"(...) Uma miragem é uma ilusão de ótica que depende das condições atmosféricas. A visão de uma poça d'água pode ser criada pela luz passando através das camadas de ar quente, acima da superfície aquecida de uma estrada. Outras miragens mais elaboradas podem surgir como cidades ou florestas. Mas tudo o que são é ilusão.
Nós, que estamos na jornada em busca do Graal, podemos estar vendo apenas a ilusão dos postes de sinalização no caminho para o despertar espiritual. Maya é a palavra usada para descrever a realidade da forma como é vista através da nuvem de fumaça das nossas mentes, emoções e personalidades.
Nossa vida é vista através das condições que nós criamos. Assim como um pedaço de pau parece partido quando visto parcialmente na água, por causa da refração, nossa visão da realidade é distorcida por nossos condicionamentos. Quando buscamos o Graal, estamos no nível da mente. Por isso, ele é visto como algo separado - existe o buscador e aquilo que é buscado. Aquilo que buscamos permanecerá como uma ilusão, que retrocede assim que nos aproximamos.
Como disse Lao Tsé, 'moldamos a argila na forma de um pote, mas é o vazio interior que retém o que desejamos. Cortamos madeira para fazer uma casa, mas é o espaço interior que a torna habitável. Trabalhamos com o ser, mas o não-ser é o que usamos'.
Eckhart Tolle, no livro O Poder do Agora, diz que o Ser está em cada forma como sua essência mais íntima e indestrutível. É a nossa inabilidade para sentir essa conexão que dá origem à ilusão da separatividade. Não podemos tentar compreendê-la com a mente; só podemos 'pegá-la' quando a mente está quieta. Quando nossa atenção está totalmente no momento presente é possível sentir a conexão com o todo."
(Christine Lowe - A miragem do Graal - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 14)
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