"O amor tende a irradiar um senso de quietude, paz e tranquilidade que abre uma conexão energética entre as pessoas. A ira tende a fechar e a isolar o outro, porque o receptor tende a responder da mesma maneira, formando assim uma barreira. Em cada caso há uma forma de energia fluindo de uma pessoa para a outra, e esse impulso energético nos afeta independentemente de sugestões verbais ou não verbais.
Ser capaz de controlar e compreender esse fluxo energético é um desafio. Quanto mais emocionalmente envolvida está a pessoa, mais dificuldade ela tem de ser objetiva. Fortes apegos emocionais tendem a bloquear a experiência do presente, de modo que a interação é influenciada por imagens passadas e antecipações do futuro. Por exemplo, quando as pessoas conversam, a comunicação entre elas se torna menos eficaz se elas tentam ocultar seus sentimentos. A abertura entre elas é afetada por experiências prévias de desapontamento, falta de apoio ou de carinho. Cada intercâmbio entre pessoas traz experiências condicionadas, imagens e emoções que podem afetar o andamento da comunicação.
Ao lidar com energias dessa maneira, adotamos um ponto de vista chamado 'perspectiva energética'. Pressupõe-se que os pensamentos e as emoções estão não apenas contidos no indivíduo, mas são também irradiados para fora. Além disso, considera-se que cada indivíduo está inserido num campo energético que permeia o espaço e que se interconecta com os outros, afetando-os. Assim, fica claro que interagimos uns com os outros porque somos parte de um sistema total, dinâmico e interdependente.
Se uma pessoa compreende que está continuamente interagindo e afetando os outros, o que pode fazer para fomentar a saúde e o crescimento em si e no próximo? Antes de oferecer estratégias possíveis, descreveremos primeiramente o mecanismo por meio do qual efeitos negativos como a ira, o ressentimento, os preconceitos e as expectativas afetam a outra pessoa."
(Dora Kunz e Erik Peper - A ira e seus efeitos - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 33)
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