OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 8 de maio de 2017

IMPERMANÊNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Talvez a razão mais profunda de termos medo da morte é que não sabemos quem somos. Acreditamos numa identidade pessoal única e separada, mas se ousarmos examiná-la, descobriremos que essa identidade depende inteiramente de uma série infindável de coisas que a sustentam: nosso nome, nossa 'biografia', nossos companheiros, família, lar, emprego, amigos, cartões de crédito... É nesse suporte provisório e frágil de apoiamos nossa segurança. Assim quando isso tudo nos é retirado, será que sabemos de fato quem somos?

Sem esses sustentáculos familiares, ficamos frente a frente conosco, alguém que não conhecemos, um estranho amedrontador com o qual estivemos convivendo todo o tempo mas com quem nunca desejamos realmente nos encontrar. Não é por isso que sempre tentamos preencher cada instante de tempo com barulho e atividade, ainda que sem graça e superficial, para nos assegurarmos de nunca ficar em silêncio frente àquele estranho que há em nós mesmos?

E isso não aponta para algo fundamentalmente trágico em nossa maneira de viver? Vivemos sob uma identidade presumida, um conto de fadas neurótico menos real que a Tartaruga Zombeteira de Alice no País das Maravilhas. Hipnotizados pela emoção de construir, de areia erguemos os castelos da nossa vida. Esse mundo pode parecer maravilhosamente convincente até que a morte destrói a ilusão e nos expulsa do nosso abrigo seguro. Que nos acontecerá então, se não temos nenhuma pista de uma realidade mais profunda?

Quando morremos deixamos tudo para trás, especialmente este corpo que sempre tratamos com tanto carinho, em que confiamos tão cegamente, e que com tanto empenho tentamos conservar vivo. Mas nossa mente não é mais confiável do que nosso corpo. Olhe só para sua mente por alguns minutos. Você verá que ela é como uma pulga, saltando sem cessar de um lugar para o outro. Verá que os pensamentos surgem sem razão nenhuma, desconexos. Levados de roldão pelo caos de cada instante, somos vítimas da incostância da nossa mente. Se esse é o único estado de consciência com que temos familiaridade, então confiar em nossa mente no instante da morte é uma aposta absurda."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 35/36)


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