"Ainda que o sofrimento seja um fenômeno universal na natureza dos seres vivos, a fim de promover a sua evolução, contudo, no mundo da humanidade, existe um sofrimento diferente, que é antes doentio do que sadio. O homem não sofre apenas para promover sua evolução natural, sofre também, e sobretudo, porque existe nele algo que não devia existir, algo creado pelo livre-arbítrio, que pode produzir fenômenos positivos e bons, e pode também produzir fenômenos negativos e maus.
Na humanidade atual, prevalecem os fenômenos menos negativos e maus. Não vivemos numa humanidade definitiva e ideal, vivemos ainda numa humanidade provisória e imperfeita. Os grandes videntes do passado têm falado e escrito sobre esta humanidade negativa, que deu origem ao sofrimento doentio.
Cerca de seis séculos antes da Era Cristã, um famoso príncipe hindu, Gautama Siddartha - mais conhecido pelo seu nome iniciático Buda -, resumiu esse fenômeno negativo nas chamadas 'quatro verdades nobres'. Estas verdades dizem o seguinte:
1 - a vida do homem é essencialmente sofrimento,
2 - a causa deste sofrimento é a ilusão tradicional em que vive o homem identificando-se com o seu ego periférico (Aham),
3 - a abolição do sofrimento doentio está no conhecimento da verdade sobre o seu Eu central (Atmam),
4 - o método para passar da ilusão do ego à verdade do Eu é a meditação.
Cerca de mil anos antes de Buda, por volta de 1500 antes de Cristo, um grande vidente hebreu-egípcio, Moisés, escreveu as primeiras páginas do Gênesis sobre a origem e o motivo do sofrimento humano.
Segundo Moisés, o corpo do homem perfeito seria imortal e não sujeito a doenças. Mas este homem perfeito não existia ainda, a não ser esporadicamente. O grosso da humanidade atual representa ainda a velha humanidade, cheia de males e sujeita à morte. (...)"
(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 22/23)
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