"Na escola de pensamento Mahãyãna do budismo setentrional, o caminho da virtude era identificado com a verdadeira sabedoria, bem como com a ação de autossacrifício; foi concebido como sendo marcado por sete portais, cada um dos quais exigia determinado tipo de desenvolvimento, representando um aspecto da perfeição humana e tendo suas raízes em uma natureza incorrupta e incorruptível presente no âmago de cada ser humano. A chave para o primeiro portal, conforme é explicado na obra A Voz do Silêncio, de H. P. Blavatsky, é Dãna, uma palavra sânscrita, traduzida por ela como 'caridade e amor imortal'. Literalmente a palavra significa doação, mas é uma doação sem reservas, com o coração e também com as mãos. A menos que a viagem seja realizado a partir de uma motivação pura de altruísmo, do desejo de devotar-se à felicidade e à iluminação de cada ser humano e ao bem de cada criatura viva, não poderá ser empreendida de forma alguma. O coração e a mente da pessoa precisam primeiramente sintonizar-se com o coração e a mente de todos os seres vivos.
O segundo portal representa Shila - todos eles com nomes em sânscrito ou pali - geralmente compreendido como o viver limpo e reto em todos os aspectos da vida e conduta da pessoa. H.P.B. o traduz como 'harmonia em ato e palavra', visto que a harmonia no interior da pessoa, inseparável do viver correto,manifesta-se como harmonia em ato e palavra.
O terceiro portal significa Kshanti, que ela descreve como 'doce paciência que nada pode perturbar'. O significado dicionarizado comum da palavra inclui tolerância e perdão.
As próximas duas virtudes são Vairãgya ou imparcialidade e Virya ou energia. H.P.B. traduz Vairãgya como 'indiferença ao prazer e à dor, conquista sobre a ilusão, percepção somente da verdade', e Virya como a 'energia intrépida que vence seu caminho para a verdade suprema'. Não é o tipo de energia que pertence às coisas da matéria, mas a energia da vida ou Espírito que surge de um estado puro incondicionado, e que, portanto, pode manifestar o ardor ou paixão máximos e mesmo assim permanecer desapegada, não se envolvendo nas coisas por entre as quais se movimenta.
Os dois últimos portais designados, Dhyãna, significando contemplação ou estado meditativo, e Prajnã, compreensão perfeita, realmente são condições de existência em que podem estar presentes as qualidades de qualquer uma ou de todas as virtudes. (...)"
(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 41/42)
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