"(...) 7. A Renúncia aos Frutos da Ação. Aqui está a essência de toda a filosofia, encerrada numa casca de noz. É a Ação que nos mantém presos à Roda dos Nascimentos, Mortes e Renascimentos, porque Ação é Karma. Não importa que a ação seja física, moral ou mental; ela nos encadeia às esferas de atividades regidas pelo Karma. Devemos, então, desistir de fazer alguma coisa, por causa disso? Não! Como, então, devemos agir sem deixar que a ação tenha qualquer força repressora sobre nós? Aqui está o segredo, e não há livro no mundo que exponha mais claramente a forma do que 'A Canção do Senhor', ou Bhagavad-Gitã. Ele nos ensina a trabalhar e a agir, oferecendo todas as ações ao Senhor Supremo e deixando as consequências para Ele. Se trabalharmos para ter recompensas na Terra, sim, mesmo que trabalhemos para sermos recompensados no Céu, os frutos amadurecerão onde a semente foi plantada. E a Terra e o Céu nos manterão fora do Nirvana, isto é, fora do que é imensamente maior do que o mais alto Céu — a União com o TODO-EU Supremo. Céus, Terra e Infernos estão, todos, dentro da Roda da Existência, onde o Karma opera. 'Os que cultuam os deuses, vão para os Deuses, mas o que Me cultua, habitando em todos os seres, esse virá ter comigo, seja qual for a sua forma de existência' (Bhagavad-Gitã).
'Teu trabalho é só com a ação, nunca com os seus frutos. Portanto, não deixes que o fruto da ação seja o teu motivo, nem sejas ligado à inação' (ib.). 'Produze a ação, ficando em união com o Divino, renunciando a apegos, e equilibrando-te bem no sucesso como no fracasso' (ii, 47-48). 'Agindo sem apego, o homem alcança verdadeiramente o Supremo' (iii, 19).
'O Eu disciplinado, movendo-se entre os objetos dos sentidos, com os sentidos livres de atração como de repulsão, dominado pelo EU, dirige-se para a Paz' (ii, 64). 'A afeição e a aversão pelos objetos dos sentidos residem nos sentidos. Que homem algum se deixe dominar por esses dois sentimentos, porque eles são seus adversários' (iii, 34).
'O que quer que faças, o que quer que ofereças, o que quer que dês, o que quer que faças com austeridade, faze como uma oferenda a Mim' (ix, 27). Como isto nos faz lembrar as palavras de São Paulo: 'Se, portanto, comeres ou beberes, ou seja o que for que faças, faze tudo para a glória de Deus' (l Cor., x, 31).(...)
Nessas palavras inspiradas, a Voz do Mestre é ouvida, ensinando-nos o segredo da Ação e da Inação. E assim aprendemos quando as ações não têm força conectiva, e fugimos à teia Kármica para nos tornarmos 'unos com a Vida, embora sem viver'."
(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 40/41)
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