"Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.
Qualquer um de nós tem todo o direito de gostar e de praticar a religião que quiser, até mesmo mais de uma se assim o desejarmos. Porém, devemos ter cuidado para que uma mistura de religiões não confunda nossa cabeça. O motivo é simples: as diferentes religiões apresentam algumas afirmações contraditórias entre si. Precisamos saber no que estamos acreditando. Estudar um pouco as religiões não é má ideia. As religiões são caminhos que nos levam a Deus e, assim sendo, qualquer caminho pode ser adequado desde que se escolha aquele que melhor alcança o nosso coração. O dramaturgo irlandês Bernard Shaw nos oferece um resumo preciso desta situação quando diz: 'Só existe uma religião, embora dela existam centenas de versões.'
Escolher uma religião depende de vários fatores, além dos propriamente religiosos. É importante, por exemplo, avaliar a qualidade da comunidade que se organiza em torno da prática religiosa. Convém também observar o tipo de vida que levam as pessoas que frequentam a religião, seu grau de alegria, felicidade e amor à vida. E deve-se estar atento aos dirigentes, pois eles são a melhor amostra da qualidade de seu grupo.
Para distinguir uma igreja séria de outra que estimula o fanatismo das pessoas basta observar se a preocupação de seus líderes é com a alegria e felicidade das pessoas ou com sexo e dinheiro. Vale a pena lembrar também que as boas igrejas são tolerantes com as diferentes crenças religiosas e não procuram se impor como a única certa e verdadeira. Devemos sempre nos lembrar que todos os caminhos conduzem a Deus e que Sua atitude é de bondade e tolerância.
A intolerância religiosa tem sido uma permanente causa de instabilidade social e de graves conflitos nos últimos três mil anos. Desde que pela primeira vez se estabeleceu a ideia de um Deus único e verdadeiro, se criou, ao mesmo tempo, a legitimação do direito de impor aos outros uma religião como sendo a melhor e a certa. Daí para as guerras religiosas foi um pequeno passo. Ninguém deve impor suas ideias aos outros, principalmente quando esta imposição é feita à força, pelos que detêm o poder."
(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2002 - p. 149/150)
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