OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 10 de novembro de 2020

O OBSERVADOR E O OBSERVADO (10ª PARTE)

"25. Com a dissolução da ignorância, desaparece o fenômeno observador-observado, resultando na emergência da percepção pura.

Percepção pura indica ver as coisas como de fato são. Se conhecemos a vida como ela é a qualquer momento, sem nenhuma projeção da mente, então podemos conhecer o segredo do reto relacionamento com esta vida. A percepção pura é o ponto crucial de todo o problema do Yoga. Da reta percepção surge o reto relacionamento, naturalmente e sem esforço. Mas como pode haver reta percepção, enquanto estivermos presos em avidyã? Portanto, a questão é: como podemos sair desta ignorância, uma vez que sem sua dissolução não há perspectiva para o homem de libertar-se da dor e do sofrimento? Há uma maneira pela qual podemos dissolver avidyã? Patañjali diz: 

26. Um percebimento ininterrupto é a única maneira de dissolver avidiã ou ignorância. 

A palavra utilizada neste sutra é aviplavã, significando contínuo. O que precisa ser contínuo? Mais uma vez, a palavra utilizada é viveka-khyãti, aquele percebimento através do qual as coisas são claramente distinguidas. Se este percebimento que destingue claramente as coisas for mantido ininterrupto, ele nos levará à dissolução de avidyã. Patañjali chama isso de hãnopãyah, um instrumento que dispersa as nuvens da ignorância. Pode-se perguntar: do que precismos ser côncios? Deve ser em relação ao fenômeno observador-observado. Isso significa que precisamos estar cônscios de todo o processo de continuidade pelo qual asmitã ou o senso do eu mantém-se ativo. Exige a observação do processo dos apegos e das repulsões, uma vez que constituem o campo onde será visto o abhinivesa da própria asmitã. Em outras palavras, é por meio de rãga e dvesa que o senso do eu busca dar continuidade a si mesmo . Obviamente, não há ignorância maior do que a continuidade de algo que tende a dissolver-se. No senso do eu há uma falsa identidade. A maneira mais correta de dissolvê-la está em observar como esta falsa identidade busca sua continuidade através dos apegos e repulsões. Mas o percebimento deve ser ininterrupto. Quando ele é interrompido? Quando o pensamento entra no campo do percebimento. A entrada do pensamento é deliberada, pois a mente não quer que o processo de percebimento continue de uma maneira ininterrupta. Ela compreende que um percebimento causaria a dissolução da própria entidade que busca dar continuidade. Esta entidade, o senso do eu, é produto da mente. A mente investiu tudo nesta entidade, e se ela for dissolvida, ficaria completamente falida. A fim de que não tenha que enfrentar esta condição nada invejável de falência total, ela deseja que o processo de percebimento seja constantemente interrompido. Mas aquela ignorância pode ser dissolvida apenas através de um percebimento ininterrupto. É possível impedir a mente de interferir no processo de percebimento? Essa é uma questão que faz parte da meditação, e, portanto, sua resposta pode ser encontrada somente após termos conhecido o que é meditação. Neste sutra, Patañjali preocupa-se em mostrar o caminho que conduz à dissolução de avidyã. Ele acrescenta no próximo sutra que: (...)"

(Rohit Mehta - Yoga a arte da integração - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 99/100)
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