"Uma das grandes características de uma pessoa madura é a habilidade para discernir o verdadeiro valor da adversidade e do sofrimento - não apenas como um consolo agradável para aliviar a dor, mas como uma genuína acuidade de percepção sobre o papel incalculável que as vicissitudes desempenham no nosso crescimento.
Não foi apenas pela poesia que Shakespeare escreveu as imortais linhas: 'Doces são os usos da adversidade, que como o sapo, feio e venenoso, usa, no entanto, uma joia preciosa na cabeça.'
O homem experiente sabe como isso é verdadeiro e aprendeu a dar as boas-vindas à adversidade como a uma amiga, não uma inimiga.
Alguns leitores podem dizer: 'É fácil para você dizer isso. Se passasse por tudo o que eu passei, talvez você não estivesse tão disposto a chamar o infortúnio de amigo.'
Pode ser que sim. Existem poucas pessoas para quem o fardo de dificuldades pode parecer imoderadamente pesado. Mas lembremos de uma sábia observação de Sócrates, repetida por Heródoto e Montaigne, entre outros: 'Se tivéssemos todos que trazer nossos infortúnios para um armazém comum, de modo que cada pessoa pudesse receber uma parte igual na distribuição, a maioria ficaria feliz de pagar sua parte e ir-se embora.'
Os anos de experiência revelam que o infortúnio é uma sina comum a todos os homens e mulheres. Algumas pessoas, no entanto, parecem jamais ser perturbadas pelos revezes, não importa o quão terríveis pareçam. Elas ainda conseguem manter a placidez e a alegria genuínas, e confiantemente buscam uma carreira de sucesso. A maior parte das pessoas, no entanto, parece estar constantemente perturbada pelas adversidades passadas e presentes, como também se preocupa com os infortúnios que ainda não chegaram.
Quando a adversidade é vista simplesmente como um acontecimento doloroso e nada mais, então a pessoa não se elevou acima do ponto de vista estreito do indivíduo médio que reclama dos problemas e que é por eles amargurado. A superfície da Terra está cheia de pessoas assim - infelizes, aflitas, defensivas e desmoralizadas.
A pessoa que viu o verdadeiro valor da adversidade é aquela que praticamente se libertou da dor aguda e destrutiva trazida pelos acontecimentos ruins. Ela ainda sente a dor, mas a utiliza para vantagem própria, e não se deixa abater."
(Vicente Hao Chin Jr - Oportunidades para crescer - Revista Sophia, Ano 7, nº 26 - p. 32)
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