terça-feira, 25 de maio de 2021

A BUSCA DA VERDADE - excertos 3 e 4

"3.  O mundo não tem substância própria. É apenas a vasta concordância das causas e condições que tiveram sua origem, única e exclusivamente, nas atividades da mente, estimulada pela ignorância, falsas imaginações, desejos e estultícia. Não é algo externo sobre o qual a mente tenha falsos conceitos: não tem nenhuma substância. Apareceu com os processos da própria mente, manifestando suas próprias delusões. É baseado e construído pelos desejos da mente, sem seus sofrimentos e lutas incidentais à dor causada por suas próprias cobiça, ira e estultícia. Os homens que buscam o caminho da Iluminação devem estar prontos para combater esta mente, para poderem atingir seu objetivo.

4.  Ó mente! Por que pairas incansavelmente assim sobre as cambiantes circunstâncias da vida? Por que me deixas tão confuso e inquieto? Por que me incitas a coligir tantas coisas? És como o arado que se quebra em pedaços antes de começar a arar; és como o leme que se desmantela, no momento em que te aventuravas neste mar da vida e da morte. Para que servem os muitos renascimentos se não fazemos bom uso desta vida?

Ó mente minha! Uma vez me levaste a nascer como rei, e outra, me levaste a nascer como um pária e a mendigar meu alimento. Às vezes me faz nascer em divinas mansões dos deuses e a morar na luxúria e êxtase, depois me atiras nas chamas do inferno. 

Ó minha tola, tola mente! Assim me conduziste por longos e diversos caminhos e sempre te fui obediente e dócil. Mas agora que ouvi os ensinamentos de Buda, não mais me perturbarás ou me causarás sofrimentos. Busquemos juntos a Iluminação, humilde e pacientemente.

Ó mente minha! Se pudesses aprender que tudo é não substancial e transitório; se pudesses aprender a não te apegares às coisas, por elas não ansiares, a não dares vazão à cobiça, ira e tolice, então, poderemos caminhar em paz. Se rompermos os grilhões dos desejos com a espada da sabedoria, se não nos abalarmos com as mutáveis circunstâncias da vida, com a vantagem ou desvantagem, com o bem ou mal, com a perda ou lucro, com o louvor ou o abuso, então, poderemos viver em paz.

Ó mente querida! Foste tu que primeiro despertaste em nós a fé; foste tu que sugeriste a nossa procura da Iluminação. Por que, facilmente, dás lugar à cobiça, ao amor pelo conforto e ao prazer novamente?

Ó minha mente! Por que saltitas para cá e para lá, sem um definido propósito? Cruzemos este bravio mar da delusão. Até aqui agi como desejaste, mas agora deves agir como eu quiser e, juntos, seguiremos o ensinamento de Buda.

Ó mente querida! Estas montanhas, estes rios e mares são inconstantes e fontes do sofrimento. Onde, neste mundo de delusão, poderemos encontrar paz? Sigamos o ensinamento de Buda e atinjamos a outra praia da Iluminação."

(A Doutrina de Buda, Bukkyo Dendo Kyobai, Terceira edição revista, 1982, p. 305/309)


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