"Apesar do crescente interesse pelo misticismo em todo o mundo, a genuína percepção mística continua a iludir muitos dos interessados no tema. Existem aqueles que parecem sempre prontos a acreditar em qualquer coisa que o último místico 'corporativo' tenha a lhe dizer. A palavra 'corporativo' é usada aqui propositadamente, já que o tema misticismo tornou-se agora uma indústria multimilionária. Outros tentam se iniciar prematuramente na vida interna só para se convencerem de que verdadeiramente tiveram uma experiência mística autêntica, e que tal evento capacitou-os a ensinar a outros. Em muitos casos, o que passa por ensinamento é basicamente um genuíno exercício de autopromoção e hedonismo.
Um olhar na etimologia da palavra pode ajudar a compreender a profundidade e o rigor intrínsecos ao verdadeiros misticismo. A palavra 'místico' é derivada do verbo grego muein, 'perto dos olhos ou dos lábios'. Os místicos genuínos de muitas eras e culturas atestam a veracidade dessa definição. No âmago do verdadeiro misticismo está uma experiência intraduzível, tão íntima e poderosa em seu significado profundo que silencia completamente a tagarelice interna e externa, que constitui a apreciada autoimportância da mente pessoal.
Em testemunhos capazes de alterar vidas, e que nos foram passados desde tempos imemoriais, os místicos afirmam, numa melodia de significado que é quase como uma oferenda cantada, que suas experiências vieram de fora dos confins da mente diária, de uma fonte na qual a totalidade e o significado são como duas chamas entretecidas e perenes. É algo que veio até eles, e não uma coisa que foi buscada por uma mente ignorante. (...)"
(Pedro Oliveira - Misticismo como experiência prática - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 13)
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