"O segredo do sucesso na prática da ioga depende em grande parte na habilidade do iogue de combinar com igual intensidade os dois processos da prática da ioga, ou seja, o exercício ou método, juntamente com a compreensão intelectual na consciência, para cuja realização a ioga é praticada. Por exemplo, a pessoa deve cantar o Aum ou qualquer outro mantra e simultaneamente manter na mente o significado da palavra. Até mesmo isto não é inteiramente suficiente, apesar de ser importante. A pessoa deveria também, mesmo se só na imaginação, conceber a experiência, cuja realização é o único propósito de Dhyana, seja com o cântico ou sem ele. Dhyana é o coração de toda a ioga já que ela implica e ocasiona a transferência de uma ideia para a experiência consciente, na forma de uma expansão de consciência.
Entoar o mantra com o único propósito de despertar a Kundalini com a atenção focalizada nos resultados e efeitos físicos do fogo ascendente, sem antes colocar em primeiro plano a ideia central implícita na palavra ioga, é executar só a metade do exercício, e desta forma fracassar inevitavelmente na consecução do pleno resultado.
A postura, o cântico e a vontade, com a determinação e mesmo a esperança de ocasionar as experiências corporais associadas com a Kundalini parcialmente ativa, são simplesmente ajutórios para a realização intelectual e supraintelectual de unidade. Realmente, tornar-se dissolvido no oceano sem margens da vida e da consciência do universo é o objetivo final.
Não devemos, no entanto, confundir o significado deste conselho, pois o despertar da Kundalini e as sensações corpóreas resultantes são importantes, valiosos, e até certo ponto essenciais. O que o aspirante deve lembrar é que as sensações corpóreas não são objetivos por si mesmos, mas somente meios para um fim. Seu valor é uma evidência de que suficiente fogo criativo foi levado ao cérebro e liberado no corpo para ajudar imensamente a mente a transcender as limitações corpóreas e mentais - especialmente a da separatividade - e entrar no estado em que tudo é conhecido como para sempre UM."
(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 72/73)
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