"O Bom e o Mau Karma operam em um
ou em todos os Três Mundos da Existência.
1. O Mau Karma (Akusala-karma,
literalmente karma inábil) só é colhido em Kamaloka. Kamaloka é o Mundo dos
Sentidos, e consiste na vida sobre a Terra e na vida no Hades. Geralmente, na
Literatura Teosófica, essa palavra se limita ao 'Hades', ou Estado
entre a Terra e o Devachan; mas, metafisicamente falando, refere-se a todos os
Mundos ou Estados resultantes dos Desejos (Kama) e nos quais o Desejo é
expresso. Refere-se, também, aos Infernos (Narakas), ou regiões de purificação
(Pêtalas), que são os mais baixos subplanos do Mundo Astral. Na vasta maioria
dos casos, o mau Karma é esgotado em ambas essas partes do Kamaloka. Nas vidas
terrenas posteriores, ajustamos os males feitos ao nosso próximo e aprendemos
as lições nas quais falhamos, enquanto nos Narakas e Pâtalas esgotamos nossas
tendências passionais.
2. O Bom Karma (Kusala-karma,
literalmente, 'karma hábil') é trabalhado em todos os Três Mundos — o
dos Sentidos (Kamaloka), os Céus da Forma (Rupa-Loka) e os Céus Sem-Forma
(Arupa-Loka). Nesse caso, até onde se refere ao Kamaloka, isso acontecerá nos
níveis superiores, ou em seus subplanos, onde qualquer bem pode ser colhido, e
essas regiões correspondem ao Paraíso da terminologia cristã, aos Campos
Elísios da filosofia grega e ao Amenti da religião egípcia. Trata-se de um
estado de prazer destituído de espiritualidade, e pode reter a Alma por mais
tempo, adiando sua entrada no Devachan, ou Céu, mais ainda do que o fazem
Narakas e Pâtalas, por causa de certas satisfações que dá à personalidade.
Trata-se de uma espécie de pequeno céu, para aqueles que são simples e fazem o
bem visando apenas o próprio bem-estar.
Todas as nossas punições e todas
as nossas alegrias são feitas por nós mesmos e, segundo o grau de nossas
aspirações, assim iremos ascender. O Senhor Krishna disse que 'aqueles que
veneram os Deuses irão ter com os Deuses', mas 'os que me veneram,
virão ter Comigo'. 'Ao fim da vida, a Alma se vai sozinha para onde
apenas as nossas boas ações nos ajudam' (Fo-Sho-Hing-Tsan-King, v. 1560);
e no Mulamuli podemos ler: 'Quando uma pessoa faz o mal, acende fogo no
inferno e queima-se em seu próprio fogo.' E no Chhândogya Upanishad, iii,
xiv, l, há estas palavras definitivas: 'O Homem é uma criatura, de
Vontade. Conforme seja sua Vontade neste mundo, assim será quando tiver partido
desta vida.' Tudo isso mostra nosso grande poder — potencial ou real —
porque todos esses Estados de Céus e Infernos que existem, estão, também,
dentro de nós, e é construindo dentro de nós e na nossa natureza elementos
pertencentes a esses estados que nos tornamos semelhantes a eles. Ou antes, é o
fato de nos desembaraçarmos de todos aqueles Véus de Ignorância e Pecado, que
ocultam a Glória Interior. 'Eu próprio sou Céu e Inferno', canta
Omar Khayyam."
(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 25)
Nenhum comentário:
Postar um comentário