"(...) O que é compartilhar? Será doar coisas de que não mais precisamos, a sobra da nossa fartura? Kahlil Gibran diz, no livro
O Profeta: 'Você doa apenas um pouco quando doa de suas posses. Quando doa de si mesmo é que você verdadeiramente doa. Pois o que são suas posses senão coisas que você mantém e guarda com medo de que possa precisar delas amanhã? E o que é o medo da necessidade senão a própria necessidade?'
Não podemos dar e partilhar nossa compreensão, e não podemos compreender os outros sem primeiramente compreendermos a nós mesmos. Podemos dar conhecimento aos outros, mas não sabedoria; o autoconhecimento é algo que devemos aprender de nós mesmos.
As revistas dão conselhos sobre como se tornar um amante melhor. É uma questão de amor ou de alguma outra coisa? Eu te amo enquanto você puder satisfazer minhas necessidades e puder me dar o que eu quero. Quando eu cansar de você procurarei um novo amor. Popularmente se pensa que ciúme é sinal de amor. Se amássemos mais o nosso parceiro, não exigiríamos direitos exclusivos, não encontraríamos dificuldades em conceder liberdade de pensamento e de ação. Usamos a palavra amor também em outras conexões, quando não é questão de amor, mas de algo mais. Esperamos que a outra pessoa satisfaça nossos desejos, e quando ela não o faz, ficamos cansados e dizemos que não mais a amamos. Pensamos também que é amor quando somos dependente um do outro.
Somos todos iguais. Todo mundo busca o amor. Queremos ser felizes e evitar o sofrimento. Mas se olho para a outra pessoa como sendo eu, então é mais fácil compreendê-la e amá-la. Quando eu me vejo no outro, então posso começar a sentir amor e compaixão. (...)'
(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)
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