejeitá-las por medo. Assim, e só assim, a satisfação virá.
É tão importante para você entender isso, conscientizar-se disso. Se isso acontecer, as vantagens serão suas. (...)"
(Eva Pierrakos e Donovam Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 113/115)
Imagem: Pinterest.
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