"O ego comum ainda não está em condições de escolher um corpo para si mesmo. O lugar do seu nascimento é geralmente determinado por três fatores, ou, talvez fosse melhor dizer, pela ação combinada de três forças. Em primeiro lugar, a lei da evolução, que faz o ego nascer em condições que lhe darão a ocasião de desenvolver as qualidades de que mais necessita. A ação dessa força, contudo, é limitada pelo segundo fator, a lei do carma. O ego pode não ter merecido a primeira oportunidade, e ver-se, em vista disso, obrigado a tolerar a segunda ou mesmo a terceira. Pode ser até que não tenha merecido nenhuma grande oportunidade, de modo que o seu destino será uma vida tumultuosa de escasso adiantamento.
Entra em ação também um terceiro fator - a força dos laços pessoais de amor ou ódio que o ego possa ter formado anteriormente, e que modifica a ação da primeira e da segunda força, pois, graças a ela, o homem pode ser, às vezes, arrastado a uma posição, que não se pode dizer que tenha merecido, não fora o forte amor pessoal que devotou a alguém mais elevado do que ele na evolução.
Um certo homem que tenha trabalhado muito além do ordinário - e já tenha entrado no Caminho que conduz ao estado de adepto - pode exercer alguma opção no tocante ao país e à família do seu nascimento; mas um homem assim será o primeiro a pôr de lado, inteiramente, qualquer desejo próprio na matéria e a entregar-se, de forma absoluta, nas mãos da grande lei eterna, confiado em que tudo o que ele lhe trouxer será muito melhor para ele do que qualquer seleção que venha a fazer.
Os pais não podem escolher a alma que habitará o corpo a que darão vida, mas, vivendo de modo que ofereçam uma oportunidade iniciadamente boa para o progresso de um ego avançado, podem tornar mais do que provável a vinda, para eles, de um ego nessas condições."
(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 263)
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