"(...) Podemos aprender com o trabalho dos pesquisadores que o universo é inteligente; a inteligência é parte do tecido da vida. As evidências nos cercam por todos os lados, nos vegetais, nos animais ou em qualquer aspecto orgânico do universo. Há, por exemplo, um equilíbrio surpreendente entre as forças de gravidade e de expansão; o menor distúrbio nesse belo equilíbrio faria o universo desaparecer no nada. O modo como os pássaros voam em perfeito uníssono, ou como as abelhas constroem paredes hexagonais, estão entre os incontáveis testemunhos da vasta mente da natureza e da inteligência do universo.
Infelizmente os seres humanos imaginam que as faculdades e os poderes que constituem a 'inteligência' existem apenas neles mesmos. Será essa visão de si próprio como o centro de todo o mérito a razão pela qual o homem tem um comportamento desastroso e irracional?
A maioria dos homens se vê no topo da criação. Textos como o Viveka Chudamani (Ed. Teosófica) e o Dhammapada afirmam que nascer como ser humano é um privilégio. Mas não porque o homem pode se tornar a criatura mais poderosa na Terra, e sim porque pode descobrir as limitações de sua mente e transcendê-las. Sua consciência pode se fundir com a consciência total e sua mente pode se tornar una com a vasta mente da natureza. Trabalhar nessa direção é inerente à verdadeira inteligência.
A inteligência deve assegurar que nosso modo de vida não crie obstrução à integração da mente individual com a universal. O corpo deve se tornar sensível e aberto às influências superiores. O tipo errado de alimento, a indulgência excessiva e todas as formas de estresse impedem que o corpo e o cérebro sejam receptivos. Os ressentimentos e a excitação das paixões, assim como uma atitude e um modo de vida egocêntricos, impedem que a inteligência desabroche.
O egoísmo é o verdadeiro problema, com todas as suas expressões. A humanidade precisa aprender a agir de forma altruísta. Este é o significado de quase todos os ensinamentos religiosos: as pessoas evoluídas estão livres do egoísmo e, portanto, são repositórios de sabedoria. A inteligência universal opera livremente através delas. A jornada rumo à inteligência e à sabedoria tem início quando o eu começa a se dissolver."
(Radha Burnier - O universo é inteligente - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 18/19)
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