"Krishnamurti afirmou o seguinte: 'Você cultivou a investigação com relação ao mundo externo, como a ciência investigando a natureza; você cultivou a pesquisa quanto aos problemas sociais para resolvê-los; mas você não cultivou a pesquisa para compreender a si próprio. Você é tão ignorante de si mesmo!'
No livro A Educação e o Significado da Vida, ele disse também: 'O homem ignorante não é o homem sem cultura, mas aquele que não conhece a si mesmo. E o homem culto é estúpido quando confia no seu conhecimento para obter compreensão.'
Ideias semelhantes foram ensinadas por Buda, Sócrates e vários outros. Nós os temos em alta estima; entretanto, damos ouvido a eles? Não. Por quê? Será que não estamos realmente convencidos da verdade do que eles dizem, mesmo após conhecermos todos os argumentos?
Logicamente, pode-se demonstrar o quanto o ego é destrutivo. Se escolhermos qualquer virtude, qualquer qualidade, e acrescentarmos a ela o ego, vejamos no que se torna. Escolhemos o amor, juntamos a ele o ego e temos apego, possessividade, ciúme, dependência. Escolhemos a humildade, juntamos a ela o ego e temos complexo de inferioridade, servilismo, humilhação. Escolhemos o poder e a habilidade de fazer as coisas, juntamos a eles o ego e teremos dominação e exploração. Escolhemos a sexualidade, juntamos a ela e ego e temos a pornografia.
O ego é a fonte de todos os problemas tanto em nossa vida pessoal quanto na sociedade, porque nós somos o mundo. Se compreendermos esse fato, o que quer que aconteça na sociedade passará a ser um reflexo do que acontece dentro de nós, em nossa consciência.
Será possível nos libertarmos desse processo egoico? Se ele for algo que a natureza criou em nós, como os rins ou os pulmões, não poderemos nos livrar dele, mas apenas lidar com ele. Mas se for algo que criamos a partir do nosso próprio pensamento, ou da maneira como abordamos a vida, então poderemos aprender a abordar a vida de outra maneira. (...)"
(P. Krishna - Novas maneiras de ver o mundo - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 6/7)
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