"O caminho do conhecimento é o caminho da luz, e aquele que deve trilhar esta vereda deve aprender a deixar de lado todos os atributos que toldem esta luz, pois seu destino é encher-se tanto de luz até que ela possa irradiar através de si para iluminar o mundo inteiro. Desde o início, portanto, deve despir-se de tudo possa velar a luz dos olhos daqueles que, mais tarde, irá iluminar.
O preconceito é o grande lançador de véus, o maior inimigo de todos os que procuram conhecimento, a maior barreira à iluminação. Deixe-se que o neófito, em sua busca de conhecimento, comece a estudar a si mesmo, pois somente conhecendo a si vai um dia conhecer o grande Eu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir os muitos véus em que sua longa peregrinação o envolveu; somente pelo autoconhecimento ele poderá descobrir a maneira de lançar fora tais véus. Para dentro, pois, e não para fora, deve o estudante lançar-se nesta pesquisa; tendo encontrado o Eu dentro de si, o Eu externo lhe será revelado.
Há um caminho levando do não-eu ao Eu, do material ao espirirtual, da ignorância para a iluminação; este caminho é o caminho do conhecimento; uma das extremidades está na carne, a outra, no espírito. O homem de carne deve procurar entrar na carne, enquanto sua contraparte espiritual - o homem interno - deve buscar a entrada no espírito. Encontradas as duas entradas, deve procurar o centro ao qual as duas entradas conduzem. Este centro comum é a Mansão de Luz, o lugar de iluminação, o Santo dos Santos, onde espírito e matéria são unidos pela luz. Não é um edifício, ou algum sacrário terreno, é o Templo da Luz, de onde brilha a 'verdadeira luz que ilumina cada homem no mundo'; é o vaso através do qual a Luz Única, que brilha eterna do sol espiritual, alcança a escuridão dos mundos materiais em sua caminhada em direção à iluminação. Dentro do templo há um altar, e no altar arde uma chama que acendeu quando sua alma foi formada, e arde continuamente até que um dia o próprio homem se transforme na labareda; então, como Sansão na antiguidade, ele investe com todas as forças contra os pilares do templo, que cai em ruínas ante seus pés; pois ele, que se tornou um Deus, não precisa mais de um altar para cultuar aquilo em que se tornou; assim o templo cai em ruínas, e os milhares de mortos soterrados são os inúmeros véus que ele agora aprendeu a descartar, para que a luz brilhe em plenitude sobre o mundo.
Antes desta grande consumação, muitas vidas de estudo e pesquisa ainda há pela frente, para o neófito que anda pela trilha do conhecimento. Em suas muitas vidas, antes que a grande decisão tenha nascido, ele tem estado cercando a si mesmo com véu após véu, cada um velando mais e mais a luz que vem da chama sobre o altar de seu Eu Superior. Doravante ele deve entender-se como um desvelador, pois tal é sua missão no caminho do conhecimento. Primeiro ele deve romper os véus que lançou sobre si mesmo, e depois retirar os véus alheios, pois cada professor verdadeiro é um desvelador. O maior de todos os véus é o preconceito, e daqui em diante, em seu caminho, ele deve ser como uma criancinha, professando a mais chã ignorância, pois, possuindo nenhum conhecimento, ele não pode ter nenhum preconceito; para que, esvaziando-se, possa ser preenchido; para que, tendo uma mente aberta e desanuviada, possa oferecê-la como cálice perfeitamente traslúcido, para ser enchido com a luz do conhecimento. (...)"
(Geoffrey Hodson - Sede Perfeitos - Canadian Theosophical Association)
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