"A Lei é Justa, porque dá a cada
um precisamente o que é devido ao bem e ao mal. Ninguém sofre mais do que o que
mereceu. Ninguém gozará recompensas que não tenha conquistado e ninguém será
exaltado a expensas de outrem. A Lei é Justa, porque é a Lei, ou o Método de
Deus. Temos tendência para confundir nossa arbitrária noção de justiça com a
Justiça que é de Deus. Nossa justiça está, invariavelmente, mesclada a outras
qualidades, consciente ou inconscientemente; daí que 'Seus caminhos não
são os nossos caminhos, nem Seus pensamentos são os nossos pensamentos'.
Ainda não. Quando nossa maneira de ser e nossos pensamentos forem os Seus, teremos
alcançado a Meta, tornando-nos unos com Ele — 'perfeitos como nosso Pai
Celeste é perfeito' — que é o Grande Todo-Eu em cada coração. Pensamos que
estamos sofrendo injustamente, e achamos que, não fosse por esta ou aquela ação
de determinada pessoa, poderíamos ter evitado esse sofrimento. Realmente! Que
conhecimento temos nós de todos os trabalhos ocultos da Lei? Pensamos que um
bom Deus castiga pelo que não foi cometido? Podeis estar certos de que o braço
que nos golpeia é o nosso próprio braço, levantado contra nós mesmos; é o
resultado de alguma coisa que fizemos no passado. A escuridão que nos envolve é
uma neblina que nós mesmos criamos.
Sendo, como é, divinamente justa,
a Lei, por isso mesmo, é divinamente compassiva. Ela é Amor. Por isso, nunca
devemos temer não receber aquilo que merecemos. Além disso, as próprias aflições e dores da
vida tornarnam-se, através dessa Lei, outras tantas lições preparadas para
nosso bem, outras tantas misericordiosas purificações, outros tantos meios de
crescimento verdadeiro, porque é resistindo e dominando o mal que nos
purificamos, 'como que pelo fogo'. E quanto mais percebemos a verdade sobre o
Karma, mais capazes somos de suportar desgostos e dores. Não há dúvida sobre
isso. Quando aprendemos a lição do sofrimento, ele cessa, ou é transformado no
doce e voluntário sofrimento que aceitamos para bem de outros. A verdade é que
o Homem da Dor, Jesus, também foi o Senhor da Alegria, e o Buda Doloroso foi o
Feliz."
Embora essa Lei seja compassiva e
justa, encarada do baixo ponto de vista em que estamos, a grande verdade é que
não vem a ser uma coisa nem outra. Visto níveis superiores, o Karma é imparcial
e destituído de ideia de Justiça ou Misericórdia: ele é Verdadeiro. Porque não
é realmente a Lei que nos pune ou recompensa, mas nós próprios. Se não pusermos
o dedo no fogo, jamais ele nos queimará. Portanto, se nunca transgredirmos a
Lei, ela não nos pode ferir e, se a servirmos, ela nos auxilia. Ela é o
"Braço de Deus", e podemos ser erguidos por ele, ou cair,
ferindo-nos, se deixarmos de nos agarrar a ele."
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