"O problema da mente e da segurança só pode ser abordado com a compreensão do processo de modificação da mente. A mente e suas modificações são o tema central do raja yoga. Isso é conhecido como 'controle da mente'. Mas o que é uma mente controlada? É uma mente flexível e sensível. Uma mente estreita, rígida, fechada, obviamente que não é uma mente controlada. Pode parecer paradoxal, mas uma mente controlada é na verdade uma mente livre. Enquanto a mente tiver seus próprios comprometimentos e embaraços, ela não é livre. São esses comprometimentos e embaraços que a tornam incontrolável. Uma mente controlada não pode ter quaisquer interesses. Ela é um instrumento perfeito, um canal sem mácula.
Existem dois pré-requisitos para um canal efetivo - ele não deve ter vazamentos e deve ser totalmente vazio. Como disse o grande filósofo chinês Lao Tzé, a utilidade de uma porta está no espaço vazio. De modo semelhante, a utilidade de um canal está na sua vacuidade, Patañjali diz, nos Yogas Sutras, que o yoga é o cessar das ondas de pensamentos na mente (vide livro A Ciência do Yoga. I. K. Taimni, Ed. Teosófica). Somente quanto a mente está aquietada é que nela se pode ver um claro reflexo do ser. Só a mente quieta pode ser uma mente verdadeiramente controlada. Somente na quietude da mente é que o sussurro da alma pode ser ouvido. O autoconhecimento não é possível sem a quietude. É aqui que a ciência da meditação vem em nosso auxílio.
De acordo com Patañjali e outras autoridades do yoga, a meditação é a condição onde cessa todo o movimento da mente. A meditação é um processo composto, com diferentes graus de percepção. O autoconhecimento é a percepção de nós mesmos no nível mais profundo. Uma vez que a meditação nos ajuda a chegar ao autoconhecimento, ela é um processo de aprofundamento da percepção. Os livros hindus sobre yoga mencionam quatro estados de consciência - os estados de crescente percepção: vigília, sonho, sono profundo e o estado transcendental.
É óbvio que a mente deve chegar primeiro ao estado de vigília, que é o estado de percepção com escolha. Ali a mente explora todas as escolhas referentes a uma situação. Quando ela não consegue mais perceber escolhas e alternativas, chega ao estado de sonho, que pode ser descrito como percepção sem escolha. (...)"
(Rohit Mehta - Yoga prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 8)
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