Nem todo aquele que me diz 'Senhor, Senhor' entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? e em teu nome que expulsamos demônios? e em teu nome que fizemos muitas maravilhas?'
Então, eu lhes direi abertamente: 'Nunca vos conheci: apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.'
Estes versículos têm sido usados frequentemente para justificar certo tipo de religião humanística. Os humanistas interpretam a frase relativa a 'fazer a vontade do Pai' como uma ordem para que se façam boas obras no mundo exterior. Dizem eles 'Senhor, Senhor' para dar um toque de emoção ao trabalho, e vão em frente com seu serviço social. Servem-se de Deus como se fora um varredor para limpar o esgoto da sociedade humana.
Existe apenas um modo de cumprir a vontade de Deus, e este é, em primeiro lugar, conhecê-Lo. Até que alcancemos isso, jamais haveremos de saber qual a Sua vontade. Isso não quer dizer que devamos desistir dos trabalhos humanísticos. Se alguém estiver faminto, alimenta-o; se estiver doente, dá-lhe tratamento. Entretanto, é preciso que façamos isso, não como filantropia ou ajuda à humanidade, mas como serviço prestado a Deus e por amor a Deus.
Existe uma diferença fundamental entre a atitude de filantropia e a de servir a Deus. Descobrimos frequentemente entre os que se põem a servir a humanidade o surgimento do egoísmo. Contemplam o próprio trabalho e não demoram a exclamar: 'Sem mim, as coisas desandariam. Nada deve atravessar o caminho desta obra. O mundo precisa de mim.' O próximo passo é dizerem: 'Deus precisa de mim.' Quando estive pela primeira vez nos Estados Unidos, visitei uma escola dominical cujo professor escrevera no quadro negro: 'Deus precisa da tua ajuda.' Mais tarde, ouvi um ministro dizer: 'Sabemos todos que Deus não é onipotente. Precisamos ajudá-lo a aumentar o seu poder.' Trata-se exatamente do oposto ao que ensinou Jesus, o qual afirmou que Deus não precisa de nós: nós precisamos dele. Ensinou ele que os milagres feitos em nome dele não nos credenciarão a entrar no reino dos céus; obraremos 'iniquidades', a menos que submetamos nossos egos a Deus e deixemos que nossas vontades dissolvam na vontade dele. (...)"
(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 129/130)
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