"(...) A libertação pode ser vista tanto como um fim quanto como um processo. A compreensão do processo no qual estamos envolvidos abrirá uma visão quanto ao fim.
O processo é contínuo, é a senda descrita na filosofia indiana como a senda do retorno. A senda na qual o homem não anseia por mais experiência do tipo provido pelo mundo, mas, tendo chegado a um ponto de saturação, busca conhecer o valor e significado de tudo isso, e ao compreender, descobrir a si mesmo. Ele então atinge o estágio de descobrir o que está sendo limitado e o que o limita.
Aquilo que deve ser liberado na realidade somos nós mesmos, como somos profundamente dentro de nós, e não como normalmente sentimos que somos. O puro fluir de nossa consciência tornou-se dividido e estreitado, e coloriu-se de apegos, repulsões, ganância, medo, convencionalismos e hábitos.
Libertação é essencialmente se libertar do carcereiro do egoísmo frio e venenoso do qual todo mal que vemos é apenas o resultado monstruoso. Nossa experiência diária pode ensinar-nos que o amor, como uma emoção ou força abnegada, é o único e supremo libertador de nosso egocentrismo.
Infelizmente, nos dias de hoje, a palavra amor assumiu uma importância aviltada. Passou a conotar excitação sexual física, sua indulgência e um estado de possessividade baseado na ânsia por tal excitação. Não é o amor de São Paulo em sua carta aos Coríntios ou bhakti (devoção com autoentrega) do verdadeiro devoto.
O principal meio de libertação em relação ao nosso próximo só pode ser amor expresso em serviço, ação na qual o eu é esquecido e através da qual um Eu Superior é manifestado, resultando na criação de beleza e felicidade. (...)"
(N. Sri Ram – O Interesse Humano – Ed. Teosófica, Brasília, 2015 – p. 38/39)
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