Os psicólogos ocidentais começaram a colocar a pessoa em sono, e despertaram-na depois para lhe perguntar de que se recordava. Posteriormente a colocaram em sono e a interrogaram sem despertá-la. O sono, neste estado, era extático, isto é, o ego se ausentava do corpo, e assim não se despertava a pessoa até que lhe focassem uma luz elétrica sobre os olhos ou disparassem um tiro perto de seus ouvidos, ou lhe atravessassem a carne com uma agulha. O coração diminuía suas pancadas, a respiração apenas era percebida e o sangue circulava lentamente, carregado de resíduos carbônicos, até alcançar o estado comatoso do organismo. Entretanto, em tais condições, a pessoa respondia às perguntas que se lhe formulavam e os resultados eram assombrosos.
As primeiras experiências desta espécie ²⁷ foram efetuadas pelos mesmeristas do século XIX, e pelos hipnotizadores no fim do mesmo século. O mesmerismo e o hipnotismo são dois procedimentos muito diferentes, embora ambos deixem o ego livre de seu corpo físico, e consintam que o estudante os distinga."
²⁶. Esta palavra é a que com maior propriedade etimológica expressa a ideia significada pela anglo-francesa 'transe', que pode achar-se inalteravelmente traduzida em muitos tratados de psiquismo, sendo que em nossa língua a palavra transe tem um significado mui distinto do transe a que se refere o texto. Pelo contrário, êxtase equivale a transporte e se deriva das palavras gregas ek (fora) e stasis (base), ou seja 'fora da base', isto é, fora do corpo, no caso de que tratamos. Transe em nosso idioma, não dá ideia da ausência do ego, que é condição indispensável do êxtase, e sim que se contrai ao definir o ponto rigoroso de algum acontecimento, como por exemplo quando dizemos transe da morte. O êxtase tanto pode ser o artificialmente provocado no médium espírita como o natural dos místicos.
²⁷. A comunicação direta com o ego que deixava em sono extático seu corpo físico e era consciente no mundo astral, valendo-se do corpo de emoções como veículo de atividade, isto é, o mesmo corpo astral que também está revestido na vida terrena, muito embora atue no corpo físico. (N. do T.)
Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 79/80)
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