O ego é o pensamento eu, mim e meu, mas o verdadeiro 'Eu' é o puro Ser. Se considerarmos o Ser como ego, então tornamo-nos egoístas. Se considerarmos o Ser como a mente, tornamo-nos a mente, se como o corpo, tornamo-nos o corpo. É o pensamento que constrói paredes ou invólucros de tão variadas maneiras. Os homens estão apegados aos seus animais de estimação, ao jardim ou quintal, à sua posição, mobília, filho ou filha, aos seus deuses, à sua religião, ao seu país, etc. A sua vida baseia-se tanto em apegos materiais como em apego ao dogma, crenças, ideias, etc. Uma pessoa pode ser letrada e culta, mas também lasciva, gananciosa e fútil. Onde existe verdadeiro conhecimento não existe apego. Se o conhecimento não ajudar o homem a tornar-se desapegado e livre, então é porque há algo errado com a sua interpretação ou compreensão.
O que é necessário ao desapego é compreender e aceitar o apego e aprender a ver e a perceber que no apego há dor, medo, inveja e ansiedade. É verdade que não se pode evitar que se formem impressões no cérebro e aí se acumule, porque o cérebro registra automaticamente. Temos padrões cerebrais de comportamento. Não precisamos ter o trabalho de fazer parar este registro automático de impressões no cérebro, mas devemos prestar atenção constante a esse processo de registro e aprender a ver as nossas próprias reações. O verdadeiro conhecimento não conhece apego; por exemplo, a identificação com o corpo e a mente é uma ilusão.
O corpo não é real. Cada partícula nele está em constante mutação. O mesmo de aplica à mente. Num momento está feliz para logo a seguir estar infeliz. É como um redemoinho de água sempre mudando. Então o homem compreende e realiza que o corpo e a mente são um conjunto de fenômenos mutáveis e deixa de se sentir apegado ou identificado com eles. Com o verdadeiro conhecimento o homem torna-se ativo no nível físico e não preguiçoso. No nível emocional deixa de sentir raiva, luxúria e ganância e, no nível mental, deixa de sentir orgulho e inveja. Torna-se desapegado, o que passa a ser a sua virtude essencial. Isso o ajuda a posicionar-se corretamente e não tanto a posicionar os outros corretamente."
(C.A. Shinde - Nos sábios não existe apego - Revista Theosophia, Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 16/17)
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