"(...) Tendo considerado, de uma forma geral, a mútua interação de todos os seres humanos, e como a única forma de servir a Deus é servir o Homem — o Filho de Deus — agora iremos considerar os seis Grupos.
1. Karma Conjugal. O marido e a mulher partilham, cada qual, do Karma do outro, mas isso se dá especialmente assim quando existe perfeita união entre marido e mulher, porque seus respectivos karmas podem mesclar-se, tanto mais se a união existiu em vidas passadas, como marido e mulher ou como amigos, e assim eles compartilham das alegrias e desgostos um do outro, sentindo da mesma maneira os interesses um do outro. Numa união espiritual do mais puro amor, o laço, uma vez feito, nunca mais é rompido, e duas almas assim ligadas serão trazidas de volta, vida após vida, embora não obrigatoriamente como marido e mulher. Podem voltar como amigos íntimos. Essa doutrina do Karma Conjugal deu nascimento, na Índia e em partes da China, ao 'sutee', a autoimolação de uma fiel viúva sobre a pira funeral do marido. Um triste costume, que felizmente está morrendo, porém que, não obstante, mostra uma alma de nobre elevação na mulher que o seguia e uma grande fé no encontro após a morte. É uma pena que essa nobre qualidade não pudesse ser transformada na paciência maior que o conhecimento do Karma deveria causar, e que a ensinaria a esperar o dia da morte, em vez de determiná-lo por si mesma. Não apenas no Oriente, mas também no Ocidente, tem acontecido com frequência que o sobrevivente perca todo o gosto pela vida, e a dor e o coração despedaçado abram uma sepultura depressa demais. Quantos suicídios têm resultado de um amor perdido! O conhecimento da Lei do Karma tende a abrandar esses males e a tornar a vida mais suportável, mostrando que o dia do reencontro é mais bem determinado pelo Karma, que atua pelo amor de Deus, e não por qualquer ato autossugerido, que, afinal, é egoístico. Existe grande número de pessoas cuja vida seria mais animada por um pouco de amor, e há espaço para o trabalho do enlutado. Assim é que eles podem adoçar sua perda, e mostrar que o amor por uma pessoa não obscurecia o amor pelo Senhor do Amor. (...)"
(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 31)
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