"P:
Se depois da destruição de meu corpo meu Ego some em um estado
de inconsciência completa, onde terá lugar o castigo pelos pecados cometidos
durante minha vida passada?
T: Nossa filosofia ensina que somente em sua próxima encarnação o
Ego encontra o castigo kármico. Depois da morte, apenas recebe o prêmio dos
sofrimentos imerecidos que experimentou durante sua encarnação passada⁷.
Todo o castigo depois da morte - até para um materialista - consiste,
portanto, em não receber recompensa alguma e na perda total da consciência
da própria felicidade e descanso. Karma é filho do Ego terrestre, o fruto das
ações da árvore que constitui a personalidade objetiva visível para todos,
assim como o fruto de todos os pensamentos e até dos motivos do 'Eu' espiritual, mas Karma é também a mãe carinhosa e eterna que cura as feridas
infligidas por ela durante a vida anterior, sem torturar aquele Ego, causando-lhe
novos sofrimentos. Se se pode dizer que não existe nenhum sofrimento - mental ou físico - na vida de um mortal, que não seja fruto e consequência
direta de algum pecado cometido em uma existência prévia; por outro lado, o
homem não conservando a menor recordação disto em sua vida atual,
considera que não merece tal castigo e que está sofrendo por um crime que
não é seu. Basta isso para que a alma humana tenha direito ao consolo,
descanso e bem-aventurança mais completos, em sua existência post-mortem.
Para nossos Egos espirituais a morte sempre se apresenta como
salvadora e amiga. Para o materialista, que não foi mau apesar de seu
materialismo, será o intervalo entre as duas vidas semelhante ao sono
tranqüilo e não interrompido de uma criança, ou seja, inteiramente livre de
sonhos ou cheio de imagens de que não tem percepção definida; enquanto
que para o mortal comum, será um sonho tão vivo e animado como a própria
vida, cheio de felicidade e visões reais."
⁷ Alguns teósofos discordaram desta frase, mas as palavras são do Mestre, e seu sentido unido à palavra 'imerecidos', é o que foi dado antes. No folheto número 6, da T.P.S. (Sociedade Teosófica de Publicações), empregava-se uma frase com a mesma ideia, de que depois se fez uma crítica em Lúcifer. A palavra era 'desgraçada' e se prestava à crítica que se fez dela; mas a ideia essencial era que os homens sofrem frequentemente por efeito de ações consumadas por outros; efeito que não faz
parte essencialmente de seu próprio Karma, e, como é natural, merecem a compensação desses sofrimentos.
(Blavatsky - A Chave da Teosofia - Ed. Três, Rio de Janeiro, 1973 - p. 156/157)
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