Exemplo disto temos em que os quadrúpedes silvestres dão voltas e mais voltas na espessura do bosque para apanhar a erva e arranjar o lugar para dormir comodamente. É uma deliberada ação resultante do pensamento e do desejo. Não obstante, um cão doméstico dá também várias voltas, antes de deitar-se para dormir sobre um lugar onde não há erva para alisar. É uma ação involuntária que resulta do automatismo subconsciente. Um cavalo aguça as orelhas em direção das vibrações sonoras para melhor perceber o som; ou, de modo casual, ele movimenta-as a fim de localizar a direção de um som; em compensação o homem não tem mobilidade nos lóbulos das orelhas. Não obstante, a subconsciência pode despertar-se vigilicamente pelo pensamento e pelo desejo, de modo que ponha em ação os atrofiados músculos que governarão a mobilidade dos lóbulos da orelha.
Assim, pode ser conquistada, ainda uma vez, a faculdade de reter o alento e as pulsações do coração, para o qual se necessita consumir muita energia mental e volitiva.
Também, pertence à subconsciência a 'memória das células', exercitada na construção e reconstrução dos tecidos, cicatrizações das feridas, etc. Esta memória ou instinto inteligente das células pode ser governada e dirigida pelo poder da vontade para a rápida cura das lesões sofridas pelo organismo. Os chamados 'milagres' de cura de enfermos se efetuam, em muitos casos, estimulando por este meio a rápida e anormal atividade das energias físicas. Nós, os teósofos, atribuímos à subconsciência das memórias adormecidas, os desejos e ações do passado; porém, a supraconsciência é para nós a vasta área da consciência humana que, pouco a pouco, segundo o homem evoluciona, vai formando o campo da consciência vigílica.
Convém advertir que o instável equilíbrio da matéria cerebral é de duas classes: a instabilidade da irritação, histeria e excitação que conduz à loucura; e a instabilidade derivada da evolução, em que a vida se debate contra a forma e faz pressão nela. Esta condição precede sempre ao adiantamento do homem e constitui o gênio. Daí a comum e errada expressão de que 'o gênio confina com a loucura'. Constantemente ambos são fundidos, porém, são dois polos opostos: a loucura é o término do caminho descendente que conduz o homem à degeneração do bruto pela subconsciência; o gênio é o mais alto grau da capacidade humana, da crista da orla da evolução, que se esforça em alcançar a supraconsciência e ilumina o caminho que há de ser percorrido pela humanidade."
Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 98/100)
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