"Para
saber o que é espiritual, deve existir o espiritual dentro de si mesmo. A vida
espiritual, portanto, não consiste em fazer várias coisas, mas em provocar uma
transformação interior, um determinado estado interior. A pessoa vem a saber o
que é tal estado por entender a si mesma o que significa observar o que está
passando em seu interior. Através da observação, ela precisa purificar sua
própria natureza de tudo aquilo que pertence à vida material ou mundana, vê-la
como realmente é e rejeitá-la.
A
vida mundana não consiste de contato físico ou mental com coisas materiais. A
matéria está em toda parte e não é possível escapar dela. Essencialmente,
portanto, a vida mundana não é meramente contato com a matéria, mas uma atitude
de posse. Há uma grande diferença entre o relacionamento que temos com os
objetos, as pessoas, as idéias, quando há uma ânsia de posse e quando não há.
De fato, um relacionamento possessivo não é um relacionamento verdadeiro
porque, visto que a mente possessiva é incapaz de perceber o verdadeiro
significado, o valor intrínseco de uma coisa se perde de vista quando o que
conta é a utilidade para si mesmo. Portanto, a ganância por adquirir e possuir
deve ser inteiramente erradicada, se nós estivermos dispostos a fazer a jornada
desde o mundano para o espiritual. A mente precisa aprender a não se apegar que
a objetos concretos, quer a objetos mentais ou espirituais, e a renúncia à
posse deve ser total – interna e externa.
A
vida material ou mundana também assume a forma de uma imposição ou vontade de
uma pessoa sobre os outros. Envolve o sentimento de que as próprias idéias e
interesses devem prevalecer se que as circunstâncias, as pessoas e as coisas
devem ser tanto submetidas quanto feitas em conformidade com elas. (...)"
(Radha
Burnier - Não há outro caminho a seguir - Ed. Teosófica, Brasília - p. 16/17)
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