"(...) Uma pessoa se embriaga. Acaso poderá dizer: 'Meu karma é embriagar-me'? Essa pessoa embriaga-se devido a certas tendências que tem, por causa da presença de companheiros libertinos e graças a um ambiente onde a bebida é vendida. Suponhamos que essa pessoa deseja dominar esse hábito pernicioso. Ela conhece as três condições que a levaram à embriaguez. Pode dizer: 'Não sou forte o bastante para resistir às minhas tendências quando estou na presença da bebida e na companhia de libertinos. Não irei mais a lugares onde há bebidas, nem andarei mais com homens que me estimulem a beber.' Ela muda as condições, eliminando duas delas, embora não consiga eliminar imediatamente a terceira, e o novo resultado é que ela não se embriaga mais. Ela não estará 'interferindo em seu karma', mas confiando nele, e um amigo seu estará 'interferindo no karma dela' se a convencer a se manter distante de companheiros de farra. Não há ordem kármica para que um homem se embriague, o que existe é apenas a presença de certas condições em cujo meio ele certamente irá embriagar-se. Há, na verdade, uma outra forma de modificar essas condições: o desenvolvimento de uma vigorosa força de vontade. Isso também introduz uma condição nova, que modificará o resultado - por adição, e não por eliminação.
No único sentido em que um homem pode 'interferir' com as leis da natureza ele tem completa liberdade para fazer isso, tanto quanto quiser e puder. Ele pode inibir a gravidade através de um esforço muscular. Nesse sentido, ele pode interferir no karma tanto quanto quiser, e deve interferir quando os resultados forem contestáveis. Esta expressão, entretanto, não é feliz, sendo possível que seja mal compreendida. (...)"
(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 44/46)
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