"(...) Com o mundo nesse clima insano de matança e destruição, lançando o homem contra o homem, chegou o tempo daqueles que têm realmente bons propósitos atacarem o problema radical e profundamente e não lidar com meras acomodações e reformas sociais. Por isso, é importante saber por si mesmo onde colocar a ênfase e não depender dos outros para decidir o que fazer. Se você dá importância à psicologia do pensador apenas porque eu dou importância, você é um imitador: pode ser persuadido a imitar outra pessoa, quando isso não lhe servir mais. Portanto, você deve considerar esse problema seriamente, profundamente, e não esperar que alguém lhe diga a que deve dar ênfase.
As religiões organizadas, o poder e os partidos políticos, o socialismo, o comunismo, o capitalismo, todos falharam, porque não lidaram com a natureza fundamental do homem. Queriam apenas acomodar influências e fatores externos. Que valor isso pode ter quando o homem está doente por dentro, machucado e confuso? Um bom médico não se interessa apenas pelos sintomas. Os sintomas não passam de indicações; é preciso erradicar a causa.
Um homem zeloso, portanto, tem que ir até a causa, e não jogar superficialmente com palavras. A causa fundamental dessa miséria que há no mundo é a falta de compreensão dos nossos processos internos. Não queremos colocar ordem dentro de nós mesmos, somente ordem exterior. Haverá ordem exterior quando houver ordem no interior, porque o interior sempre sobrepuja o exterior.
A ênfase dos nossos esforços deve estar nos processos psicológicos, com todas suas implicações. Só pode haver felicidade e paz quando uma pessoa compreende a si mesma, e um homem feliz não entra em conflitos com seu vizinho. O homem infeliz e ignorante, ao contrário, está sempre em conflito; aonde quer que vá, cria mais discórida e miséria. O homem que compreende a si mesmo está em paz, e suas ações são pacíficas."
(J. Krishnamurti - O pensador precisa entender a si mesmo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 25)
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