"(...) Espaço, tempo e eu tornam-se todos ilusórios, aparentemente essas coisas constituem um triângulo de ilusão. Torna-se óbvio agora que, antes que possamos esperar compreender a natureza dessas ilusões, temos que buscar uma inteligência não afetada por elas, que possa, por assim dizer, abordar as extensões de nosso problema a partir de uma nova dimensão. A ciência oculta mostra-nos exatamente a existência desta possibilidade. À luz desta inteligência, que jaz incrustada em cada ser humano como um germe não desenvolvido, seu eu, como ele o conhece aqui embaixo, é apenas uma clausura de sombras, que ele busca manter e fortificar por todo meio psicológico em seu poder. Antes que possa compreender a natureza de tempo e espaço, em termos diferentes dos símbolos matemáticos, ele tem de preparar em si um estado de consciência que será capaz de captar impressões novas dos fenômenos que as constituem, e ler sua importância não afetada por modos prévios de as compreender.
Haverá de ser um estado de consciência no qual a faculdade de cognição esteja livre da servidão do apego às suas próprias percepções prévias, livre de qualquer ímpeto de uma inércia que imperceptivelmente a transporta sobre os limites de nova percepção direta, dependendo do contato entre sujeito e objeto de momento a momento. Terá de ser uma faculdade tão sutil que não aceite conexão entre ponto e ponto, no tempo ou no espaço, que ela não consiga perceber diretamente ou verificar por si mesma.
Uma percepção tão viçosa, penetrante e iluminada só é possível a uma consciência que tenha dissipado as trevas que envolvem a prisão de suas próprias limitações. Somente quando a natureza da limitante entidade pessoal é compreendida é que a faculdade de cognição, retirada de seus embaraços, estará suficientemente refinada ou suficientemente pura para compreender até mesmo o mais longínquo aspecto dessa relação eterna entre ser e não ser, que constitui a essência da manifestação."
(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 45/46)
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