"A nossa morte é a separação permanente entre o nosso corpo e
a nossa mente. Podemos experienciar muitas separações temporárias do nosso corpo e mente, mas elas não são a nossa morte.
Por exemplo, quando aqueles que concluíram seu treino na prática conhecida como 'transferência de consciência' entram em
meditação, a mente deles se separa do corpo. O corpo desses
meditadores permanece onde estão meditando, mas a mente
vai para uma Terra Pura e, então, retorna para o corpo deles. À
noite, durante os sonhos, nosso corpo permanece na cama, mas
a nossa mente vai para diversos lugares do mundo do sonho e,
então, retorna para o nosso corpo. Essas separações de nosso
corpo e mente não são a nossa morte, porque essas separações
são apenas temporárias.
Na morte, nossa mente separa-se permanentemente do nosso
corpo. O nosso corpo permanece no local de sua vida, mas a nossa
mente vai para os diversos lugares das nossas vidas futuras, como
um pássaro deixando um ninho e voando para outro. Isso mostra
claramente a existência das nossas incontáveis vidas futuras e que a
natureza e a função do nosso corpo e da nossa mente são muito diferentes. Nosso corpo é uma forma visual que possui cor e formato,
mas nossa mente é um continuum sem forma que sempre carece
de cor e formato. A natureza da nossa mente é um vazio semelhante ao espaço, e ela atua percebendo ou entendendo objetos – essa é
a sua função. Por meio disso, podemos compreender que o nosso
cérebro não é a nossa mente. O cérebro é simplesmente uma parte
do nosso corpo que, por exemplo, pode ser fotografado, ao passo
que não podemos fazer o mesmo com a nossa mente.
Podemos não ficar felizes ao ouvir sobre a nossa morte, mas
contemplar e meditar sobre a morte é muito importante para a efetividade da nossa prática de Dharma. O motivo é que contemplar
e meditar sobre a morte impede o principal obstáculo à nossa prática de Dharma – a preguiça do apego às coisas desta vida – e nos encoraja a praticar o puro Dharma agora. Se fizermos isso, realizaremos o verdadeiro sentido da vida humana antes da nossa morte."
(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno - Ed. Tharpa Brasil, 3ª edição, 2015 - p. 32/33
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