"Existem três grandes qualidades, que é necessário possuir; a primeira é um desejo
ardente; a segunda, uma vontade firme; a terceira, uma clara inteligência.
Sem estas qualidades, é impossível caminhar por senda tão difícil; para poder
compreendê-las, é preciso analisá-las e como podem estas qualidades evoluí em nós
mesmos.
Embora a Yoga não seja nada mais do que aplicação das leis da evolução da matéria,
bem como dos poderes da inteligência; no entanto, em certo sentido, não é para ser
seguida por todo o mundo; só pode sê-lo por poucas pessoas. Todo mundo pode começar,
todo mundo pode tratar de aplicar em si mesmo, pouco a pouco, estas leis; porém, sem
um método consciente, sem uma ininterrupta e resoluta prática, não pode converter-se
num fato para qualquer homem ou mulher. Só alguns dentre nós podem verdadeiramente
converter-se no que se chama um yogue. Somente aqueles que a praticam resolutamente
e seguem a Yoga propriamente dita têm possibilidade de êxito nesta empresa.
Assim, dissemos que a Yoga requer, em primeiro lugar, um desejo ardente. Sem este
desejo é impossível qualquer êxito; é tão longo o caminho, as dificuldades são tão grandes
que somente aquele que ardentemente deseja pode seguir por esta senda.
Examinai a vós mesmos e encontrareis em vosso interior um grande número de
desejos, porém que são passageiros, fugitivos; não são perduráveis; hoje desejais uma
coisa, amanhã outra. Os desejos mudam continuamente no caminho do progresso normal
da evolução; é preciso sentir todos estes desejos para evocar os poderes da inteligência e
da alma.
Algumas vezes se fala dos desejos como se estes fossem uma coisa má, e que é preciso
não ter desejos. Isto só é verdade uma vez alcançado certo grau, porém, não é verdade no
caminho onde se buscam as experiências.
Nossos livros falam das sendas chamadas Pravritti, a senda pela qual se vai, e Nivritti, a
senda pela qual se volta; e segundo a senda que alguém siga, deve ou não ter desejos.
Mas procurar matar os desejos quando ainda não se está suficientemente
desenvolvido, é um erro fatal, comum a muitas pessoas. Credes por ventura que o Logos,
criador do Universo, teria enchido este mundo de objetos próprios para despertar o
desejo, se quisesse que este não existisse? Se Deus não quisesse que os homens sentissem
desejos, o mundo seria muito diferente do que é; na senda não se encontrariam objetos agradáveis que vos atraem dizendo a cada instante: 'Eis-me aqui; toma-me'. (...)"
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