"O 'retorno' à vida terrena ocorre mais cedo para aqueles que criaram pouco karma psicológico e mais tardiamente para os mais espiritualizados, que precisam de tempo para assimilar todas as lições espirituais.
Também não é possível retornar à vida como um animal. Uma vez desenvolvida a autoconsciência, não podemos mais retroceder. Essa ideia surgiu de uma interpretação literal de figuras de linguagem, como era o caso de um índio norte-americano que falava em se tornar lobo, águia ou toupeira. Isso não queria dizer que ele se tornaria um desses animais, mas que seria tão esperto e dedicado à família quanto o lobo, com uma visão de alcance longo como a da águia, e tão próximo à terra quanto a toupeira, para sondar seus segredos. Seres humanos não podem voltar a ser animais, e animais não se transformam em seres humanos da noite para o dia, mas só após muito, muito tempo.
No entanto, mudanças psicológicas e físicas ocorrem o tempo todo. Nossos átomos estão constantemente transmigrando: sempre que acariciamos nossos animais de estimação, cheiramos uma rosa, ouvimos música ou pensamos num amigo, trocamos partículas de vida e força. Nossas almas também 'migram' continuamente de um estado de consciência para outro, do sono com sonhos para a percepção de vigília, do pensamento superficial para concentração profunda. E isso continua após a morte. Essas trocas podem ser benéficas ou danosas, dependendo da qualidade da energia. Sabendo disso, o sábio considera um dever pensar e viver tão gentilmente quanto possível.
Outra pergunta frequente é o que acontece àquilo que amamos e pelo qual trabalhamos. O que se perde quando morremos? A resposta é: nada. O conhecimento que obtemos e as habilidades que desenvolvemos permanecem no interlúdio pós-morte e desabrocham em vidas futuras com poder aumentado. Platão fez referência a isso ao dizer que todo conhecimento e sabedoria são memórias de existências prévias. À medida que essa sabedoria se desenvolve no presente, novas possibilidades são moldadas para expressar as características e necessidades de nossas condições internas e externas.
Shakespeare dizia a mesma coisa ao afirmar que um ator representa muitos papéis durante sua vida, identificando-se com eles. Assim como o ator sabe que está desempenhando papéis, nosso eu permanente também sabe, embora possa ser incapaz de transmitir esse conhecimento à 'máscara' ou personalidade temporária. (...)'
(Eloise Hart - Os mistérios da reencarnação - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 30)
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