"Com frequência as coisas mais profundas são encontradas naquilo que é familiar, mas muitas vezes elas são negligenciadas. Há uma atividade comum em que todos nos engajamos - falar, dar voz a nossos pensamentos e sentimentos. A maioria de nossa fala tende a ser casual, mais ou menos por hábito ou cortesia. Todos nós já ouvimos a pergunta 'Como está você?' num dia em que não estamos nos sentindo bem, e respondemos de imediato 'Bem!' - porque essa é a conduta social.
Se pensarmos um pouco mais sobre o dom divino da fala, poderíamos ser mais conscientes do modo como a usamos. A fala é um reflexo de um poder divino que está dentro de todos nós. É muito considerada nas Escrituras de inúmeros povos do mundo. Na Bíblia, as primeiras palavras do Evangelho de João afirmam que 'no princípio era o Verbo' - a fala não como nós a entendemos, mas talvez no sentido do som que trás todas as coisas à existência.
Quanto João fala da vinda do Grande Instrutor, do surgimento de um Avatar, a linguagem usada é: 'E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós.' Uma compreensão clara do poder da palavra, corretamente entendida, é algo que perpassa as religiões do mundo.
Em A Doutrina Secreta, H. P. Blavatsky escreveu sobre o som e a fala: 'Pronunciar uma palavra é evocar um pensamento, e torná-lo presente: a potência magnética da fala humana é o começo de toda manifestação no Mundo Oculto.' Blavatsky escreveu a respeito da capacidade da fala de magnetizar, de atrair para si. Isso não se relaciona apenas às práticas ocultas conscientes, mas às conversas normais em que nos engajamos de momento a momento.
Na maioria das vezes usamos a fala sem sabedoria. Segundo Blavatsky, emitir uma palavra é evocar um pensamento e torná-lo presente. Toda palavra que dizemos, seja casual ou profunda, traz um pensamento à nossa presença e à presença dos outros. Ela prossegue dizendo: 'Emitir um nome não é apenas definir um ser, mas colocá-lo sob a influência de uma ou mais potêmncias ocultas.' Assim, ao simplesmente dizermos um nome, nós nos engajamos num ato que registra a participação de 'potências' cooperativas.
É claro que, em nossa conversação normal, não aplicamos um nível de pensamento tão profundo. Estamos apenas conversando, e para nós não é algo tão sério ou importante. Mas a verdade é que nosso discurso é sempre algo com essa profundidade. Pronunciar um nome é definir um ser e colocá-lo sob a influência de forças divinas - ou daquelas forças mais adequadas à fala irrefletida e a uma mente que não é refinada. (...)" continua...
(Tim Boyd - A palavra e o caminho - Revista Sophia, Ano 18, nº 87 - p. 5/6)
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