"(...) O destino do homem, aqui na terra, é iniciar a relação de uma natureza, que é sua felicidade. Esta felicidade é compatível tanto com o gozo como com o sofrimento, porque gozo e sofrimento são atributos do ego periférico, ao passo que felicidade (ou infelicidade) estão no Eu central.
O que mais deve preocupar o homem não é gozo ou sofrimento, mas felicidade ou infelicidade. Feliz é todo o homem cuja consciência está em harmonia com a Consciência Cósmica, com a alma do Universo, com Deus. Gozo e sofrimento, como já dissemos, vêm das circunstâncias externas, que não obedecem ao homem - felicidade ou infelicidade vêm da sua substância interna, que obedecem ao homem.
Melhor um sofredor feliz do que um gozador infeliz. (...)
Há entre os sofredores três classes: 1. os revoltados, 2. os resignados, 3. os regenerados.
Os revoltados assumem atitude negativa em face do sofrimento, que, por isto, os leva à frustração.
Os resignados assumem atitude de estoicismo passivo, toleram em silêncio o inevitável - estes não se realizam nem se frustram pelo sofrimento, mas ficam num status quo, numa estagnação neutra.
Os regenerados assumem uma atitude positiva em face do sofrimento, servindo-se dele para sua purificação e maturação espiritual. Para estes, o sofrimento, embora doloroso, conduz à felicidade.
O sofrimento em si não pode perder nem redimir o homem - o homem é que se perde ou que se redime pela atitude que assumir em face do sofrimento.
Disse o Mestre aos discípulos de Emaús: 'Não devia o Cristo sofrer tudo isso para entrar em sua glória?'
O sofredor sensato compreende estas palavras e pode dizer: não devia eu então sofrer tudo isso para assim entrar na minha realização existencial?
É sabedoria evitar o que é evitável - e tolerar calmamente o que é inevitável."
(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 20/21)
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