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A luz do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for bom, todo o teu corpo estará cheio de luz.
Se, porém, o teu olho estiver doente, todo o teu corpo será cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!
Para que fixemos nossos corações no eterno e renunciemos aos objetos efêmeros do mundo, nossos olhos têm de ser 'singulares'. Não precisamos correr atrás deste ou daquele objeto, mas devemos nos concentrar com devoção unidirecionada em Deus. Para a obtenção da iluminação, diz o Gita:
'A vontade volta-se sozinha para o único ideal. Quando falta ao homem este discernimento, sua vontade vaga em todas as direções, atrás de inúmeros objetivos.'
Quando faltar ao homem o discernimento espiritual, 'todo o seu corpo ficará nas trevas'. Ele continua a viver na ignorância, e o Eu verdadeiro, a luz divina dentro dele, permanece escondido. A concentração da mente no ideal escolhido de Deus é a chave para revelar essa luz divina.
Essa concentração, pois, purifica o que entra na consciência através dos sentidos. 'A luz do corpo é o olho', diz o Cristo, comparando o olho a uma janela pela qual penetra o mundo exterior. Através dos cinco sentidos captamos impressões, e a soma total dessas impressões compõe o nosso caráter. Se vemos o bem, absorvemos o bem; se vemos o mal, absorvemos o mal. Como reza uma prece védica: 'Possamos, com nossos ouvidos, ouvir o que é bom. Possamos, com nossos olhos, enxergar a tua justiça.' Ao olharmos, é necessário que aprendamos a enxergar Deus, o Espírito que envolve tudo - e não a aparência e a forma das coisas. Desse modo, em vez de nos desviar do nosso ideal, cada objeto do universo torna-se uma ajuda na percepção de Deus.
E assim a luz de Deus cai sobre nós até que, finalmente, nosso 'corpo todo fique cheio de luz'. (...)"
(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, - p. 110/111)
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