"Esse tema é especialmente pertinente
às condições existentes em toda parte atualmente. Podemos ver quanto do
problema, entre nação e nação, raça e raça, comunitário, social e pessoal,
deve-se à nossa incapacidade de tratar o ponto de vista do outro de forma
justa. E, frequentemente, quando nos tornamos perceptivos do problema,
tratamo-lo com pouca cortesia ou o sujeitamos ao ressentimento e ao desdém.
(...)
Devemos lembrar, também, que nosso
próprio ponto de vista não é necessariamente certo. Pode ter raízes no
preconceito. Nossa razão, que estamos prontos a afirmar que é infalível,
normalmente se move sobre a superfície escorregadia de nossos gostos e
aversões, mesmo se evita a ladeira da paixão precipitada. Quando dizemos: ‘Este
é o meu ponto de vista’, não dissemos
a última palavra em sua justificação. Podemos estar meramente assumindo posição
no topo da presunção do qual não desejamos ser desalojados, porque, talvez, nos
permita desfrutar um senso de superioridade solitária. Nossa inflexibilidade
pode de fato não surgir da presunção, mas pode estar baseada num princípio que
buscamos defender; isso não assegura que veremos as coisas numa perspectiva
correta ou em seu aspecto próprio; vemos os outros através de uma névoa de
preconceito, que tem origem em nossas peculiaridades de temperamento, nossa
formação ou circunstâncias.
Mesmo que nosso princípio esteja
certo, a aplicação pode estar errada. O modo como aplicamos o princípio num
determinado conjunto de circunstâncias é tanto um teste de retidão quanto o próprio
princípio em abstração. É muito raro encontrar uma pessoa que tenha uma visão
tão clara que veja cada coisa como ela é, em sua própria objetividade divina."
(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed.
Teosófica, Brasília/DF - p. 12/13)
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