"A filosofia
vedanta ensina que, desde que reconheçamos a base essencial de tudo que vemos, desnecessário se torna qualquer outro
sadhana (disciplina). Se você tem um pote com um furo, jamais o encherá de água. Da mesma forma, se o pote de nossa mente tem alguns furos, na forma de desejos sensuais, todo trabalho que fizermos será inútil; nunca a plenificaremos com pensamentos sagrados. Somente quando já hão haja orifícios, suas tentativas serão eficazes e você poderá elevar-se ao Divino.
Rancor, orgulho e outras paixões reduzem o homem ao nível de um lunático e algumas vezes o degradam ao nível da besta. Portanto, é necessário que devamos reconhecer
vijnana,
prajnana e
sujnana⁶⁹, que latentes no homem, o dirigem, por canal apropriado, para assim atingir o estado mais alto da felicidade suprema. A causa de todos os problemas, confusões e desordens é o fato de que perdemos o domínio sobre nossa sensualidade. Permitimos que tudo ocorra de maneira selvagem. Por deixar liberados e descontrolados os sentidos, tornamo-nos incapazes de apropriadamente discernir, de pensar de forma fria, calma e racional. É assim que, muitas vezes, somos arrastados a ações errôneas. A ira é igual a um tóxico. Induz-nos internamente a fazer coisas erradas. Esta é a fonte de todos os pecados. É um imenso demônio. Ela nos conduz a cometer os demais pecados. No caso de
Viswamitra⁷⁰, sabemos que todo bem que adquiriu praticando
thapas⁷¹ foi anulado por este único mal - a ira. O mérito que acumulara mediante
thapas, que durara muitos anos, foi perdido num momento de ira."
⁶⁹
Vijnana, prajnana e sujnana - vi, praj e
su são três prefixos acrescentados à palavra
jnana (conhecimento), atribuindo a esta três graus diferentes, expressando três espécies de conhecimento. As diferenças são demasiadamente sutis para a mente ocidental, e explicá-las não caberia num simples rodapé. Podemos acrescentar que se trata de níveis diversos e progressivos, que transformam o simples conhecimento em sabedoria suprema unitiva.
⁷⁰ Um celebrado sábio, que, tendo nascido na
varna (casta) dos guerreiros, através de pesadas e prolongadas austeridades (
thapas), ascendeu à
varna dos mentores - os
brahmanas ou
brahmins.
⁷¹ Duras práticas ascéticas.
(
Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 179)
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